FONTE: Do UOL, em São Paulo, (http://noticias.uol.com.br).
Um estudo feito pela
Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia mostra que mulheres grávidas que
contraem o vírus da dengue sofrem maior risco de perder o bebê. De acordo com
os resultados da pesquisa, divulgados na quinta-feira (21) na revista "The
Lancet", ter dengue durante a gestação quase dobra a probabilidade
de perder o feto ou o bebê morrer no parto. Já a dengue severa
aumenta em cinco vezes as chances de morte do feto.
Até então, entre as
arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos como o Aedes aegypti),
apenas a zika era considerada letal para bebês ainda na barriga da
mãe.
A nova pesquisa
indica a existência de uma nova forma de letalidade da dengue. A doença era
considerada letal apenas quando atingia sua forma hemorrágica, que agrava o
quadro do infectado e pode causar a morte.
"Este achado é
importante tanto para a formação de políticas públicas quanto para protocolos
de assistência em unidade de saúde", diz Enny Paixão, pesquisadora da
Fiocruz e da London School of Hygiene & Tropical Medicine, em Londres, e
autora principal do estudo.
Para Paixão, mulheres
grávidas devem passar a ser consideradas população de risco em áreas endêmicas
de dengue, necessitando de monitoramento. "Os efeitos da dengue
ocorreram principalmente no momento agudo da doença, ressaltando a importância
da assistência adequada para evitar o óbito fetal", afirma.
Para chegarem à nova
conclusão, os pesquisadores cruzaram dados públicos de mais de 162 mil
natimortos (nome dado à morte do feto acima de 500g dentro do útero ou durante
o parto) e 1,5 milhão de nascidos vivos obtidos entre dezembro de 2012 e
janeiro de 2016. Desse conjunto, 275 natimortos e 1.507 nascidos vivos tinham
sido expostos a dengue.
A análise indicou
que, entre todos os nascimentos registrados no período, a taxa de natimortos
foi de 11 por 1.000 nascidos vivos. Já quando considerado apenas a amostra das
mães infectadas por dengue, a taxa de incidência foi de 15 por 1.000.
Este é o primeiro
estudo realizado em larga escala a demonstrar a associação entre a dengue e a
morte de fetos, segundo a Fiocruz. Apenas um estudo anterior, com uma pequena
amostra de um hospital, indicou a relação entre a infecção e natimorto.
Pesquisadores não sabem
como dengue causa mortes de bebês.
Os pesquisadores
ainda não possuem uma explicação para como a dengue causaria o nascimento de
natimortos. Contudo, existem algumas hipóteses. Uma delas é que os sintomas da
dengue afetariam diretamente o feto. Mudanças na placenta causadas pela doença
e a ação do próprio vírus sobre o bebê também são possíveis explicações para o
fenômeno.
De acordo com a
pesquisadora Fiocruz, a epidemia de anomalias congênitas associadas à zika
ocorrida em 2015 fez com que a investigação científica se voltasse para os
efeitos das infecções virais durante a gestação.
"O papel das
infecções virais como precursor de efeitos adversos na gestação ainda é pouco
conhecido e pesquisas nesta área precisam ser conduzidas e aceleradas",
diz Paixão.
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