Médico dá dicas
para diminuir essas alterações emocionais durante o período de isolamento
social e explica como funciona a cirurgia que em certos casos pode acabar
definitivamente com os episódios de forte dor de cabeça.
Devido à pandemia do
Coronavírus, estamos passando por um período de isolamento
social com diversas mudanças em nossos hábitos
rotineiros, o que pode causar estresse e ansiedade.
“O isolamento social
impõe alterações importantes na rotina das pessoas, principalmente com relação
às atividades fora de casa. Trabalhar, encontrar pessoas e ir à academia são
situações capazes de criar estímulos que ajudam a distrair a mente. Logo, ficar
sem essas atividades faz com que a mente seja menos estimulada, o que, somado
às incertezas sobre o futuro e as consequências da pandemia,
pode ser extremamente estressante e ansiogênico”, explica o Dr. Paolo Rubez,
cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
e especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University. Como
resultado, até mesmo nossa saúde pode ser afetada. Por exemplo, muitas pessoas,
principalmente aquelas que já possuem algum tipo de predisposição, podem sofrer
com crises de enxaqueca, condição caracterizada por fortes dores de cabeça.
Isso porque nosso comportamento, emoções e estado mental influenciam fortemente
no aparecimento do problema, já que, durante essas situações de alteração do
humor, ocorrem mudanças na liberação das substâncias que o cérebro utiliza para
minimizar a dor.
Então, para evitar
sofrer com as crises de ansiedade e
de enxaqueca nesse período, é importante tomar alguns cuidados que visam o
controle do estresse. O Dr. Paolo recomenda, por exemplo, programar sua rotina
diária e manter a mente ocupada. “Procure ter horário para acordar, comer,
trabalhar e para dormir. Ao se levantar, procure trocar de roupa. Não fique na
cama de pijama o dia todo. Crie objetivos e prazos para que você cumpra ao
longo desse período”, aconselha o médico. Mas, lembre-se de pausar por um
momento. Ao final do dia, desconecte-se e realize algo que te dê prazer. “Use
esse tempo de sobra que estamos tendo durante a quarentena para coisas que você
queria fazer antes e não conseguia ou não teve atitude de começar. Cozinhe,
comece algum projeto, leia um livro, brinque com seu filho.”
A prática regular
de atividade
física também é muito importante, pois libera
substâncias que ajudam a controlar o estresse e promovem a sensação de
bem-estar, algo muito importante nesse momento de grande ansiedade pelo qual
estamos passando. “A meditação também é uma prática interessante para combater
o estresse e a ansiedade e evitar que eles se instalem. Hoje existem vários
aplicativos, inclusive gratuitos, que ensinam técnicas de meditação, ajudando a
inseri-la de forma simples na rotina de qualquer pessoa”, destaca o
especialista.
Porém, se mesmo com os
cuidados acima as dores de cabeça não cessarem, vale a pena procurar um médico,
que poderá realizar uma avaliação para descobrir a real causa do problema e
indicar o melhor tratamento para o seu caso. Hoje já é possível inclusive
realizar uma cirurgia que, muitas vezes, é capaz de colocar um fim definitivo
às fortes crises de enxaqueca. “A Cirurgia de Enxaqueca vem sendo realizada por
diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma
dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados
positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a
eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma o Dr. Paolo Rubez.
De acordo com o
especialista, o procedimento é pouco invasivo e visa descomprimir e liberar os
ramos periféricos dos nervos trigêmeo e occipital, que podem sofrer compressões
das estruturas ao seu redor, como músculos e vasos sanguíneos, gerando a
liberação de substâncias que desencadeiam a inflamação dos nervos e membranas
ao redor do cérebro e, consequentemente, favorecem o aparecimento dos sintomas
da enxaqueca, como dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz a ao som.
“Ao todo, são sete tipos de cirurgias de enxaqueca, pois para cada um dos tipos
de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos
nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal”,
afirma o cirurgião. “Mas em todos estes tipos o princípio é o mesmo:
descomprimir e liberar os ramos do nervo trigêmeo ou occipital, que são
irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto.”
A cirurgia para
enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migranea
(Enxaqueca) feito por um neurologista e que sofra com duas ou mais crises
severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações. Além
disso, pacientes que sofrem com efeitos colaterais das medicações para dor, que
tenham intolerância a estas medicações ou ainda que têm sua vida pessoal e
profissional comprometida devido às dores também podem passar pelo
procedimento. “As cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob
anestesia geral ou, em alguns casos, sob anestesia local, durando cerca de uma
a duas horas para cada nervo. E o melhor é que o paciente tem alta no mesmo
dia, podendo voltar para casa”, finaliza o Dr. Paolo Rubez.
*** Por: PAOLO RUBEZ.
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