Você se considera um
pai ou uma mãe “helicóptero”? Ou, para ser mais claro: você está sempre de olho
no que seu filho está fazendo, tenta controlar seu comportamento, suas amizades
e até a carreira que ele deve escolher?
Para muitos pais, tomar
as rédeas é importante para que os filhos não saiam do trilho. Mas estudos têm
mostrado que esse estilo de paternidade pode fazer mais mal do que bem. Há
evidências de que esses jovens, ao se tornarem adultos, podem ter mais
dificuldades em conseguir trabalho e até um relacionamento romântico.
Um dos trabalhos,
publicado este mês por uma equipe da Universidade da Virgínia, nos EUA, no
periódico Child Development (https://srcd.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/cdev.13377),
acompanhou 184 adolescentes dos 13 até os 32 anos de idade.
Os pesquisadores
descobriram que filhos de pais dominadores tendem a não ir muito longe na vida
acadêmica. Além disso, são menos propensos a ter um parceiro estável, ou a
interagir de forma saudável com pares românticos.
A gente sabe que a
intenção dos pais é sempre a melhor. Estabelecer limites e orientar é
fundamental para educar crianças e adolescentes. O problema é quando o controle
excessivo vira uma forma de manipulação, e impede o jovem de lutar sozinho por
aquilo que deseja. Em certos casos esses indivíduos têm dificuldade até de
identificar aquilo que desejam.
Os pesquisadores dão
como exemplo aqueles pais que fazem os filhos se sentirem culpados, ou que
punem os filhos com silêncio quando eles não fazem o que eles querem. Isso pode
levar esses jovens a ter mais dificuldade de expressar seus sentimentos no
futuro, e isso pode interferir na sua capacidade de se relacionar.
Estudos anteriores já
tinham destacado outras consequências negativas da paternidade helicóptero,
como falta de autonomia, sensação de que tem direito a tudo, desempenho
acadêmico mais baixo, piora na autoestima, menor nível de satisfação com a
vida, problemas de relacionamento com pares e níveis mais altos de ansiedade e
depressão, entre outros.
A boa notícia, segundo
os pesquisadores de Virgínia, é que ter pais superprotetores ou manipuladores
não é uma condenação. Com autoconhecimento e vontade, é possível modificar
padrões negativos adquiridos na infância e na adolescência.
Para os pais, fica o
convite à reflexão. A forma de educar os filhos envolve valores pessoais,
experiências passadas e até mesmo características e aprendizados herdados dos
próprios pais. A ansiedade para não errar é grande, e ver um filho sofrer
injustiças causa enorme sofrimento. Mas é fundamental que os jovens sejam
criados para ser independentes, e que sejam respeitados como pessoas que têm
voz e desejo próprios.
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