Recentemente Bruno Covas, 39 anos, prefeito de
São Paulo, e Túlio Gadelha, 31 anos, advogado, deputado federal e namorado da
apresentadora Fátima Bernardes, foram hospitalizado por causa de uma trombose
venosa. As pessoas começaram a se questionar como esse problema pode acometer
pessoas tão jovens.
Segundo estimativas
recentes da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a cada ano
cerca de 180 mil pessoas no Brasil desenvolvem trombose venosa profunda. Os
coágulos mais comuns estão nas veias das pernas, onde podem causar dor, inchaço
e vermelhidão. A TVP é mais frequente após os 40 anos, e cerca de um terço dos
casos é seguido de embolia pulmonar, que mata mais de 20% dos pacientes
afetados.
“Os sintomas podem ser
vagos, como dor ou falta de ar. Se o médico não tiver uma suspeita, pode deixar
muitos casos passar”, afirma o Dr. Bengt Zöller, professor de medicina interna
da Universidade de Lund, na Suécia. Um estudo dinamarquês de 2010 revelou que
muitos jovens adultos relataram sintomas de embolia pulmonar dias antes da
morte. Porém os relatos não foram relacionados à trombose venosa devido a um
erro de interpretação. “Como a TVP e a embolia pulmonar podem ser difíceis de
reconhecer, é preciso enfatizar a prevenção”, afirma o Dr. Nigel Key, professor
de medicina da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA.
O
problema pode evoluir.
Tina Theobald, 42 anos,
à semelhança de Túlio, começou a sentir espasmos musculares que não melhoravam.
Ela havia começado a correr recentemente, e não deu importância à panturrilha
dolorida. Aplicou gelo e partiu numa curta viagem ao México, enquanto a perna
inchava. Na volta, numa consulta médica, recebeu o diagnóstico – pelo qual
foi hospitalizada de imediato – de um grande coágulo na perna. Dois dias
depois, Tina sentiu falta de ar e uma dor excruciante no peito. Uma porção do
coágulo se soltara e estava bloqueando a irrigação sanguínea de parte do
pulmão, um problema chamado embolia pulmonar, que pode ser fatal. Tina estava
descobrindo que havia desenvolvido a Trombose Venosa Profunda (TVP), conhecida
popularmente apenas por trombose.
Tina sempre pensara que
coágulos afetavam idosos – e de fato o risco é muito maior entre eles.
Porém, eles também atingem pessoas jovens e de meia-idade. Há fatores incluindo
certas medicações, gravidez, longos períodos sem atividade, traumas ou até
mesmo cirurgias. Como viagens de avião também costumam ser fatores de risco,
entenda como evitar a trombose venosa durante viagens de
avião.
As
medidas a seguir podem ajudar você a evitar coágulos potencialmente fatais:
1.
Revise seus remédios.
Toda medicação contendo
estrogênio (assim como anéis vaginais e anticoncepcionais mais recentes
contendo drospirenona) pode aumentar o risco de coágulos (assim como a
gravidez, com o risco normalizando cerca de 12 semanas após o
parto). Alguns meses antes de sofrer a TVP, Tina começara a tomar pílulas
anticoncepcionais.
Se a mulher estiver
preocupada quanto ao risco de coágulos, o médico pode recomendar contraceptivos
não hormonais, como métodos de barreira ou um DIU de cobre. O Colégio Americano
de Obstetras e Ginecologistas insiste em que os médicos cogitem prescrever
adesivos em vez de pílulas para mulheres que fazem terapia de reposição
hormonal após a menopausa. A pílula aumenta em até cinco vezes o risco de TVP
em comparação a não tomar hormônios, mas a administração cutânea não parece
afetar o risco de coágulo. Em junho de 2014, a FDA, a agência que regula
alimentos e medicamentos nos EUA, anunciou que os produtos à base de
testosterona devem exibir um aviso de que aumentam o risco de TVP. A prednisona
e outros esteroides, especialmente em dosagens altas, também elevam esse risco,
em homens e mulheres.
2.
Conheça seu histórico familiar.
Segundo constatou uma
pesquisa sueca, ter dois ou mais irmãos com TVP aumenta seu risco em 50 vezes
em comparação a alguém que não tenha irmãos com a doença. “Se você tiver um
histórico familiar expressivo, seu médico pode pensar duas vezes antes de lhe
prescrever hormônios ou anticoagulantes por mais tempo após uma cirurgia”, diz
o Dr. Zöller.
3.
Perca peso.
A obesidade pode mais
que dobrar o risco de TVP, sobretudo em mulheres com mais de 1,67 metro e
homens com mais de 1,82 metro. “Pessoas altas precisam bombear o sangue mais longe
contra a gravidade, o que pode reduzir o fluxo nas pernas e aumentar o risco de
coágulos”, explica Sigrid Brækkan, pesquisadora na Universidade de Tromsø, na
Noruega. Tina, que tem 1,70 metro, esteve perto de seu pisco de peso, com 86
kg, quando teve o coágulo.
4.
Mexa-se com frequência.
Ande e faça exercícios
com a panturrilha, como levantar e abaixar os calcanhares. Esse movimento
pressiona as veias e bombeia o sangue para cima, o que ajuda a evitar a
trombose venosa. A imobilidade é o motivo de viagens longas serem um risco. Os
médicos recomendam que você se levante aproximadamente a cada hora e movimente
os tornozelos quando sentado. Se seu risco for alto, pergunte sobre o uso de
meias de compressão ou anticoagulantes preventivos.
5.
A trombose venosa pode ser evitada com peixe.
Um estudo sueco de 2014
fez uma descoberta importante: o óleo de peixe pode ajudar a combater a
trombose venosa. Na pesquisa, foi descoberto que pessoas que tomavam cápsulas
de óleo de peixe ou comiam peixe tinham chance 48% menor de desenvolver a
doença.
6.
Fique atento no hospital.
Do total de TVPs, 60%
ocorrem em pessoas que foram hospitalizadas recentemente, seja por cirurgia,
trauma ou doença. Certifique-se de que os médicos conhecem sua medicação e seus
riscos de trombose venosa, como por exemplo um histórico familiar
significativo. Você deve ser incentivado a se movimentar, e pode precisar de
meias de compressão ou anticoagulantes. Além disso, não apenas siga as
orientações médicas antes, como também depois da alta. Doses de anticoagulantes
não tomadas podem ser um perigo, já que deixar de tomá-las pode causar muitos
coágulos.
Tina, por exemplo, é
disciplinada com os remédios por saber que as TVPs podem voltar ainda piores.
Cinco meses após a internação inicial de 13 dias, os médicos suspenderam o
anticoagulante varfarina. Entretanto um novo coágulo se formou meses depois,
fazendo sua perna inchar até ficar quase da largura da cintura. Os 10 dias que
ela passou no hospital trouxeram como resultado novas torturas, incluindo
injeções de anticoagulantes na coxa afetada.
Agora ela deve tomar
anticoagulantes – ou qualquer tratamento mais fácil que apareça –
pelo resto da vida. Além disso, usa meias de compressão quando se senta para
trabalhar em uma empresa de programação na Flórida. Nas horas vagas, ela se
mantém em movimento: está orgulhosa, porque acabou de completar seu quinto
triatlo.
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