FONTE: Da Redação, TRIBUNA DA BAHIA.
Alterações ambientais, doenças respiratórias e uso
indiscriminado de medicamentos são os maiores gatilhos.
No frio
é comum o olho coçar, arder e parecer que está raspando a cada piscada. De
acordo com o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, algumas doenças oculares
chegam a triplicar nesta época do ano acompanhando, a estimativa da
OMS (Organização Mundial da Saúde) de aumento das doenças respiratórias
como gripe, resfriado, asma, rinite e sinusite .
O
oftalmologista afirma que as doenças visuais relacionadas ao frio são a
conjuntivite viral, síndrome do olho seco, alergia, piora do ceratocone (doença
na córnea) e até o desenvolvimento de doenças mais graves como o glaucoma e a
catarata por causa do uso indiscriminado de medicamentos.
Conjuntivite pode sinalizar dengue, zika e H1N1.
O
médico explica que no frio a maior proliferação de vírus no ar faz com que as
aglomerações em ambientes fechados representem o risco número um para a saúde
dos olhos.
Isso
porque, facilitam a transmissão da conjuntivite viral. A doença, explica, é
uma inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a face interna
das pálpebras e a esclera, parte branca do olho.
Pode
acontecer em qualquer idade e tem como principal veículo as mãos, o
compartilhamento de equipamentos eletrônicos e objetos pessoas. Os maiores
grupos de risco são os idosos que têm o campo imunológico frágil e as crianças
que estão com a imunidade em desenvolvimento e acabam contaminando toda a
família .
Os
sintomas são: pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de
areia nos olhos, lacrimejamento, secreção transparente e fotofobia (aversão à
luz).
A dica
do médico para diminuir o desconforto visual é usar óculos escuros nas
atividades externas. Quando a alteração ocular é acompanhada por febre, manchas
na pele, dor periocular, nos músculos e articulações pode sinalizar dengue,
zika ou H1N1. Neste caso, ressalta, deve receber tratamento
multidisciplinar, mas o desconforto nos olhos faz muitas pessoas encontrarem a
porta de entrada para os cuidados com a saúde no oftalmologista.
Tratamento.
Queiroz
Neto afirma que o tratamento é feito com compressas geladas, lubrificação
intensa e colírios anti-inflamatórios que só devem ser usados com indicação e
supervisão médica.
Isso
porque, o vírus pode formar membranas na conjuntiva que exigem terapia com
corticóide e até aplicação de laser para remover opacidades que reduzem a
acuidade visual.
Prevenção.
As
principais dicas do oftalmologista para prevenir a conjuntivite viral são:
lavar as mãos com frequência, evitar locais mal arejados, não levar as mãos aos
olhos, nem compartilhar colírio, maquiagem, teclados, fronhas e toalhas.
Síndrome do olho seco.
Coceira
nos olhos, vermelhidão, visão borrada que melhora com o
piscar, aversão à luz e desconforto após ver TV, ler ou usar o
computador são as queixas de 2 em cada 10 pessoas que consultam os
oftalmologista durante o frio.
Segundo
Queiroz Neto estes são os sintomas da síndrome do olho seco, uma alteração na
qualidade ou quantidade da lágrima que nessa época dobra por causa da baixa
umidade e aumento da poluição. A disfunção também pode ser desencadeada pela
climatização dos ambientes, vida digital intensa e uso de lentes de contato.
O filme
lacrimal, ressalta, tem a função de proteger, limpar, oxigenar e
umedecer a superfície do olho. Isso garante a manutenção
da transparência da córnea, essencial à boa visão.
Tratamento.
Queiroz
Neto afirma que para aliviar o olho seco é indicado instilar lágrima
artificial. "Existem várias formulações desse tipo de colírio. Por isso,
também deve ter indicação e acompanhamento médico" afirma. Algumas
pessoas. comenta, desenvolvem sensibilidade ao conservante e o colírio deve ser
substituído por outro sem conservante.
Em
outras a deficiência de lágrima é tão severa que é necessário implantar um
plugue no canal lacrimal para manter a lagrima na superfície ocular.
Prevenção.
Entre
os cuidados preventivos do olho seco, destaca:
Evitar
ambientes climatizados sempre que possível.
