FONTE: Cintia Baio, Colaboração para o UOL (noticias.uol.com.br).
Quem convive com idosos, já percebeu
que, à medida que vão ficando mais velhos, eles exalam um odor bastante
característico (e não, necessariamente, ruim). Embora esse cheiro seja
reconhecido em muitas culturas, médicos e pesquisadores ainda não conseguiram
explicar exatamente quais são suas causas.
Até agora, o que os cientistas sabem
é que, de maneira geral, os odores corporais humanos são produto de uma
interação complexa entre as glândulas da pele, secreções e atividades
bacterianas que sofrem mudanças ao longo do tempo.
No caso dos idosos, o cheiro pode ser
produto de um mix de alterações químicas, desaceleração do metabolismo,
ingestão de medicamentos constante e estilo de vida.
Alterações químicas.
Em 2000, um grupo de pesquisadores
japoneses descobriu que a concentração de uma substância química chamada
2-nonenal (encontrada no suor e na pele) aumenta à medida que envelhecemos.
Curiosamente, o 2-nonenal também está presente na cerveja.
Os cientistas analisaram o teor da
substância na camisa de 22 pessoas, entre 26 e 75 anos. Nos indivíduos com mais
de 40 anos, a concentração de 2-nonenal no tecido era duas vezes maior do que
no dos mais jovens. Nos mais velhos, a concentração triplicava.
Uma das explicações é que o aumento
do 2-nonenal vem da decomposição de ácidos graxos e ômega-7, substâncias que
estão mais presentes em nossa pele quando envelhecemos. Agora, o motivo desse
aumento ainda é uma dúvida para os cientistas.
O que eles especulam é que esse
crescimento pode estar relacionado às mudanças do metabolismo ou de alterações
na quantidade de algum outro produto químico nas secreções da pele.
Medicamento e
metabolismo.
O uso constante de medicamentos e as
alterações no metabolismo também podem ser explicações, de acordo com o
geriatra Clineu Almada Filho, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"Algumas doenças crônicas, como
a insuficiência renal, faz com que o indivíduo exale um cheiro característico
por conta do excesso de amônia no corpo, por exemplo. Em muitos casos, não é
preciso nem desenvolver uma doença. O próprio processo de envelhecimento faz
com que os órgãos operem com reserva funcional, causando muitas mudanças no
metabolismo", diz o geriatra.
E qual é o
propósito?
Outra grande questão que ainda não
tem resposta é se essa mudança no odor dos mais velhos teria algum propósito.
Uma pesquisa divulgada por um centro de estudos americano dedicado a estudar
cheiros, mostrou que o odor dos idosos é facilmente detectado e é o menos desagradável.
Durante a pesquisa, os cientistas
pediram que diferentes voluntários dormissem com uma camiseta por cinco noites
consecutivas. Os 44 voluntários foram divididos em três grupos: jovens (entre
20 e 30 anos), meia-idade (45 e 55 anos) e idosos (entre 75 e 95 anos).
Ao final da quinta noite, outros
voluntários foram convidados para identificar, através do cheiro, quais
camisetas pertenciam a qual grupo e quais odores eram mais intensos e
desagradáveis. Além de detectarem o odor do grupo idosos, o cheiro desse grupo
foi considerado o menos intenso e menos desagradável do que o de pessoas jovens
e de meia-idade.
Os cientistas acreditam que, além dos
humanos, algumas espécies de animais também conseguem dizer a diferença entre
indivíduos mais jovens e mais velhos pelo cheiro, como macacos, veados e ratos.
Uma possível explicação para o
cheiro, tanto no caso dos animais quanto dos humanos, é que indivíduos mais
velhos teriam uma "vantagem genética" que lhes permitiu sobreviver
por mais tempo e que o odor seria uma "propaganda" para essa
qualidade genética. Mas até agora, pura especulação.
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