FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Para a entidade, a situação é explicada pela falta
de estrutura para atendimento da demanda e o número insuficiente de médicos
qualificados para o procedimento.
Apenas
20% das 92,5 mil mulheres que fizeram a cirurgia de mastectomia para tratamento
do câncer de mama, entre os anos de 2008 e 2015, passaram pelo procedimento de
reconstrução mamária. O levantamento é da Sociedade Brasileira de Mastologia
(SBM) a partir de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DataSUS). Para a entidade, a situação é explicada pela falta de
estrutura para atendimento da demanda e o número insuficiente de médicos
qualificados para o procedimento.
O presidente
da SBM, Antônio Luiz Frasson, destaca que algumas estruturas optam por fazer a
reconstrução mamária em momentos separados, possibilitando que a fila para
tratamento do câncer ande mais rápido. “A estrutura é limitada e isso faz com
que em alguns hospitais se priorize o atendimento do câncer e se postergue a
reconstituição. Se em um dia eu tenho 10 horas de sala de cirurgia, eu posso
operar quatro ou cinco pacientes com câncer de mama. Mas, se eu tiver que
reconstituir, eu posso operar duas”, explicou o médico mastologista.
Outro
aspecto destacado por ele é o treinamento de profissionais. “Como o sistema
reembolsa pouco e como são cirurgias muito trabalhosas, não são muitos os
profissionais que estão dispostos a trabalhar com uma baixa remuneração e alta
complexidade”, explicou Frasson. Ele apontou que a SBM tem atuado para
capacitar mais profissionais a fazer a reconstrução e conscientizar sobre a
importância dessa atuação. Segundo ele, ainda não há um levantamento sobre os
mastologistas já estão capacitados ou que contam com equipe para a
reconstrução.
De
acordo com a entidade, pelo menos 74 mil mulheres estão mutiladas pela
mastectomia no país, mas com condições clínicas de fazer a cirurgia. “Menos de
10% dos casos são tão graves que a gente quer apressar o tratamento oncológico
com radioterapia, quimioterapia e, por esse motivo, deixa de fazer”, explicou
Frasson. Ele acrescenta que a mutilação traz consequências importantes para a
autoestima e sociabilidade da mulher. “É a falta de sensação de integridade
física”, apontou.
SUS.
O
Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que o procedimento é oferecido
de forma gratuita em qualquer unidade de saúde especializada no atendimento ao
câncer de mama no país. Informa ainda que, em 2017, o número de cirurgias de
reconstrução mamária cresceu 76,9% em relação a 2010, quando foram realizados
1.909 procedimentos. Os investimentos federais, por sua vez, passaram de R$ 2,4
milhões para R$ 9,5 milhões no período.
O
ministério questiona ainda o estudo da SBM, considerando que o “banco de dados
do governo federal dispõe apenas de informação sobre procedimentos, o que não
quer dizer, necessariamente, pessoas”. E reforça que, no âmbito do SUS,
observa-se o crescimento do número de reconstruções mamárias.
Ainda
de acordo com a pasta, essa cirurgia deve ser feita no mesmo ato cirúrgico de
retirada da mama, segundo a Lei nº 12.802, de 24 de abril de 2013, mas que cabe
à equipe médica avaliar se é possível fazer os dois procedimentos seguidamente.
“A decisão é tomada com base em diversos fatores como, por exemplo, condição da
área afetada para evitar infecção ou rejeição da prótese, condição clínica e
vontade da própria paciente”, diz a nota.
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