Mais de 800 queixas
foram recebidas entre 2017 e 2019.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) quer maior envolvimento do
Ministério Público Federal (MPF) no combate a atendimentos irregulares e
intervenções estéticas feitas por não especialistas. A entidade protocolou
documento em que informa sobre 833 queixas recebidas entre 2017 e 2019.
A expectativa da SBD é que o Ministério Público tome conhecimento da
extensão dos problemas, interfira e acione a Justiça. “O MP já trabalha
conosco, já acatou algumas denúncias. O órgão tem a função de zelar pela saúde,
assim como a vigilância sanitária”, afirmou o presidente da instituição, Sérgio
Palma.
Duque de Caxias.
No fim de dezembro do ano passado, a assistente social Viviane Silva
(nome trocado a pedido da fonte), de 29 anos, comemorava a perda de 23 quilos.
Ela, no entanto, avaliou que ainda era necessário perder gordura localizada na
barriga e contratou um serviço de esteticista em Duque de Caxias (Baixada
Fluminense), que viu anunciado em seu próprio perfil numa rede social.
Viviane pretendia contratar um pacote com massagem modeladora,
lipocavitação (com aparelho ultrassom), manta térmica e plataforma vibratória.
A esteticista também ofereceu a aplicação de enzimas, por meio de injeção na
barriga de lipossoma de girassol (vendidas pela internet), em dez sessões. Após
a quarta aplicação, a assistente social passou a sentir dores e exibir manchas
na pele.
Ela contou que, em fevereiro, procurou atendimento médico, que verificou
infecção e processo inflamatório. “A barriga chegou a ficar preta”, lembra,
acrescentando que hoje tem abscesso no abdômen, que tem que ser drenado
periodicamente.
Após de se consultar com diversos médicos de diferentes especialidades,
das redes pública e privada, Viviane começou a ser atendida no Instituto de
Dermatologia do Hospital Geral de Bonsucesso (zona norte do Rio), onde começou
a sentir melhoras. O seu caso foi denunciado à Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) e o médico a orientou a processar a esteticista.
Lei do Ato Médico.
Histórias como a de Viviane Silva têm sido cada vez mais comuns nos
consultórios de dermatologistas, segundo Sérgio Palma. “Temos observado a
chegada crescente de pacientes em situação semelhante”. De acordo com o médico,
quem quer fazer procedimento estético invasivo deve procurar um médico
especializado, como prevê a Lei do Ato Médico.
Palma recomenda que as pessoas interessadas em procedimento estético
invasivo procurem especialistas no Portal do Médico e no site da SBD. O
paciente deve observar o número de registro no Conselho Regional de Medicina
(CRM) e o respectivo Registro de Qualificação de Especialista (RQE), que
certifica a residência médica, no caso de dermatologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário