As características de
um novo tipo de doença foram descritas pela primeira vez por um grupo de
cientistas. Até aí tudo bem. Acontece que essa doença é extremamente parecida
com o Alzheimer – e pode ajudar a explicar a não tão rara ineficácia do
tratamento desse problema, que é a demência mais comum em todo o mundo.
Estamos falando da
LATE, descrita em um estudo publicado na terça-feira (30) na revista
científica Brain. De acordo com a pesquisa, ela afeta mais de
20% dos idosos maiores de 85 anos de idade. A sigla simplifica uma doença de
nome extenso e complicado: encefalopatia TDP-43 límbico-predominante
relacionada à idade.
Não se assuste: o nome
até ajuda a entender o que é essa encrenca. Encefalopatia significa que se
trata de uma doença no cérebro. TDP-43 é a proteína que contribui para a
manifestação da condição. “Límbico-predominante” diz que ela afeta o
sistema límbico, área do cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais.
E “relacionada à idade” indica que os mais atingidos são os idosos.
O que distingue a LATE
do Alzheimer é justamente a proteína TDP-43. Em uma pessoa jovem e saudável,
ela ajuda a regular a atividade genética no cérebro. Já quando se apresenta em
condições anormais, afeta o aprendizado e a memória. No caso de quem sofre com
Alzheimer são outras proteínas que estão por trás: tau e beta-amiloide.
Na prática, os sintomas
são bem parecidos: perda de memória, declínio cognitivo e alterações de humor.
A principal diferença é que a LATE se desenvolve mais devagar. Mas também é
possível que uma pessoa tenha as duas doenças – e aí, a degeneração é mais
rápida.
O fato de as duas
doenças serem causadas por proteínas diferentes explica a ineficácia de alguns
tratamentos para o Alzheimer – de nada adianta mirar em proteínas
beta-amiloides, por exemplo, se o problema está nas TDP-43.
Para os autores do
estudo, é essencial aprofundar os estudos na LATE para encontrar novos
tratamentos contra as demências. “Esperamos que esse trabalho contribua para
acelerar pesquisas que vão nos ajudar a entender as causas dessas doenças e
desvendar novas oportunidades terapêuticas”, disse Nina Silverberg,
diretora do centro de Alzheimer no Instituto Nacional de Envelhecimento, nos Estados
Unidos, em nota.
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