segunda-feira, 1 de maio de 2017

CIÚME EXTREMO DEVE SER TRATADO COMO DOENÇA; VEJA HISTÓRIAS DE QUEM SUPEROU...

FONTE: Thais Carvalho Diniz, Do UOL (http://estilo.uol.com.br).


Diferentemente do ciúme comum, que faz parte de relacionamentos saudáveis, o sentimento excessivo pode se tornar patológico e destruir a vida do casal. Em casos normais, ele aparece em forma de ansiedade e insegurança --mas nada fora do comum. Entretanto, uma pessoa doente tem baixa autoestima e não consegue estabelecer relação de confiança porque, entre outros motivos, acredita que ninguém pode querer amá-la verdadeiramente.

Para se sentir no controle da situação, o processo doentio começa com a fiscalização pesada. “É uma ilusão de controle. Colocam rastreador no celular, no carro.... E quando não pode com esses recursos, liga desesperadamente porque quer saber o tempo todo onde e com quem o parceiro está. No final, essa pessoa esquece da própria vida em função do outro, que se sente sufocado e pode abandonar tudo”, afirma a terapeuta Arlete Gavranic, do Isexp (Instituto Brasileiro de Sexologia e Medicina Psicossomática).

A psicoterapeuta Iracema Teixeira fala que esse tipo de comportamento é comum entre homens e mulheres, mas que, culturalmente, eles não se sentem à vontade para admitir um grande amor e, por isso, sabe-se menos de casos masculinos. “As características são semelhantes ao vício em drogas e álcool, por exemplo. O quadro obsessivo traz sintomas de abstinência quando há qualquer distância física --ou mesmo emocional--, como insônia e taquicardia”.

Segundo as especialistas, o primeiro passo é reconhecer a patologia e, em seguida, procurar ajuda. Existem grupos anônimos e a própria terapia pode ajudar. “São situações extremadas e muito delicadas. O parceiro de um ciumento excessivo precisa ajudar e não reforçar o comportamento. Muitas vezes, eles se sentem sufocados, mas em outras, confundem com cuidado e amor”, explica Iracema.

A seguir, conheça as histórias de Lisa* e Isabel*, que reconheceram os sintomas e procuraram ajuda. Elas tiveram gatilhos diferentes para se tornarem ciumentas patológicas. A primeira, por conta da baixa autoestima, criou situações fictícias, enquanto a segunda teve uma referência real --uma traição--, que minou a confiabilidade.

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade das entrevistadas.

Lisa, 33 anos, solteira.

"Estive num relacionamento destrutivo por alguns anos. Por causa do meu ciúme obsessivo, fui rejeitada. Meu parceiro não suportava mais uma mulher como eu, obcecada, e passou a não atender mais as minhas necessidades: a falta de afeto e amor.

Entrei num processo doentio de achar que ele podia ter outra pessoa, criei coisas na minha cabeça...
Com toda essa desconfiança, perdi o controle de mim mesma e invadi a privacidade dele. Eu ligava compulsivamente tentando controlá-lo, saber onde e com quem estava. O medo de perdê-lo era enorme e, com isso, o afastei cada vez mais.

Busquei ajuda no Grupo Mada-RJ (Mulheres que Amam Demais Anônimas do Rio de Janeiro) quando finalmente consegui admitir que era impotente diante daquela relação e que minha vida tinha se tornado ingovernável.

Mudei os padrões destrutivos de me relacionar e, assim, consegui melhorar minha autoestima e amor próprio. Me livrei da culpa, da raiva e do ressentimento num processo de crescimento. Minha recuperação, hoje, é uma nova maneira de viver."

Isabel, 42 anos, casada há 18.

"Meu relacionamento passou por um momento difícil quando, há cerca de cinco anos, descobri que ele estava me traindo. Nunca tinha passado por uma situação de infidelidade, mas penso que tinha uma relação de confiança cega.

Eu pensava que meu casamento era perfeito.

Somos empresários e meu status pessoal sempre teve muita importância. Quando me dei conta, descobri as diversas amantes --colegas de trabalho, garotas de programa e pessoas que ele conhecia na rua. Desmoronei afetivamente e entrei num processo de ciúme patológico.

Continuei meu casamento, queria reconstrui-lo, mas tudo tinha um potencial sádico. Demorei mais de dois anos para entender que eu estava doente, pois era mais fácil acusar e humilhar meu parceiro --que verdadeiramente se redimiu e tentava salvar a relação. Procuramos a terapia juntos, fizemos alguns meses, mas percebemos que precisávamos de acompanhamento individual.

Hoje, depois de três anos de tratamento, ainda tenho sequelas de inconformidade, mas temos uma convivência mais saudável, verdadeira e menos destrutiva.


Estou recuperando minha autoestima, me sentindo bonita, desejada.... Não posso dizer que parei 100% com meu ciúme, mas retomei o autocontrole e me sinto mais à vontade para perguntar de forma espontânea --e não policialesca-- sobre o dia do meu marido."

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