Um levantamento inédito
realizado pela Secretaria da Saúde e divulgado na sexta-feira, 29, aponta uma
média de 2,5 criadouros do mosquito da dengue em cada residência do Estado de
São Paulo. Com 390 mil casos confirmados e 256 óbitos até o dia 11 de novembro,
o Estado está em risco de uma nova grande epidemia da doença, segundo o
superintendente de Controle de Endemias, Marcos Boulos. No próximo dia 2, a
pasta lança uma nova campanha contra o mosquito Aedes aegypti, que também
transmite a zika e a chikungunya.
A pesquisa encontrou a
maior prevalência de larvas do mosquito em recipientes móveis, como vasos de
plantas, garrafas pet e potes plásticos. Havia 1,3 criadouros destes por casa
positiva. Os recipientes naturais — plantas, ocos de árvores e bambu, por
exemplo — tiveram o menor índice de criadouros com larvas. Também tiveram
índices pouco expressivos, os recipientes em depósitos elevados, como sótãos e
forros; fixos, como calhas, lajes e piscinas, e ainda aqueles passíveis de
remoção, como sucata e entulhos.
O levantamento,
realizado entre os meses de outubro e novembro pelos municípios, com
acompanhamento da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), abrangeu
642 municípios. Destes, 134 foram considerados em alerta devido à alta presença
de larvas, enquanto oito municípios — Barra do Turvo, Bento de Abreu, Iguape,
Jacupiranga, Pedrinhas Paulista, Restinga, São Vicente e Tuiuti — estão em
situação de risco devido à elevada proliferação do mosquito.
A classificação é feita
com base no número de recipientes com presença de larvas do Aedes em cada 100
imóveis pesquisados. Nas cidades em risco, foram achados mais de 3,9
recipientes a cada centena de imóveis.
Conforme Boulos, a
presença de tantos criadouros com larvas alerta para o risco de uma nova grande
epidemia de dengue nos próximos meses, quando há previsão de calor e chuvas,
condições favoráveis à proliferação do mosquito. "Até agora, o tempo nos ajudou,
pois tivemos períodos com menos calor e chuvas do que o esperado. No entanto, é
possível que tenhamos uma explosão de casos a partir de janeiro, por isso é
preciso redobrar os esforços na eliminação dos criadouros", disse.
Incidência
maior de tipo de vírus que não circulava em SP.
Um fator adicional de
risco, segundo ele, é a incidência maior do vírus do tipo 2 da dengue, que
antes não circulava no Estado. "Quem já teve dengue nos últimos anos, pode
apresentar sintomas mais graves, caso pegue a doença com vírus de outro tipo,
como o 2", explicou. O especialista chamou a atenção para um novo cenário
da dengue no Estado.
"A gente já fala
em endemia, quando somos obrigados a conviver com uma doença. Este ano, tivemos
surtos epidêmicos de dengue até no inverno. Os casos aconteceram o ano todo, e
com uma mortalidade 30 vezes maior do que no ano passado."
Em São Paulo, os
números mostram que a doença está presente em 96% dos municípios, mas dez
cidades concentram 43,2% dos casos confirmados. São elas: São José do Rio Preto
(32.822), Campinas (26.246), Bauru (26.088), Araraquara (23.876), São Paulo
(16.671), Ribeirão Preto (13.748), Birigui (7.916), Araçatuba (7.782),
Presidente Prudente (7.584) e Guarulhos (6.383). Em 2019, o Estado registrou
também 72 casos de zika e 280 da chikungunya, mas sem mortes em ambas as
doenças.
Entre os dias 2 e 7 de
dezembro, a pasta pretende engajar a sociedade civil, municípios, organizações
públicas e privadas em uma grande mobilização de combate aos criadouros do
mosquito. Serão realizados mutirões com apoio das prefeituras para a limpeza de
casas, quintais e áreas públicas. Durante esta semana, uma força-tarefa das
secretarias da Educação e da Saúde já atuou com foco na limpeza dos ambientes
escolares, para que fiquem livres de criadouros durante as férias.
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