FONTE: *** Cintia Baio, Colaboração para o UOL (http://noticias.uol.com.br).
Ficar rouco ou até
mesmo perder a voz é mais um dos desconfortos provocados por gripes e
resfriados. Essas alterações na qualidade da voz, que também acontecem quando
falamos muito ou gritamos, são chamadas pelos médicos de disfonias e indicam,
obviamente, que algo não vai bem nas engrenagens da fala.
Mas você sabe porque
ficamos assim?
Como a voz funciona.
A voz humana é
produzida pela vibração das cordas (ou pregas) vocais situadas na laringe, que
fica no pescoço. Em silêncio, as cordas ficam abertas. Quando o cérebro envia
sinais para emitir um som, elas se movem. O ar dos pulmões sobe pela traqueia,
passa pela laringe e vibra a mucosa que recobre as cordas, gerando as ondas
sonoras.
O som aumenta de
volume ao caminhar por cavidades de ressonância do corpo, como a boca e o
nariz. Por serem elásticas, elas distendem ou relaxam de acordo com a
intensidade do esforço, criando sons agudos e mais graves.
A produção de sons
acontece tão rápido que não conseguimos notar esse movimento a olho nu. Para se
ter uma ideia, nas mulheres, as cordas vibram, em média, 200 vezes por segundo
e nos homens o ciclo vibratório é de 100 vezes.
Quando estamos
gripados, o ataque de vírus e bactérias pode resultar em alguma
inflamação nas vias respiratórias. Consequentemente, as cordas
incham pelo excesso de muco e mudam a forma como vibram, deixando o som mais
grave.
Mudanças bruscas de
temperaturas também produzem um choque térmico que prejudica esses músculos. É
por isso que o ambiente com ar-condicionado deve ser evitado, pois o
resfriamento é feito com a redução da umidade do ar, o que resseca a mucosa do
trato vocal.
Cuidado com o grito.
Conversar demais,
falar muito alto, gritar e até gargalhar também são atitudes agressivas para a
voz. Quando gritamos, o ar é projetado em alta velocidade, o que
provoca lesão pelo encontro brusco das cordas vocais.
A rouquidão também
pode estar relacionada com o estresse nas cordas vocais. Quando falamos muito e
não existe um período de recuperação, os músculos podem ter lesões. Esse tipo
de problema é muito comum em profissionais que usam muito a voz como cantores,
professores, atores, radialistas e operadores de telemarketing.
Algumas
emoções como a raiva e a ansiedade também podem repercutir na emissão de sons. Quando estamos nervosos é comum a respiração acelerar e
a voz ficar baixinha.
A tensão do
corpo pode secar as glândulas salivares e sem umidade, as cordas não conseguem
vibrar direito.
O envelhecimento do
corpo também provoca alterações na voz. Com a idade, a região da laringe se
modifica e fica menos lubrificada. A voz feminina fica mais grave e a masculina
mais aguda. Isso se deve à perda muscular e mudança nos hormônios.
Quando se preocupar.
A rouquidão nem
sempre é reflexo da tagarelice ou de uma simples gripe. Se ela permanecer por
mais de 15 dias, pode indicar uma doença séria.
As lesões e infecções
nas cordas vocais evoluem para calos, cistos, hemorragias e até tumores
malignos, como o câncer na laringe. Também é comum a rouquidão pelo chamado
refluxo gastroesofágico, o retorno do conteúdo do estômago para a boca.
O que funciona contra a
rouquidão?
A melhor dica é não
abusar. Ficar em silêncio e tomar bastante água ajudam na melhoria da
elasticidade das cordas.
Em poucos dias, a voz
tende a voltar ao normal. Evite buscar o alívio nas pastilhas ou em bebidas
como o conhaque. Esses produtos amortecem a garganta mascarando a dor e fazendo
com que você force ainda mais a voz.
Também é fundamental
manter os chamados hábitos de higiene vocal. Falar num volume confortável, ter
uma boa noite de sono e não "coçar" a garganta com pigarros ajuda
bastante. Já o consumo de álcool, café e cigarros resseca a garganta e podem
acarretar problemas, dificultando a fala.
*** Especialista consultado: Dra.
Sueli Yoko, fonoaudióloga do Hospital Sepaco (São Paulo/SP).
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