FONTE: Yuri Abreu, TRIBUNA DA BAHIA.
Entre 2009 e 2014, de acordo com dados do
Ministério da Saúde, o Brasil registrou cerca de 60 mil internações por conta
da automedicação.
Entre
2009 e 2014, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou
cerca de 60 mil internações por conta da automedicação – que é o ato de se
consumir medicamentos sem a prescrição médica. Do grupo de homens que fez parte
desse levantamento, 10% fizeram o uso esporádico dos chamados estimulantes
sexuais como Viagra, Cialis e Levitra, também sem ter passado por um
especialista antes.
Chama a
atenção, neste sentido, um estudo feito pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e
Qualidade (ICTQ). A pesquisa foi realizada em 16 capitais brasileiras e ouviu
2.340 pessoas em todas as regiões do país. Segundo os dados, Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul, lidera o levantamento, com 38% dos entrevistados terem
afirmado que usam algum tipo de estimulante sexual de forma recreativa.
Em
quinto lugar no ranking nacional e primeiro na Região Nordeste, 11% dos homens
que vivem no Recife, em Pernambuco, afirmaram utilizar medicações como Viagra,
Cialis e Levitra como forma de melhorar o desempenho sexual sem antes terem
passado por um consultório médico. No geral, ainda de acordo com o estudo, dos
que fazem uso de forma irresponsável, 56% pertencem às classes sócias A ou B,
38% têm idade a partir dos 56 anos e outros 15% têm menos de 40 anos.
De
acordo com o urologista e diretor da Clínica do Homem, Francisco Costa Neto, é
importante que os homens, antes de utilizarem qualquer medicamento que tenham a
finalidade de melhorar o desempenho sexual, passem por um consultório médico.
“É necessário que se faça um diagnóstico do que está provocando a disfunção
erétil. A questão da automedicação é que a de que esse ato, associado com outra
medicação pode gerar sérios problemas como infartos e até mesmo levar a morte”,
alertou.
Esse
consumo desmedido, e até algumas vezes exagerado destes medicamentos tem também
como conseqüências a queda de pressão brusca, que pode levar a desmaios e ao
usuário ter uma síncope, além de insuficiência renal. Em algumas situações, aí
levando em conta o fator psicológico, o usuário acredita que só vai ter a
ereção se tomar o remédio e, em outros casos, ter de tomar doses maiores da
medicação para acabar tendo o mesmo efeito. “As drogas são seguras, mas tudo
tem que ser acompanhado pelo médico responsável”, afirmou Costa Neto.
CAUSAS.
Segundo o especialista, são três as principais causas que levam a disfunção
erétil: problemas vasculares ou hormonais, psicogênicas e medicamentosas.
Nestas situações, os tratamentos são diferenciados. “Se o problema for
vascular, podem ser utilizados medicamentos injetáveis ou a colocação de
próteses. Se a questão for hormonal, uma reposição de hormônios pode ajudar.
Por último, na parte psicogênica, um acompanhamento com um psicoterapeuta,
aliado a utilização de estimulantes, pode ajudar o paciente a perder do medo de
não ter uma ereção satisfatória”, comentou.
Para o
urologista, se bem acompanhado por um especialista, o homem que venha a ter
disfunção erétil pode ter seus problemas resolvidos não apenas nesta, mas
também em outras deficiências, como a melhora no fluxo da urina, na expulsão
dos cálculos renais ou em algum tipo de cardiopatia grave que possa inibir a
ereção. “Para muita gente, é um verdadeiro fantasma não ter uma ereção normal”,
pontuou.
Por
outro lado, é necessário que a população masculina seja melhor informada sobre
os riscos de se consumir estimulantes sexuais sem a devida orientação médica.
Em Salvador, é muito fácil encontrar substâncias deste tipo sendo vendidas, inclusive,
em feiras e locais de comércio popular, como o Pramil, que é uma droga
falsificada. “A disfunção tem que ser cuidada e as pessoas têm que ter a noção
de que a vida dele é mais cara do que qualquer remédio que se encontra com
facilidade na rua. Penso que as agências de controle junto com os farmacêuticos
precisam se unir e realizar campanhas educativas para alertar ao cidadão desse
problema”, disse o urologista.
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