FONTE: Do UOL, em São Paulo, (noticias.uol.com.br).
Pesquisa divulgada
na quinta-feira (8) pela Fundação Seade, órgão do governo de São Paulo para análise de dados, traz um perfil dos casos de
suicídio no Estado entre 2013 e 2014: a maioria envolve homens (80%), entre 15
e 64 anos (72,3%).
A causa da morte
costuma ser, principalmente, por enforcamento, relacionado a transtornos metais
ou desilusões. Os óbitos acontecem mais aos domingos e às segundas e nos meses
de calor.
De acordo com o
boletim SP Demográfico, com dados de certidões de óbitos de cartórios dos
municípios paulistas, a taxa de suicídio no Estado passou de 4,3 mortes por 100
mil habitantes entre 2001 e 2002 para 4,6 em 2007 e 2008. Entre 2013 e 2014,
chegou a 5,6. Essa taxa é levemente menor do que a média nacional, de 5,8 mortes
por 100 mil habitantes.
Marília e de
Ribeirão Preto registram taxas superiores a 7,5 óbitos por 100 mil habitantes. Já a região metropolitana, Santos, São José dos Campos e
Registro têm as menores taxas, com índices inferiores a 5,5 óbitos por 100 mil
habitantes.
No ranking de
mortalidade por causas externas do Estado, suicídio aparece em terceiro lugar,
atrás de acidentes de transporte e agressões.
No Brasil, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina detêm os maiores índices de suicídio com índices
superiores a 10 por 100 mil habitantes. Países como Lituânia, Belarus, Rússia,
Cazaquistão, Hungria, Japão e Coreia do Sul registram taxas acima de 20 óbitos
por 100 mil habitantes.
Homem x mulheres.
As taxas de suicídio
entre os homens atingem o ápice de 14 por 100 mil na faixa dos 20 e 39 anos --
com queda a partir de 40 anos e ligeiro aumento no grupo com mais de 65 anos.
Entre as mulheres, o
padrão é bem diferente. Os suicídios se concentram principalmente no grupo de
45 a 49 anos, com 4 suicídios por 100 mil habitantes, com redução nas faixas
etárias seguintes, inclusive entre as idosas (2 casos por 100 mil).
Segundo a Seade, essa
variação entre homens e mulheres estaria relacionada a menor
dependência de álcool, maior religiosidade e percepção mais precoce de sinais
de risco para depressão e doença mental. As mulheres também tendem a
buscar ajuda com maior frequência em momentos de crise e de participarem mais
ativamente de redes de apoio social --essa tendência não é só brasileira, mas
mundial.
Ao mesmo tempo, os
homens costumam ser mais induzidos a comportamentos competitivos e impulsivos,
sofrem mais pressão em momentos de instabilidades econômicas e têm mais acesso
a armas.
Causas.
Mais de 66% dos
suicídios entre os homens e de 43% entre as mulheres aconteceu por
sufocação/enforcamento. Em 10% dos casos masculinos, houve disparo de armas de
fogo. Em 5%, houve envenenamento ou queda.
Entre as mulheres,
envenenamento, queda e intoxicações por drogas lícitas e ilícitas giram em torno
de 10%.
A pesquisa indicou
que na maioria dos casos de São Paulo houve algum relato, por parte de
testemunha, de que a vítima sofria de depressão, esquizofrenia,
estresse ou desilusão. Muitas vezes a morte aconteceu acompanhada de
consumo de drogas (lícitas ou ilícitas) e álcool.
Clima influencia.
As taxas de suicídio
variam conforme os meses, os dias da semana ou as horas do dia.
Domingos (16%) e
segundas-feiras (16%) concentram mais casos que os outros dias da semana, que
ficam com percentuais em torno de 13% ou 14% cada um.
Os suicídios também
são mais frequentes entre as 9 às 12 horas da manhã, variando entre 3,5% e 4%
no período, ante 2,5% e 3% nos demais horários.
Houve ainda uma concentração
de casos nos meses mais quentes. Embora as estações do ano no Estado
não sejam tão bem definidas quanto em países de clima temperado, esse
comportamento é semelhante ao relatado em estudos europeus e americanos, que
registram aumento da mortalidade nos períodos mais quentes do ano,
principalmente no início da primavera.
Não há consenso sobre
os motivos que levam a esse padrão, mas algumas hipóteses: nos meses mais
quentes a vida social tornar-se mais intensa, o que geraria um estresse em
pessoas com quadro de depressão, e exposição a luz solar influencia na
serotonina, neurotransmissor que age em comportamentos e emoções como humor,
impulsividade e agressividade.
Segundo a Fundação
Seade, além do aumento nos suicídios, também houve em São Paulo uma adequação
na classificação das mortes por causas externas. No ranking de mortalidade do
Estado, suicídio aparece em terceiro lugar, atrás de acidentes de transporte e
agressões.
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