FONTE:, (http://leiamais.ba).
Cerca
de 1% da população global sofre com o transtorno neurológico.
Muitos tabus e
preconceitos ainda rondam a vida dos portadores de epilepsia. Por isso,
entidades internacionais realizam diversas ações em prol do Dia
Nacional e Latino Americano da Epilepsia, dia 9 de setembro.
A data,
simbólica, é uma maneira de chamar a atenção da população para a importância da
disseminação de informação e conscientização sobre a epilepsia, socialmente
ainda muito estigmatizada, o que impede, muitas vezes, de o paciente
procurar tratamento adequado com um especialista e manter uma boa
qualidade de vida.
O neurocirurgião
Luiz Daniel Cetl, especialista em epilepsia e membro do Departamento de
Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), separou 7
informações importantes sobre este transtorno neurológico.
Antes,
veja o vídeo sobre a epilepsia.
1. A epilepsia não é uma doença mental - A epilepsia é um transtorno neurológico, não sendo uma doença mental ou transmissível.
Trata-se de uma
disfunção do cérebro que ocasiona descargas elétricas anormais e excessivas dos
neurônios, que interrompem temporariamente sua função habitual e produzem
manifestações involuntárias no comportamento, no controle muscular, na
consciência e/ou na sensibilidade do indivíduo.
2. As
causas - Muitas vezes, a causa
da epilepsia é desconhecida, mas pode ter origem após ferimentos sofridos na
cabeça, recentes ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas,
tumores e outras doenças neurológicas também podem ser gatilhos para o
aparecimento da doença.
3. Nem
toda convulsão é uma crise da epilepsia - A crise epiléptica convulsiva pode ser um dos aspectos da
epilepsia. Apesar de comumente ser associada à uma crise epiléptica, é
importante saber que nem toda a convulsão é sintoma ou uma crise da epilepsia.
Para uma crise convulsiva
ser classificada como sintoma de epilepsia, é preciso que o indivíduo tenha
apresentado, no mínimo, duas ou mais crises convulsivas no período de 12 meses,
sem apresentar febre, ingestão de álcool, intoxicação por drogas ou
abstinência, durante as mesmas.
Além disso, não
é porque uma pessoa tem epilepsia que, necessariamente, suas crises serão do
tipo convulsiva.
4. Os
tipos de epilepsia - As
epilepsias podem ser focais, conhecidas como parciais, quando atingem apenas
uma parte da área cerebral; ou generalizadas, quando atingem todo o cérebro. As
características das crises vão depender da origem das descargas elétricas no
cérebro.
Cada crise pode
ocasionar um sintoma ao paciente. Quando são parciais simples, temos sintomas
apenas no quesito motor, visual ou de mal-estar, sem afetar a consciência.
Entretanto, as parciais complexas, além de acometer o controle motor ou visual,
há também alguma alteração na consciência, mas não sua total perda. Por último,
existe ainda a crise generalizada que, além do acometimento do controle motor,
também ocorre a perda de consciência.
5. Como
é o diagnóstico - Este
transtorno neurológico pode ser diagnosticado clinicamente. Faz-se a anamnese e
exames físicos, ou ainda exames como eletroencefalograma (EEG) e de neuroimagem.
O paciente com epilepsia para receber seu diagnóstico pode procurar,
inicialmente, um neurologista que, dependendo do caso, poderá encaminhá-lo para
um neurocirurgião especialista em epilepsia.
6. Como
é o tratamento - O tratamento
base para o controle das crises e sintomas da epilepsia é medicamentoso. No
entanto, nem todos casos recebem respostas positivas, o que pode sugerir a
indicação da realização de um procedimento cirúrgico.
São três
os principais tipos de cirurgia
Ressectiva: indicada para casos em que se sabe o foco cerebral das
descargas que ocasionam uma crise da epilepsia e remove-se por completo a zona
de início ictal (local do ataque súbito), visando o controle completo das
crises convulsivas;
Desconectiva: quando a origem da descarga é de apenas um lado,
consegue-se a separação entre os dois hemisférios, para que as descargas não
passem de um lado para o outro;
Neuromodulação
– estimulação do nervo vago: um
implante cerebral de um estimulador ligado por um marca-passo, localizado na
região da clavícula, envia impulsos elétricos ininterruptos através de um
eletrodo posicionado no nervo vago. Estes sinais são replicados para o cérebro,
interferindo na frequência das crises epiléticas.
7. Com
as crises controladas, o paciente pode ter uma vida normal - A epilepsia ainda gera muito impacto social e
psicológico na vida de seu portador. Muitas vezes, o preconceito e a
desinformação são mais limitantes do que o próprio transtorno neurológico, pois
gera insegurança, desconforto e medo no paciente, que se sente vulnerável em
não poder controlar suas crises voluntariamente.
A epilepsia não
é incapacitante e, com tratamento e acompanhamento correto, não impede ninguém
de levar uma vida normal. É possível incluir em seu dia a dia atividades
sociais e laborativas. Como exemplo disso, vários nomes da literatura, arte,
cinema, ciência e música se destacaram em suas atividades, como Alfred Nobel,
Isaac Newton, Fiódor Dostoiévski e Machado de Assis.
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