Criança pode tomar
banho com o pai? É normal ver os adultos pelados? E se ele pedir para mexer no
corpo da mãe, qual a resposta que devemos dar? A resposta para essas perguntas
infelizmente não vem formatada. Varia de caso a caso e deve ser analisada com
cuidado por esepcialistas.
"Sexo é uma
questão cultural e também de bom senso", enfatiza o médico sexólogo Gerson
Pereira Lopes, ex-consultor em Projetos de Sexualidade do Fundo das Nações
Unidas (FNAP) e Membro Efetivo da International Society for Sexual Medicine
(ISSM).
Segundo ele, é válido
habituar a criança com a nudez dentro de casa como algo natural, espontâneo,
mas desde que os pais se sintam realmente tranquilos, genuinamente à vontade em
relação a seus corpos. Ou seja, ficar nu dentro de casa não representa uma
ideia positiva por si só, mas apenas quando há real espontaneidade por parte
dos pais. "A naturalidade é a chave. A nudez só tem valor se for
tranquila. Se o filho é tímido ou a mãe é retraída, fica constrangida, é pior.
A criança percebe o desconforto, não importa que se diga o contrário a ela. E
ninguém precisa ficar nu na frente dos filhos, não há prejuízo algum
nisso."
Para a psicóloga e
psicoterapeuta Simone Martins, com mais de 30 anos de atividade clínica, tanto
a nudez quanto o banho conjunto podem contribuir para uma ideia positiva em
relação ao corpo. Assim ela define também sua experiência pessoal, vivida em
casa com o marido e sete crianças (quatro filhos e três enteados). "Nada
foi imposto. Apenas vivido", diz. "A nudez é válida no tocante a ter
e sentir o corpo como algo bonito, mesmo com formas diferentes. As crianças
observam os genitais, os seios, as nádegas, todo o corpo, e perguntam sobre
estas diferenças."
Respostas
simples.
Para lidar com as
situações de curiosidade, que envolvem perguntas e vontades de tocar os órgãos
do pai e da mãe, ela recomenda naturalidade e responder de modo simples que
aquelas são áreas íntimas, tocadas apenas pela própria pessoa, e que as
diferenças são porque um é menino e outra é menina ou porque um é homem e a
outra, mulher. "É tranquilo. Nada de erotismo ou sensualidade."
Em caso de situações
inesperadas, como o pai ter uma ereção acidental durante o banho, por exemplo,
Pereira Lopes recomenda naturalidade, evitar constrangimento e esperar passar.
Se houver alguma pergunta da criança, basta um: "Não é nada, às vezes
acontece mesmo" e mudar de assunto.
Conforme vão ficando mais velhas, as crianças tendem naturalmente a se retrair e evitar as situações de exposição de seu corpo. "Elas passam a fechar a porta do banheiro por volta dos 10 a 12 anos para suas descobertas e intimidades. As meninas, a partir do crescimento das mamas também passam a se reservar", diz Simone. Nesta fase, os pais tendem a perceber os questionamentos e o tipo de curiosidade que passam a conter alguma sensualidade e manifestação de sexualidade. "Aí já é hora de parar com a nudez, sempre evitando relação com o que é feio, pecado, sujo", diz Simone.
Conforme vão ficando mais velhas, as crianças tendem naturalmente a se retrair e evitar as situações de exposição de seu corpo. "Elas passam a fechar a porta do banheiro por volta dos 10 a 12 anos para suas descobertas e intimidades. As meninas, a partir do crescimento das mamas também passam a se reservar", diz Simone. Nesta fase, os pais tendem a perceber os questionamentos e o tipo de curiosidade que passam a conter alguma sensualidade e manifestação de sexualidade. "Aí já é hora de parar com a nudez, sempre evitando relação com o que é feio, pecado, sujo", diz Simone.
Aprender que tocar o
próprio corpo não é errado é também um aprendizado positivo para a criança ao
conviver com o nu saudável, mas exige um cuidado dos pais. "É importante
que se explique à criança que aquele é um momento de intimidade, adequado para
quando estiver no cantinho dela, no quarto. Na sala, por exemplo, não é lugar.
Caso contrário, ela pod e agir a ssim na casa do amiguinho ou na frente de
estranhos, se expondo a riscos, incluindo abordagens mal-intencionadas".
Se por um lado a nudez
pode ser vista como saudável em condições específicas dentro do ambiente
doméstico, o mesmo não ocorre sobre a criança presenciar carinhos íntimos entre
os pais ou mesmo ouvir os sons de uma relação sexual, ainda que de um outro ambiente
da casa. "É a pior coisa para uma criança", diz Lopes, acrescentando
que esse tipo de episódio gera repercussões complexas na vida da criança no
futuro.
O sexólogo destaca a
importância de os pais estarem atentos a riscos e aos limites do razoável quanto
a excessos de liberalidade, como os toques nas partes íntimas entre crianças e
adultos. "Uma alta incidência de casos de abuso sexual de crianças não
inclui conjunção carnal (penetração) mas, sim, toques. Nada justifica tocar a
genitália de uma criança, se não for na sua fase pequena para fazer a
higiene". E como um apelo ao uso da razão no respeito aos limites da
liberalidade entre pais e filhos, destaca que nem tudo é saudável dentro de um
ambiente familiar espontâneo. "Há crianças sapecas, curiosas, que querem
tocar, beijar o membro sexual do pai. E, incrivelmente, há pai que permite. E
ainda conta para as pessoas, muito orgulhoso de si próprio, talvez se achando
moderno. Um absurdo", relata.
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