FONTE:,(http://leiamais.ba).
Sintomas afetam mais
mulheres, segundo pesquisa brasileira.
No Brasil, 65% da população
relata ter, pelo menos, um sintoma urinário, como urgência ou necessidade de
fazer força para urinar, aumento da frequência ou acordar durante o sono para
ir ao banheiro.
Foi o que mostrou uma pesquisa da
Astellas Farma Brasil, chamada Brasil LUTS (sigla em inglês para Sintomas do
Trato Urinário Inferior), apresentada nesta semana no Congresso Brasileiro
de Urologia.
Considerado o primeiro estudo
populacional epidemiológico brasileiro, a pesquisa ouviu, por telefone,
5.184 pessoas, com 40 anos de idade ou mais, em cinco capitais do País (Belém,
Goiânia, Porto Alegre, Recife e São Paulo). A idade é fator determinante, visto
que os sintomas começam a se tornar mais importantes a partir dessa idade.
Os participantes foram escolhidos
de maneira aleatória, ou seja, podiam ou não apresentar algum sintoma. Para
definir os dados, os pesquisadores levaram em conta sintomas relevantes e que
alertavam para um quadro médico.
A prevalência dos sintomas foi
maior em mulheres (68,1%), e os problemas mais comuns, no geral, são bexiga
hiperativa, incontinência urinária e hiperplasia benigna da próstata. Cristiano
Gomes, urologista do Hospital das Clínicas que participou da pesquisa, explica
que a bexiga hiperativa é caracterizada pela urgência e frequência para urinar.
Quanto à incontinência, a mais
comum é por esforço, que ocorre quando se espirra, tosse ou carrega muito peso.
Já a hiperplasia é o aumento da próstata - não relacionado ao câncer do órgão
-, que pode comprimir a uretra e impedir a saída da urina.
Todos esses problemas afetam
significativamente a qualidade de vidas das pessoas. Segundo a pesquisa, quase
metade, entre homens e mulheres, diz que se sentiria ‘descontente’, ‘ruim’ ou
‘péssimo’ se permanecesse com os sintomas urinários pelo resto da vida.
“Limitações ou interrupções das
atividades físicas, a pessoa pode se afastar da intimidade com o parceiro e
queda de autoestima”, cita Gomes quanto aos impactos negativos. No dia a dia, a
pessoa deixa de tomar muito líquido e tem de fazer um mapeamento dos banheiros
por onde passa. Para as mulheres, carregar uma peça íntima extra pode se tornar
um hábito.
Acordar à noite para ir ao
banheiro mais de duas vezes à noite para ir ao banheiro também foi um sintoma
prevalente em ambos os gêneros. "Estudos mostram que acordar duas vezes ou
mais afeta a qualidade do sono e compromete a capacidade de recuperação das
pessoas", diz Gomes.
A incontinência urinária ocorre
pelo enfraquecimento do esfíncter, estrutura muscular que controla o fechamento
da uretra. Há fatores genéticos para que o problema se manifeste, mas nas
mulheres, em quem a prevalência é maior, a realização e quantidade de partos
vaginais podem contribuir também. Nos homens, a ocorrência se dá como uma
complicação de uma cirurgia de próstata, por exemplo.
Busca por tratamento.
Na pesquisa da Astellas, apenas
30,6% dos homens e 36,8% das mulheres afirmaram ter buscado tratamento. A alta
taxa de quem não busca auxílio médico pode ser explicada, segundo a experiência
clínica dos médicos, pela crença de que o problema é natural do envelhecimento.
Segundo a pesquisa, a procura
ocorre quando a pessoa é mais velha (a partir dos 60 anos), e mais por
mulheres.
Porém, algumas pessoas podem se
adaptar aos sintomas e conviver bem com eles sem sentir a necessidade de consultar
um especialista.
“Os sintomas tendem a piorar, mas
não é em todos os casos e não necessariamente precisarão de tratamento. [A
gente] só trata quando tem impacto na qualidade de vida. Se os exames não
revelaram algum problema médico, como infecção urinária, só vai tratar se o
paciente estiver incomodado”, diz o urologista.
Segundo Gomes, explicar os
sintomas e promover mudanças comportamentais é o primeiro passo. “Para quem tem
urgência [para urinar], evitar que a bexiga fique muito cheia, ir ao banheiro
antes disso e tem terapia para o assoalho pélvico”, indica o médico.
Ele também recomenda exercícios
de fortalecimento do esfíncter, que podem melhorar os sintomas. Quando esse
tipo de tratamento não resolve, pode-se recorrer a medicamentos ou cirurgia.
Mesmo que os sintomas não sejam
um problema na vida de quem os sente, o urologista Roberto Soler, gerente
médico da Astellas, recomenda uma avaliação médica.
“Se, de alguma forma, levantou um
sinal de que algo está errado, é interessante procurar. O fato de o médico ver
é importante, nem que seja para falar ‘cuida do peso, porque a incontinência
pode piorar se ficar mais gordo’”, diz.
Prevenção.
Exceto pelos fatores genéticos, o
urologista do Hospital das Clínicas diz que a prevenção dos problemas urinários
é a mesma para outras doenças ou condições.
“É a mesma que previne doenças
cardiovasculares, não ficar gordo, sedentário, ter dieta balanceada. Essas
coisas diminuem o risco”, afirma.
Soler completa: “Prevenir é
reduzir a taxa, não vai zerar, mesmo porque tem muitos fatores genéticos”. Ele
cita outros quadros médicos que podem influenciar o aumento do risco de
sintomas urinários, como diabetes, hipertensão e placa de gordura.
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