Garotas saudáveis que
usam laxantes e outros produtos de venda livre para emagrecer têm um risco mais
alto de receber um diagnóstico de transtorno alimentar, como anorexia ou
bulimia, alguns anos depois. O alerta é de pesquisadores da Escola de Saúde
Pública da Universidade de Harvard, nos EUA, e do Hospital Infantil de Boston.
Em geral, quem é
obcecados em perder peso ou têm quadros de compulsão alimentar seguidos de
purgação tende a abusar de produtos para emagrecer. Para comprar remédios para
controlar o apetite é preciso ter receita médica, então muita gente recorre a
produtos de venda livre que prometem “acelerar o metabolismo”, “queimar
gordura”, “chapar a barriga” e assim por diante. Essas fórmulas costumam
conter laxantes, diuréticos, cafeína e outros estimulantes, além de ervas que
nem sempre foram bem estudadas. Por serem classificadas como suplementos alimentadas,
não são fiscalizadas com o mesmo rigor dos medicamentos.
Resultados.
Se a pessoa tem um
transtorno alimentar, é esperado que recorra a essas substâncias. Mas o estudo,
publicado na quinta-feira no American Journal of Public Health,
sugere que o caminho inverso também pode acontecer: o uso desses produtos seria
um fator de risco para desenvolver o transtorno mais tarde. Para chegar à
conclusão, os pesquisadores analisaram dados de 10.058 mulheres e meninas de 14
a 36 anos que participaram do Estudo Crescer Hoje (Guts, na sigla em inglês), e
foram acompanhadas de 2001 a 2016.
Entre as participantes
que não tinham um transtorno alimentar, 1,8% das usuárias de remédios para
emagrecer de venda livre recebeu o diagnóstico de um a três anos mais tarde. A
proporção foi apenas um pouco maior que a encontrada entre as não usuárias
(1%), mas a diferença é considerada significativa. Além disso, 4,2% das
participantes que usavam laxantes para controle de peso receberam um primeiro
diagnóstico subsequente de transtorno alimentar. Entre as não usuárias desse
tipo de produto, a taxa foi de apenas 0,8%.
Não é saudável.
O uso de pílulas ou
laxantes sem receita médica não é recomendado pelos profissionais de saúde como
uma maneira saudável de controlar o peso. Mesmo produtos “naturais” podem ter
graves consequências para a saúde, como elevar a pressão arterial e os
batimentos cardíacos, além de prejudicar o fígado e os rins.
Os pesquisadores da
Harvard alertam para a necessidade de políticas que restrinjam o acesso a esses
produtos, especialmente para menores de idade. Para eles, além dos riscos à
saúde, o consumo dessas substâncias pode funcionar como “porta de entrada” para
o que os especialistas chamam de “comportamentos alimentares desordenados”.
Isso envolve hábitos como restringir grupos inteiros de alimentos ou fazer
jejum depois de exagerar na comida, algo que pode evoluir para doenças como
bulimia e anorexia. O tratamento dessas condições nem sempre é fácil, e há
risco de morte.
Os autores ainda
lembram a influência que as redes sociais, especialmente o Instagram, exerce
nos jovens. Embora haja um movimento para restringir anúncios de produtos para
emagrecer, é impossível controlar os posts de pessoas comuns e celebridades com
suplementos e receitas para “secar a barriga” ou “queimar gordura”.
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