Você é capaz de saber
se uma pessoa está de mal com a vida pelo modo como ela se comporta nas redes
sociais. As palavras usadas num post, por exemplo, podem dar pistas importantes
sobre o humor das pessoas, e até as imagens escolhidas para a publicação podem
sinalizar um problema emocional.
Pesquisadores
descobriram que usuários do Twitter que sofrem de depressão ou ansiedade são
mais propensos a postar fotos com cores menos vivas, especialmente em tons de
cinza. As imagens publicadas também tendem ter menos valor estético, ou seja,
menos detalhes como profundidade, luz e simetria.
O estudo, feito por uma
equipe da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, ainda
trouxe outro dado interessante: em vez de exibir mais emoções negativas, os
usuários com esses transtornos tendem a suprimir as emoções positivas. Em vez
de aparecer triste ou com a testa franzida na foto de perfil, portanto, a
expressão é apenas séria.
A equipe chegou a essas
conclusões após analisar imagens postadas por mais de 4.000 usuários do Twitter
que consentiram em participar da pesquisa. Do total, 887 completaram
questionários para que fosse identificados sinais de depressão e ansiedade. Os
resultados serão apresentados em uma conferência internacional da Associação
para o Avanço da Inteligência Artificial (AAAI, na sigla em inglês), em junho.
No ano passado, os
mesmos pesquisadores divulgaram um estudo em que mostravam ser possível
diagnosticar a depressão até três meses antes de um diagnóstico só com o
rastreamento de certas palavras-chave utilizadas nos posts.
Como a relação entre
sintomas depressivos e padrões de uso de linguagem já é bem estudada, eles
decidiram se concentrar, desta vez, nos aspectos visuais. Isso pode ser um
detalhe a mais que trará mais precisão nos algoritmos para rastreamento de
transtornos, de acordo com os autores, liderados pelo pesquisador Sharath
Guntuku.
Além de postar mais
fotos marcadas por tons de cinza que os ansiosos, os usuários deprimidos também
apresentaram uma tendência maior a publicar fotos em que estavam sozinhos, sem
amigos ou parentes. Outra observação é que atividades de lazer ou hobbies
raramente aparecem como tema das imagens desses usuários. É que a depressão
muitas vezes acompanha uma certa apatia ou falta de prazer em atividades que,
para outras pessoas, seriam encaradas como algo bacana para exibir na rede.
Os pesquisadores
acreditam que, no futuro, esse tipo de ferramenta terá validade no diagnóstico
e tratamento de transtornos mentais. Uma evolução do diário que muitos
pacientes são estimulados a preencher e levar para o terapeuta, que poderia até
gerar avisos automáticos para o médico em situações de perigo. Mas claro que
tudo isso só pode ser feito com a permissão dos usuários.
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