FONTE: Denise de Almeida, Do UOL (http://estilo.uol.com.br).
Embora o Brasil seja referência em depilação
feminina nas áreas íntimas – o que levou, há alguns anos, a popularizar o termo
brazilian wax nos Estados Unidos para designar a conhecida
"virilha cavada", uma brasileira tem feito o procedimento contrário
na terra do Tio Sam. Alessandra Juliano, dermatologista e tricologista, acaba
de realizar um implante de pelos pubianos na Califórnia.
Em entrevista ao UOL, a
especialista contou que a técnica, que pode custar até US$ 10 mil, é procurada
principalmente por mulheres de origem asiática ou italiana, na fase
pós-menopausa. Segundo ela, na cultura desses países ostentar pelos pubianos é
um dos sinais de beleza e jovialidade. Então, como os pelos vão rareando com o
passar dos anos, muitas recorrem ao implante capilar na região pubiana.
"Infelizmente, por ser uma área íntima, é
muito difícil quantificar o número de transplantes pubianos feitos atualmente
no mundo. Muitos deles nem são reportados", revela. A médica conta que
muitas mulheres transgênero também adotam o procedimento, após a cirurgia de redesignação.
Como funciona a técnica?
Alessandra explica que tudo é feito com anestesia
local e não há necessidade de um centro cirúrgico, já que é um procedimento
subcutâneo. É bem parecido com o implante capilar chamado popularmente de
"fio a fio".
A equipe médica seleciona pelos de outra parte do
corpo, geralmente cabelos, e implanta fio por fio na área desejada. No
procedimento feito recentemente por Alessandra em uma senhora asiática de 62
anos, foram retirados cabelos da parte de trás do couro cabeludo, em uma
técnica chamada FUE, que em inglês significa "unidade de extração
folicular". Tudo feito com auxílio de lupas.
Tudo é tão pequeno que a lâmina usada para os
cortes tem diâmetro de 0.8 milímetro. "Pensa em uma lapiseira 0.8. Com
ela, a gente remove cabelo por cabelo da região de trás do couro cabeludo. Nos
homens, a gente pode tirar cabelos também da região da barba ou das axilas,
apesar da cirurgia ficar um pouco mais complicada, nesses casos", explica.
Como os cabelos geralmente têm diâmetro um pouco
menor do que os pelos pubianos, os especialistas transportam as unidades
foliculares como em grupos. "O resultado final fica bastante natural, uma
vez que a técnica é muito delicada", garante Alessandra.
Ela conta que os cabelos da parte posterior são
escolhidos justamente por não sofrerem ação de hormônios durante o
envelhecimento. "Esses cabelos vão ficar lá para sempre, vão crescer para
sempre", afirma.
"A questão é que o cabelo da região pubiana
tem uma velocidade de crescimento diferente do cabelo no couro cabeludo. Então,
às vezes, você vai ter que aparar o pelo com uma frequência maior, porque eles
crescem bastante", alerta a especialista.
Seis horas de cirurgia.
Como é muito artesanal, essa cirurgia é bastante
trabalhosa e requer uma equipe maior para realiza-la. A tricologista conta que
o procedimento que realizou durou seis horas e teve cinco profissionais
envolvidos.
"A gente tira fio por fio, depois trata fio
por fio sobre microscopia e depois implanta fio por fio. Então estamos falando,
para cada cirurgia, de em torno de 1.500 unidades foliculares. O que
representa, em média, cinco mil movimentos. É por isso que a gente precisa de
uma equipe bem treinada para fazer o procedimento", explica.
Segundo a médica, o mais difícil deste tipo transplante
é esse trabalho artesanal. O procedimento requer ainda atenção às
particularidades da região pubiana. "Tem que seguir a anatomia da
distribuição dos pelos pubianos, para ficar bastante natural. Geralmente, a
região pubiana tem a pele um pouco mais elástica, mais maleável. Durante a
implantação isso dificulta um pouquinho mais do que quando se faz transplante
na região do couro cabeludo", conta Alessandra.
Depois de todo o processo realizado, a paciente
ainda deverá ter cuidados especiais no pós-operatório. Além de manter tudo
muito limpo e trocar os curativos diariamente, são necessários cinco dias sem
usar roupas íntimas após a cirurgia. "Requer realmente um cuidado
especial. O maior risco de não sucesso do procedimento é realmente uma infecção
pós-operatória, já que é uma região bastante colonizada com bactérias",
orienta a médica.
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