Piscar
voluntariamente quando estiver usando computador e outras tecnologias.
Proteger
os olhos do vento, poeira, fumaça e cosméticos
Incluir
na alimentação fontes de vitamina A encontrada na cenoura e mamão, frutas
cítricas que são ricas em vitamina C e os alimentos que contêm ômega 3 como a
sardinha, bacalhau, semente de linhaça e nozes.
Alergias afetam a visão.
O
oftalmologista ressalta que no mundo todo as doenças alérgicas não param de
crescer. No Brasil não é diferente. Há 10 anos as alergias atingiam 20% da
população. Hoje, de acordo com a Asbai (Sociedade
Brasileira de Alergia e Imunopatologia) atingem 30% das pessoas.
A
previsão da OMS é de que até 2050 metade da população tenha algum tipo de
alergia. Segundo Queiroz Neto, estudos mostram que 6 em cada 10 alérgicos
manifestam a doença nos olhos. Isso porque, no frio diminuição da
lágrima faz o sistema imunológico de uma pessoa alérgica entender que é necessário
produzir mais anticorpos para proteger os olhos das agressões externas. Isso
desencadeia conjuntivite alérgica que tem como sintomas intensa coceira nos
olhos,vermelhidão, inchaço das pálpebras e fotofobia.
Riscos da automedicação.
Em
alguns casos a coceira nos olhos é tão intensa que muitas pessoas compram um
colírio com corticóide anteriormente receitado.
O
médico afirma que de todos as classes de medicamento existentes no mercado o
corticóide é o mais efetivo para aliviar um processo alérgico. O problema é que
o medicamento só deve ser usado com supervisão médica. Isso porque se for
interrompido repentinamente provoca efeito rebote.
Significa
que a coceira volta mais intensa e o uso prolongado de corticóide causa
catarata e glaucoma. O único tratamento para catarata é a cirurgia
que substitui o cristalino do olho por uma pente intraocular. O uso
indiscriminado de medicamentos está entre as principais causas da catarata
precoce.
O
glaucoma lentamente rouba a visão periférica e é a maior causa de cegueira
irreversível por só ser percebido em estágio avançadp e o
tratamento cccontínuo com colírios não ser feito corretamente.
Alergia recorrente e ceratocone.
A
alergia ocular recorrente no frio pode evoluir para o ceratocone. Segundo o
oftalmologista a doença é caracterizada pelo afinamento da córnea
que toma o formato de um cone e responde por 70% dos transplantes no Brasil.
Atinge cerca de 100 mil brasileiros e geralmente aparece na adolescência.
Os
sintomas são idênticos aos do astigmatismo, com a diferença que a troca de
óculos é bem mais frequente. O médico afirma que hoje é possível ter o
diagnóstico precoce da doença. Isso porque a tomografia que examinava a face
frontal da córnea foi substituída pela tomografia que examina as duas faces. "O
diagnóstico logo no início aumenta a chance de manter a integridade do olho,
afirma.
Tratamentos para evitar transplante de córnea.
O
especialista diz que a evolução de terapias para o ceratocone hoje permite
evitar o transplante.
Uma
dela, ressalta, é o crosslink, único tratamento capaz de interromper a
progressão da doença.. "Consiste no aumento da resistência das fibras de
colágeno da córnea em até 3 vezes, através da aplicação de vitamina B2
(riboflavina), associada à radiação ultravioleta". afirma.
Para
passar pelo procedimento, ressalta, a córnea precisa ter a espessura mínima de
400 micras. Quando é mais fina, a alternativa para melhorar a visão e a
adaptação à lente de contato é o enxerto de anel intracorneano que aplana a
curvatura.
Nos
casos de ceratocone avançado que não podem ser submetidos ao crosslink , uma
alternativa de tratamento é o implante de anel intraestromal que achata a
córnea e por isso melhora a correção visual.
Outra
alternativa que diminuiu a indicação de transplantes é
a lente de contato escleral que se apoia na esclera, invés de se apoiar na
borda da córnea. "Esta lente também evita o retransplante em quem já
passou pelo enxerto de córnea e permanecem com alto grau de astigmatismo.
Muitos pacientes afirmam que não sentem esta lente nos
olhos", conclui.
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