sexta-feira, 9 de setembro de 2016

SEXO, CLIMA E DIA DA SEMANA INFLUENCIAM: O QUE DIZ O DADO DE SUICÍDIO EM SP...

FONTE: Do UOL, em São Paulo, (noticias.uol.com.br).


Pesquisa divulgada na quinta-feira (8) pela Fundação Seade, órgão do governo de São Paulo para análise de dados, traz um perfil dos casos de suicídio no Estado entre 2013 e 2014: a maioria envolve homens (80%), entre 15 e 64 anos (72,3%).

A causa da morte costuma ser, principalmente, por enforcamento, relacionado a transtornos metais ou desilusões. Os óbitos acontecem mais aos domingos e às segundas e nos meses de calor.

De acordo com o boletim SP Demográfico, com dados de certidões de óbitos de cartórios dos municípios paulistas, a taxa de suicídio no Estado passou de 4,3 mortes por 100 mil habitantes entre 2001 e 2002 para 4,6 em 2007 e 2008. Entre 2013 e 2014, chegou a 5,6. Essa taxa é levemente menor do que a média nacional, de 5,8 mortes por 100 mil habitantes.

Marília e de Ribeirão Preto registram taxas superiores a 7,5 óbitos por 100 mil habitantes. Já a região metropolitana, Santos, São José dos Campos e Registro têm as menores taxas, com índices inferiores a 5,5 óbitos por 100 mil habitantes.

No ranking de mortalidade por causas externas do Estado, suicídio aparece em terceiro lugar, atrás de acidentes de transporte e agressões.

No Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina detêm os maiores índices de suicídio com índices superiores a 10 por 100 mil habitantes. Países como Lituânia, Belarus, Rússia, Cazaquistão, Hungria, Japão e Coreia do Sul registram taxas acima de 20 óbitos por 100 mil habitantes.

Homem x mulheres.

As taxas de suicídio entre os homens atingem o ápice de 14 por 100 mil na faixa dos 20 e 39 anos -- com queda a partir de 40 anos e ligeiro aumento no grupo com mais de 65 anos.

Entre as mulheres, o padrão é bem diferente. Os suicídios se concentram principalmente no grupo de 45 a 49 anos, com 4 suicídios por 100 mil habitantes, com redução nas faixas etárias seguintes, inclusive entre as idosas (2 casos por 100 mil).

Segundo a Seade, essa variação entre homens e mulheres estaria relacionada a menor dependência de álcool, maior religiosidade e percepção mais precoce de sinais de risco para depressão e doença mental. As mulheres também tendem a buscar ajuda com maior frequência em momentos de crise e de participarem mais ativamente de redes de apoio social --essa tendência não é só brasileira, mas mundial.

Ao mesmo tempo, os homens costumam ser mais induzidos a comportamentos competitivos e impulsivos, sofrem mais pressão em momentos de instabilidades econômicas e têm mais acesso a armas.

Causas.

Mais de 66% dos suicídios entre os homens e de 43% entre as mulheres aconteceu por sufocação/enforcamento. Em 10% dos casos masculinos, houve disparo de armas de fogo. Em 5%, houve envenenamento ou queda.

Entre as mulheres, envenenamento, queda e intoxicações por drogas lícitas e ilícitas giram em torno de 10%.

A pesquisa indicou que na maioria dos casos de São Paulo houve algum relato, por parte de testemunha, de que a vítima sofria de depressão, esquizofrenia, estresse ou desilusão. Muitas vezes a morte aconteceu acompanhada de consumo de drogas (lícitas ou ilícitas) e álcool.

Clima influencia.

As taxas de suicídio variam conforme os meses, os dias da semana ou as horas do dia.

Domingos (16%) e segundas-feiras (16%) concentram mais casos que os outros dias da semana, que ficam com percentuais em torno de 13% ou 14% cada um.

Os suicídios também são mais frequentes entre as 9 às 12 horas da manhã, variando entre 3,5% e 4% no período, ante 2,5% e 3% nos demais horários.

Houve ainda uma concentração de casos nos meses mais quentes. Embora as estações do ano no Estado não sejam tão bem definidas quanto em países de clima temperado, esse comportamento é semelhante ao relatado em estudos europeus e americanos, que registram aumento da mortalidade nos períodos mais quentes do ano, principalmente no início da primavera.

Não há consenso sobre os motivos que levam a esse padrão, mas algumas hipóteses: nos meses mais quentes a vida social tornar-se mais intensa, o que geraria um estresse em pessoas com quadro de depressão, e exposição a luz solar influencia na serotonina, neurotransmissor que age em comportamentos e emoções como humor, impulsividade e agressividade.


Segundo a Fundação Seade, além do aumento nos suicídios, também houve em São Paulo uma adequação na classificação das mortes por causas externas. No ranking de mortalidade do Estado, suicídio aparece em terceiro lugar, atrás de acidentes de transporte e agressões. 

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