Responsável por reduzir
burocracias, automatizar processos e aumentar a eficiência, a inteligência
artificial (IA) pode aumentar o desemprego no País em quase 4 pontos
porcentuais, nos próximos 15 anos. Os dados são de um estudo desenvolvido pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a Microsoft, e foram
apresentados ontem.
Para simular o impacto
da adoção de IA na economia brasileira, a pesquisa estipulou três cenários de
crescimento no uso da tecnologia - um otimista, um neutro e um pessimista. Os
panoramas também acompanham previsões de crescimento da economia brasileira.
No mais severo dos
cenários, os mais afetados serão os trabalhadores menos qualificados, que
poderão ver o desemprego aumentar em 5,14 pontos porcentuais; já o número de
vagas qualificadas pode subir com a adoção massiva de inteligência artificial,
em até 1,56 ponto porcentual. "A inteligência artificial aumentará a
desigualdade no País", diz Felipe Serigatti, professor de economia da FGV
e responsável pelo estudo.
A pesquisa analisou
seis segmentos da economia: agricultura, pecuária, óleo e gás, mineração e
extração, transporte e comércio e setor público (educação, saúde, defesa e
administração pública). Os trabalhadores mais afetados no cenário mais
agressivo são os mais qualificados dos setores de óleo e gás e de agricultura.
O primeiro terá redução nos empregos de 23,57%, e o segundo, de 21,55%.
"Esse impacto é diferente entre jovens e adultos, mas ainda precisamos de
mais dados", diz Serigatti.
Na pesquisa, foram
considerados apenas cenários nos quais o uso de IA varia. Foram desconsideradas
possíveis influências de reformas como a previdenciária ou a tributária, bem
como mudanças no padrão de crescimento da economia.
Aumento
de renda.
Por outro lado, a
implementação da tecnologia promete aumentar a renda tanto dos trabalhadores
menos quanto dos mais qualificados, em todos os cenários.
No mais agressivo, os
menos qualificados terão aumento de 7% na renda, enquanto os mais qualificados
verão esse número crescer em 14,72%. No mercado geral, o aumento de renda será
de 9,26%.
A pesquisa detectou nos
três cenários o aumento do bem estar da população, o que, segundo Serigatti, é
definido como acesso de bens de consumo e serviços: 0,9% no cenário brando e
9,6% no mais agressivo.
O aumento do PIB também
é registrado nos três cenários: 0,64% (brando), 1,32% (intermediário) e 6,43%
(agressivo).
Educação.
A pesquisa foi
divulgada em uma palestra sobre educação da Microsoft - empresa que tem longa
relação com o governo brasileiro e trabalha no setor de educação.
"A educação é mais
importante do que nunca para o futuro do Brasil e pagará dividendos em 20, 30,
40 anos. Eu disse isso a ministros da Educação anteriores", disse Anthony
Salcito, vice-presidente da divisão de educação da Microsoft, durante a
apresentação.
Questionado sobre o
atual momento do Ministério da Educação, Salcito repassou a palavra para Vera
Cabral, diretora da área da empresa no País. "É difícil falar sobre
governos, mas a gente gostaria de ter um ministro da educação que realmente
desse prioridade para a educação", afirmou.
*** As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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