Oftalmologistas estimam que 70% das pessoas com distúrbios avançados,
devido à AIDS, chegam a apresentar algum problema ocular.
O HIV/AIDS pode facilitar o aparecimento de inúmeras doenças e infecções
oportunistas, uma vez que o vírus compromete o sistema imunológico dos
pacientes diagnosticados. O que pouco se sabe, no entanto, é que algumas dessas
complicações podem afetar gravemente a saúde ocular, levando, inclusive, à
cegueira - caso não haja diagnóstico e tratamento precoces. Dentre os
problemas mais comuns, estão o deslocamento da retina, lesões nos vasos
sanguíneos e infecções oculares.
De acordo com a estimativa da médica oftalmologista do DayHORC, empresa
do Grupo Opty, Carla Cordeiro, cerca de 70% dos pacientes com distúrbios
avançados em decorrência da doença apresentam algum problema na visão. Por
isso, o especialista faz um alerta para que as pessoas redobrem a atenção para
os cuidados com a saúde dos olhos, logo após terem conhecimento sobre a
infecção pelo HIV. “O diagnóstico precoce é sempre o maior aliado contra o
agravamento de doenças, sejam elas oportunistas ou não. É imprescindível que
essas pessoas realizem, constantemente, exames de rotina e aumentem o número de
idas aos consultórios oftalmológicos”, afirma.
De forma geral, o vírus pode afetar qualquer parte dos olhos, desde as
áreas mais superficiais, como as pálpebras, até os tecidos mais profundos, como
é o caso da retina e dos nervos. Quanto mais avançada está a doença, maior é a
probabilidade de o paciente ter complicações na região dos olhos, em razão da
baixa imunidade.
Ainda de acordo com a especialista, os principais problemas oculares
provocados pelo HIV são lesões nos vasos sanguíneos, que causam sangramento e
podem alterar a capacidade visual; a retinite, em decorrência da infecção pelo
vírus citomegalovírus; as infecções pelo vírus varicela zóster, que podem levar
à necrose progressiva da retina; a toxoplasmose ocular, que costuma causar
sensibilidade à luz, dor e diminuição da acuidade visual; e o sarcoma de
Kaposi, tumor que afeta as regiões que contém pele e mucosas, podendo causar
danos graves à visão.
Segundo a médica oftalmologista Carla Cordeiro, a escolha terapêutica vai
depender do agravamento, do tipo de doença ou infecção e do estágio em que ela
se encontra. “Podem ser administrados antirretroviral, antibióticos ou, até
mesmo, ser necessária intervenção cirúrgica para melhorar a visão do paciente”,
conclui.
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