FONTE:, (http://noticias.uol.com.br).
A senadora
australiana Larissa Waters é a primeira política a amamentar no plenário do
Parlamento da Austrália.
Waters, do Partido
Verde, amamentou a filha Alia Joy, de dois meses, durante uma votação na
terça-feira.
No ano passado, a
Câmara dos Deputados se juntou ao Senado da Austrália, que permitia a
amamentação na Casa desde 2003 - mas até esta semana, nenhum dos parlamentares
havia amamentado no plenário.
A Câmara tomou a
decisão no ano passado após a polêmica em torno do caso de uma deputada e
ministra de governo, Kelly O'Dwyer, instruída a ordenhar leite materno para não
perder compromissos parlamentares.
"Precisamos de
mais mulheres e pais no parlamento", afirmou a senadora Larissa Walters no
Facebook. "E precisamos de locais de trabalho mais amigáveis a famílias e
mais flexíveis, além de assistência infantil acessível para todos".
Mais flexibilidade.
A senadora do Partido
Trabalhista Katy Gallagher realçou a importância do momento protagonizado pela
colega de plenário nesta semana.
"Mulheres têm
feito isso em Parlamentos ao redor do mundo. Mulheres vão continuar tendo
filhos e, se elas quiserem trabalhar e cuidar do bebê... a realidade é que a
gente vai ter que se acostumar com isso [amamentação no local de
trabalho]".
Até o ano passado,
deputadas australianas só podiam levar bebês aos gabinetes e galerias públicas.
No Senado australiano, por sua vez, a amamentação é permitida em qualquer lugar
desde 2003.
No mundo.
O assunto, contudo,
continua controverso em muitos Parlamentos e Congressos do mundo.
Em 2016, a
parlamentar espanhola Carolina Bescansa, do Podemos, causou polêmica ao
amamentar seu bebê no plenário durante uma sessão. Ela foi elogiada, mas também
ouviu críticas de colegas, que classificaram sua atitude como
"lamentável" e "desnecessária".
No ano passado, um
relatório sobre diversidade no mundo político do Reino Unido recomendou que
fosse permitida a amamentação na Câmara dos Comuns - a câmara baixa do
Parlamento britânico.
Mas um parlamentar
britânico alertou que as deputadas que eventualmente amamentassem no plenário
corriam o risco de se expor ao "ridículo".
No Brasil, o direito
de amamentar em público é garantido por lei em apenas cinco Estados: Santa
Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e, mais recentemente, Minas
Gerais.
No Rio Grande do Sul,
não é garantida por lei, mas uma deputada estadual, Manuela D'Ávila (PCdoB),
amamentou sua filha, Laura, durante uma intervenção na Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Estadual, em Porto Alegre, no final de 2015 - e a foto
disso, segundo a deputada, correu o mundo.
Em sua página no
Facebook, ela conta que levava Laura à Casa e a amamentava "no gabinete ou
no banheiro", sempre buscando "um local em que ela se sinta
acolhida".
"Aquele dia,
porém, a comissão começou a se estender por pautas trazidas por mim. Ela mamou
ali. E dormiu. todas as mulheres que são mães e amamentam ou amamentaram sabem
que esse gesto é natural e espontâneo!".
Para ela, o que
chamou atenção na foto é o contraste representado por mulheres e crianças em
espaços de poder. "A política é masculina e machista...não tem espaço para
as mulheres, para o que nos diferencia dos homens, para a ingenuidade, a
alegria das crianças e a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e
nossas lutas com nossos bebês."
"Levar Laura
comigo tornou-se, sem que eu percebesse, uma forma de resistir a política que
desumaniza", escreve ela no Facebook.
Tramita no Senado
brasileiro um projeto para que o direito das mulheres de amamentar seus filhos
em locais públicos seja garantido por lei federal. A proposta, contudo, ainda
está em discussão e não há previsão para ser votada.
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