FONTE:, Leticia Fuentes, (http://www.msn.com).
O sêmen humano pode conter 27 vírus diferentes,
sugere um estudo que será publicado na edição de novembro da revista científica Emerging
Infectious Diseases. Em 2017, outras pesquisas já haviam
indicado que o zika vírus e
o ebola poderiam ser
transmitidos pelo contato sexual desprotegido – além do já conhecido HIV, causador da Aids. Porém, o novo
estudo sugere que a lista de vírus presentes no sêmen pode ser maior do que os
cientistas imaginavam, mesmo que nem todos causem, necessariamente, uma
infecção que leve ao desenvolvimento da doença.
Segundo os pesquisadores, a nova relação, que foi baseada em análise da
literatura, inclui os causadores da dengue, meningite, algumas doenças
respiratórias, rubéola, gripe e outros.
“A aderência ao trato reprodutivo masculino
pode ocorrer frequentemente no contexto da viremia [presença de vírus no
sangue], porque as barreiras dos testículos, do canal deferente e do epidídimo
são barreiras imperfeitas aos vírus, especialmente na presença de inflamação
sistêmica ou local”, escrevem os autores Alex Salam e Peter Horby, da
Universidade de Oxford, no Reino Unido. “O vírus pode persistir dentro do trato
reprodutivo masculino mesmo que incapaz de se replicar, porque os testículos
são imunologicamente privilegiados; isto é, dentro dos testículos, a resposta
imune é restrita para permitir a sobrevivência dos espermatozoides.”
É importante notar que, apesar de terem
confirmado que esses vírus podem ser encontrados no sêmen humano, os cientistas
afirmam para muitos deles faltam dados sobre transmissão sexual – e, por isso,
ainda não são considerados causadores de doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs). Segundo os autores, da lista formulada, os únicos causadores de
infecções agudas que tiveram estudos laboratoriais comprovando sua transmissão
por relações sexuais são o zika vírus e o ebola. Já entre as infecções
crônicas, aparecem outros, como o HIV e o citomegalovírus (causador da herpes).
Isso significa que, nos demais casos, uma relação sexual desprotegida com uma
pessoa infectada poderia colocar o parceiro em contato com os vírus, mas não
necessariamente ocorreria uma infecção e ele desenvolveria alguma doença.
Para investigar a amplitude dos vírus no
sêmen, os pesquisadores revisaram a literatura disponível no buscador de
artigos científicos PubMed usando
o termo “vírus” mais a palavra “sêmen” ou “esperma” ou “seminal”. A busca
mostrou 3.818 resultados, sem limitação de data ou idioma. Depois, os
cientistas analisaram os artigos a procura de dados que descrevessem a detecção
de vírus no sêmen humano. “Onde encontramos evidências de vírus no sêmen,
fizemos outra busca para evidenciar transmissão sexual usando o nome do vírus e
os termos ‘sexo’ e ‘transmissão’”, dizem os autores.
Segundo os pesquisadores, dos vírus
encontrados, a maioria costuma causar infecções agudas, incluindo a febre de
Lassa e a febre do Vale do Rift, duas doenças hemorrágicas potencialmente
letais, e o vírus da chikungunya. Os autores também afirmam que os vírus
pertencem a famílias diversas e que é comum identificar alguns no sêmen de
outros mamíferos.
“Vários outros vírus que resultam em viremia
podem causar orquite [inflamação nos testículos] e foram detectados em
testículos humanos, sugerindo a possibilidade de que esses vírus também possam
ser detectados no sêmen”, afirmam.
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