FONTE: Cintia Baio, Colaboração para o UOL (http://noticias.uol.com.br).
Se você tem ou já teve pelo menos um
gato em casa, aposto que não pensou duas vezes e respondeu, com toda a certeza
do mundo, que é claro que os gatos gostam das pessoas. "Essa história de
que eles não estão nem aí para os seus donos é uma grande mentira."
Acontece que a ciência é desconfiada,
tem o coração duro e só acredita nos fatos quando pode prová-los. Por isso,
muitos cientistas há anos estudam o tema e, recentemente, estão concluindo o
que os donos de gatos já sabem: esses bichanos gostam, sim, das pessoas (pelo
menos da maioria).
Um dos estudos mais recentes sobre o
tema, publicado por três pesquisadoras norte-americanas da Universidade de
Oregon (EUA), em março deste ano, provou, por exemplo, que gatos preferem
humanos à comida —questionando a história de que os felinos só permitem a
domesticação em troca de alimento.
Para descobrir o que os gatos mais
gostam de fazer, as pesquisadoras deixaram 50 bichanos (que moram em casas ou
abrigos) sem comida, brinquedo ou qualquer interação humana por algumas horas.
Depois, apresentaram aos animais quatro diferentes tipos de estimulação:
alimento, interação humana, perfume e brinquedos. Em seguida, registraram
quanto tempo cada um deles gastava com cada atividade.
Finalmente, as pesquisadoras
apresentaram os quatro tipos de estímulo ao mesmo tempo e deixaram que cada um
escolhesse o seu favorito. Metade deles preferiu socializar com seres humanos,
enquanto apenas 37% deles foram atrás da comida.
Contudo, segundo as especialistas, as
preferências individuais dos gatos para a socialização podem ser influenciadas
pela história de vida ou até mesmo pela raça.
Relação diferente.
"Muitas pessoas costumam pensar
que gatos não gostam de humanos justamente por causa de seu comportamento mais
distante", diz Valéria Zukauskas, bióloga especialista em comportamento de
felinos.
Para a profissional, o jeito mais
"blasé" do gato está enraizado no comportamento dos felinos em geral.
"Na natureza, o gato é um animal que caça sozinho. Ele precisa ser
discreto naturalmente. Além disso, ele não tem hábitos de grupo, como os cães.
Então, é claro que não podemos esperar algo diferente em casa."
É como se o gato fosse aquele amigo
discreto, que não curte um abraço em público, não pergunta demais, mas está
sempre disposto a nos ajudar quando preciso. "Ele pode não pular e abanar
o rabo quando chegamos, mas estará sempre perto, observando", diz Valéria.
Além disso, os gatos ainda são vistos
pela comunidade científica como animais em processo de domesticação, já que
passaram a conviver com o homem muito tempo depois dos cachorros —algo em torno
de 9.500 anos.
E eles preferem mesmo
a casa?
Assim como qualquer grande felino, o
gato doméstico (Felis catus) é um animal filopátrico, ou seja, fiel ao seu
habitat. Por não ser um animal de grupo, quando ele se fixa a um
território, é porque ali ele encontra abrigo, segurança, alimento, espaço e
parceiros sexuais.
A mudança de território acontece de
forma mais fácil em vida livre (animais selvagens e gatos de colônia). Ela pode
ocorrer pela escassez de alimentos, parceiros, perda física de espaço.
Mas a mudança de casa para um gato
nem sempre é algo facilmente compreendido por ele, justamente pela sua natureza
ainda "semi-selvagem".
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