Cerca
de 135 mil brasileiros convivem com o vírus e não sabem.
Recentemente, o
Ministério da Saúde fez um alerta sobre o vírus HIV, cerca de 135 mil
brasileiros convivem com o vírus e não sabem. Com base nesse dado e sabendo que
no 1º de dezembro, se comemora o dia Mundial de Luta contra a Aids, o
infectologista e professor da UNIFACS Fernando Badaró separou alguns mitos e
verdades sobre o assunto.
O especialista reforçou
a importância de falarmos sobre HIV: “Precisamos falar sobre esse assunto
sempre. Um dos erros das campanhas de conscientização é que elas são
temporárias, feitas em determinados períodos e depois o tema cai no
esquecimento”, avalia Fernando Badaró.
Confira alguns pontos
que costumam causar confusão entre as pessoas quando o assunto é HIV/Aids.
· HIV e Aids não são a
mesma coisa – Verdade. HIV é o vírus causador da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), mas muitas pessoas podem viver
anos sem apresentar sintomas nem apresentar a doença, quando aderem
adequadamente ao tratamento antirretroviral. “O mecanismo de ação do vírus é
que ele ataca os linfócitos T CD4, principais células de defesa do corpo,
enfraquecendo o sistema imunológico”, explica Badaró.
· Antirretrovirais
controlam o HIV - Verdade. Embora ainda não exista
uma cura, a terapia antirretroviral mantém o HIV sob controle e ajuda a
aumentar a expectativa de vida, tornando-a semelhante à de uma pessoa sem o
vírus. As medicações são distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) e devem ser tomadas com acompanhamento médico, para que o profissional
possa promover ajustes em caso de resistência do organismo aos antirretrovirais
ou efeitos colaterais.
· Pessoas com HIV sempre
transmitem o vírus em suas relações sexuais - Mito. Estudos
demonstram que pessoas com HIV que aderem ao tratamento antirretroviral para
controlar a infecção e conseguem suprimir a carga viral – quando a quantidade
de HIV no organismo chega a um nível indetectável nos exames de sangue - não
transmitem o vírus mesmo em relações sem preservativo. “Isso não significa, no
entanto, que o preservativo deva ser abandonado, até porque ele impede outras
infecções sexualmente transmissíveis e o contato com cepas do HIV mais
resistentes”, pondera Badaró.
· O HIV pode ser
transmitido pelo sexo oral – Verdade. A transmissão do
HIV acontece quando há uma troca de fluidos corporais (como sêmen, fluido
vaginal, sangue, leite materno ou fluidos pré-ejaculatórios) com pessoas
infectadas. Embora a probabilidade seja muito menor em relação à penetração,
por exemplo, é possível contrair o vírus durante o sexo oral, quando há cortes
ou machucados na boca ou gengiva que permitem a entrada do HIV.
· Mães com HIV não
podem ter filhos sem transmitir o vírus – Mito. Mães
soropositivas que fazem o tratamento antirretroviral e durante o trabalho de
parto fazem uso de AZT venoso, além de realizarem cesárea, têm chances quase
zero de transmitir o vírus aos filhos. “Para garantir, o recém-nascido também
precisa tomar também durante seis semanas a medicação antirretroviral”,
acrescenta o especialista.
· Posso ter contraído o
HIV mesmo o resultando indicando negativo – Verdade. Isso
acontece por causa da chamada janela imunológica, que é o período entre a
infecção e a produção pelo organismo de anticorpos contra o HIV em quantidade
suficiente para ser detectada pelos testes. Assim, você pode apresentar
resultado negativo dias após ter sido infectado, já que a janela imunológica
dura, em média, cerca de 30 dias. Por isso, o ideal é refazer os exames após um
mês.
Prevenção.
Vale lembrar que melhor
forma de prevenção é o uso do preservativo (masculino ou feminino) durante
as relações sexuais. Somados a ele, existem hoje outras possibilidades de
diminuir as chances de transmissão como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao
HIV) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV).
O professor explica que
a PrEP consiste no uso preventivo diariamente de antirretrovirais, reduzindo a
probabilidade de infecção. Já a PEP deve ser utilizada por quem tenha passado
por alguma exposição de risco ao HIV, como relações sexuais desprotegidas. Para
surtir efeito, a PEP deve ser iniciada em 24h até no máximo 72 horas após a
exposição, e a medicação antirretroviral deve ser tomada por 28 dias.
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