Um estudo publicado
esta semana confirma uma tendência que tem preocupado os EUA: a expectativa de
vida no país tem diminuído desde 2014. Entre os principais motivos dessa queda
estão as mortes por suicídio, overdose de drogas e doença hepática provocada
por excesso de álcool e gordura. O que nós, brasileiros, temos a ver com isso?
Nada ou tudo? Talvez valha a pena prestar atenção nesses dados, já que nosso
estilo de vida é bem parecido com o dos norte-americanos.
O trabalho, publicado
no Jama, o periódico da Associação Médica Americana, é mais abrangente do que
outros que já chamaram atenção para esse declínio sombrio, e leva em conta
diferentes raças e etnias. Entre 2014 e 2016, a expectativa de vida de brancos
não hispânicos baixou de 78,8 para 78,5 anos. Entre negros não hispânicos, caiu
de 75,3 para 74,8. E, entre hispânicos, de 82,1 para 81,8.
O aumento das taxas de
mortalidade de indivíduos de 25 a 64 anos de idade é o maior obstáculo para a
longevidade naquele país. Curiosamente, essa é a fase da vida em que as pessoas
trabalham mais. De 2010 a 2017, os valores passaram de 328,5 mortes por 100 mil
habitantes para 348,2.
Nessa faixa etária, as
taxas de suicídio aumentaram 38,3%, sendo que na faixa de 55 a 64 anos, o salto
foi de 56%. Jovens e crianças de 5 a 14 anos também se destacam nessa triste
estatística: em sete anos, a taxa de suicídio passou de 0,6 por 100 mil para
1,3.
A participação feminina
em problemas que eram muito mais comuns nos homens é outra preocupação. O risco
de morte por overdose de drogas, por exemplo, aumentou 486% para mulheres na
meia-idade entre 1999 e 2017. Entre os homens, o crescimento no mesmo período
foi de 351%. O aumento relativo também foi maior, para elas, no que se refere a
suicídios e doença hepática ligada ao álcool.
O consumo desenfreado
de opioides teve um papel importante no declínio da expectativa de vida, e esse
é um problema que não temos. Apesar disso, a taxa de suicídios por 100 mil
habitantes, no Brasil, aumentou 7% entre 2010 e 2016, segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS). A obesidade, que é um problema antigo nos EUA, só
cresce entre os brasileiros. E diversos levantamentos recentes mostram que as
garotas têm bebido cada vez mais, também, por aqui.
O artigo do Jama aponta
um aspecto que está por trás de boa parte dessas mortes nos EUA: o sofrimento
emocional. Álcool, drogas e comida gordurosa são válvulas de escape conhecidas
para o estresse e a falta de satisfação com a vida. Por isso é bom que a gente
olhe com cuidado para as estatísticas americanas e reflita sobre os nossos
próprios problemas e hábitos.
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
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