FONTE: *** Mariana Nakajuni, Da Agência Einstein, https://www.uol.com.br/
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), três milhões de mortes por ano no mundo estão associadas ao consumo nocivo de álcool. Fatores como predisposição genética e as condições psicológicas do indivíduo podem desencadear o alcoolismo. Agora, um novo estudo publicado no periódico Science Advances revela que o surgimento da doença também está associado aos mecanismos do cérebro que regulam nossa resposta ao perigo.
A
pesquisa, conduzida pelas universidades de Warwick, Cambridge e Fudan, analisou
o funcionamento da relação entre duas áreas do cérebro: o córtex orbitofrontal
e a substância cinzenta periaquedutal. Quando a primeira estrutura detecta um
cenário desagradável ou de emergência, ela envia uma mensagem para a segunda,
que avalia se é preciso escapar dessa situação.
Os
cientistas constataram que os riscos de desenvolvimento do alcoolismo são
intensificados quando há um desequilíbrio na transmissão dessas informações,
que pode ocorrer de duas maneiras. Em uma delas, o álcool inibe a ação da
substância cinzenta periaquedutal, de modo que o cérebro não consegue processar
os sinais negativos. Assim, a pessoa sente apenas os benefícios do consumo de
bebidas, ignorando seus efeitos nocivos.
Em
um segundo cenário, essa mesma região é hiperativada, levando o indivíduo a
pensar que está constantemente sob condições de perigo e adversidades. Ele,
então, sente a urgência de recorrer ao álcool para escapar dessa situação.
"Nós descobrimos que o mesmo mecanismo pode falhar de duas maneiras
completamente diferentes, e ainda assim levar a um comportamento semelhante no
abuso de álcool", afirma Tianye Jia, coautora do estudo.
Para
chegar a essas conclusões, foram analisadas imagens de ressonância do cérebro
de 1.890 adolescentes enquanto faziam tarefas específicas, e também durante o
repouso - ou seja, quando não há nenhuma ação explícita sendo desempenhada. Os
participantes também responderam um questionário sobre consumo de álcool e
comportamentos impulsivos.
Quando
os jovens não recebiam recompensas pelas atividades - o que gerava sentimentos
negativos de punição -, a transmissão de informações entre o córtex
orbitofrontal e a substância cinzenta periaquedutal era interrompida de forma
mais intensa entre aqueles que demonstravam sinais de alcoolismo. Nos momentos
de repouso, os participantes que apresentavam uma hiperativação na regulação
entre essas duas áreas do cérebro — o que leva ao sentimento de querer escapar
de uma situação o quanto antes — também tinham níveis mais altos no consumo de
bebidas alcoólicas.
A
equipe de pesquisadores já havia observado padrões semelhantes em testes com
roedores. Para Jianfeng Feng, um dos autores do estudo, "é empolgante ver
que nós conseguimos replicar esse modelo em humanos e, claro, ir um passo além
na identificação do sistema de duas vias que conecta o abuso de álcool a
tendências de comportamento impulsivo". Os cientistas acreditam que o
estudo pode levar a intervenções mais efetivas na hora de tratar casos de
alcoolismo.
*** Fonte:
Agência Einstin.
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