FONTE: Paula Moura, Colaboração para o UOL, (http://noticias.uol.com.br).
Depois que uma
revisão de estudos publicada no jornal Cochrane questionou
se o fio dental realmente ajuda na higiene bucal,
surgiu a dúvida: será que ele não funciona mesmo ou não estamos usando
corretamente?
A revisão de 12
estudos publicada pela The Cochrane Database of Systematic Reviews, em
2011, encontrou apenas evidência "pouco confiável" de que o uso de
fio dental pode reduzir formação de placa após um e três meses. Os
pesquisadores não conseguiram encontrar nenhum estudo sobre a eficácia do uso
do fio dental somado à escovação na prevenção de cáries.
Em uma declaração, a
Academia Americana de Periodontologia reconheceu que a maioria das evidências
atuais deixa a desejar, porque os pesquisadores não conseguiram incluir
participantes suficientes ou "examinar a saúde das gengivas por um período
significativo de tempo".
Contudo, os dentistas
mantêm a indicação do fio dental que, dizem, pode ser eficiente se bem usado.
1 - Por que usar?
Defensores do fio
dental argumentam que embora a escova dental remova a placa bacteriana da
superfície do dente, ela não consegue remover toda placa.
Assim, a limpeza dos
dentes todos os dias com o fio dental acaba removendo o restante de placa que a
gente não consegue alcançar.
2 - Antes ou depois da
escovação?
A sequência na
verdade não faz diferença, desde que se faça corretamente, diz Levy Anderson,
diretor do Departamento de Odontologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de
São Paulo (SOCESP).
Entre 15 cm e 25 cm de fio dental é suficiente para fazer a
limpeza bucal .
3 - Qual a forma correta
de usar?
A ideia é que o fio
dental retire tanto restos de comida que possam ter ficado presos nos dentes
quanto deslize retirando a placa bacteriana das paredes do dente, que estão
fora do alcance da escova.
Usando de 15
cm a 25 cm de fio dental, a orientação é usar em forma de "C":
colocar o fio entre os dentes, mover o fio dental para frente num movimento de
empurrar e puxar como se abraçasse o dente.
O fio deve ser levado
até a região subgengival, ou seja, sobe até o limite do dente com a gengiva
(com delicadeza!). Entra passando por uma parede do dente e sai passando pela
outra.
4 - Quantas vezes por dia?
O ideal é que seja
feito depois de todas as refeições em conjunto com a escovação. "O mínimo
é uma utilização diária", diz Marcelo Januzzi, da Associação Brasileira de
Odontologia.
Anderson lembra que,
devido à pressa do dia a dia, muitas pessoas não passam o fio dental em todas
as refeições e alerta para a importância da higiene noturna.
"Se não for
feita de forma adequada, todos resíduos de alimentos ficam parados na boca
sofrendo um processo de fermentação, o que leva à formação de ácido e ao início
do processo de lesão
5 - Quais são os erros
mais comuns?
Deixar de limpar as
"paredes" dos dentes e remover o fio puxando de volta pelo espaço
entre os dentes, explica Januzzi.
6 - Sair sangue da gengiva
indica doença?
Entre os motivos mais
comuns para que saia sangue quando se passa o fio dental estão: realizar a
limpeza com muita força ou que a gengiva está começando a ficar inflamada.
"Passando
vai ajudar a tirar as bactérias e reduzir o sangramento ao longo do
tempo", diz Anderson. Se não melhorar, o ideal é procurar com um dentista.
7 - Posso substituir o fio
dental por haste dental?
Para Januzzi, o mais
recomendado é o fio dental clássico, pois ele pode ser removido pelo espaço
entre os dentes, além de ser mais barato. Para Anderson, não há diferença além
do preço.
Outra opção é a fita
dental. "Quando o paciente tem dentes muito próximos, pode ser que o fio
dental seja muito espesso para ser usado, então recomenda-se a fita dental, que
é mais fina e higieniza o tanto quanto o fio dental", diz Anderson.
8 - Que doenças se pode
contrair por não usar fio dental?
Se a placa bacteriana
não é retirada do dente, pode desenvolver primeiramente cárie e gengivite,
inflamação da gengiva.
O quadro pode evoluir
para doença periodontal, uma inflamação do tecido que sustenta os dentes.
Quando chega em caso muito avançado, ocorre perda óssea, os dentes moles e
acabam caindo.
"Hoje se sabe
que o paciente que tem doença periodontal se não cuida pode potencializar casos
de diabetes, problemas cardiovasculares", diz Anderson.
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