A
anorexia é um transtorno mental caracterizado pela obsessão com o próprio
peso e a imposição de severas restrições alimentares a si mesmo. Segundo a ANAD, organização norte-americana sem fins lucrativos
dedicada ao combate dos distúrbios alimentares, a doença afeta 2,5 vezes
mais mulheres do que homens, e 0,9% das mulheres dos EUA são ou foram
anoréxicas. Uma em cada cinco vítimas de anorexia comete suicídio.
É
comum apontar, no mundo contemporâneo, a conexão entre o elevado número de
casos de anorexia e a representação do corpo da mulher nos meios de comunicação
e no mundo da moda – e é praticamente consenso na psiquiatria que a imposição
de padrões de beleza inalcançáveis a mulheres jovens tem uma boa parcela
de culpa nas estatísticas citadas acima.
Acontece
que às vezes o corpo também não colabora. Um estudo publicado no último dia 12
pela equipe da psiquiatra sueca Cynthia Bulik, do Karolinska
Institutet em Estocolmo, revelou que o distúrbio não pode ser atribuído só
a fatores sociais e psicológicos, mas também à ação de um gene específico, que
torna seus portadores mais pré-dispostos a ter a doença.
No artigo científico, um grupo de mais de 200 pesquisadores analisou o
material genético de 3.495 pessoas anoréxicas, curadas ou não, e o comparou ao
de 10.982 pessoas sem problemas de saúde. Eles descobriram que o locus genético rs4622308,
localizado no cromossomo de número 12, é determinante para o desenvolvimento da
doença. Locus é uma
expressão latina usada para se referir a posição que um gene ocupa dentro de um
cromossomo – o número aí em cima é como as combinações de letras e números que
um motorista usa para decorar a vaga em que estacionou seu carro em
um shopping.
Essa
foi a primeira vez em que uma variação genética diretamente associada ao
transtorno alimentar foi encontrada. Já se suspeitava há algum tempo,
porém, que a anorexia fosse uma doença parcialmente hereditária – estudos com
irmãos gêmeos que sofrem da doença levantam a hipótese com alguma frequência.
“Nós
unimos mais de 220 cientistas e trabalhadores da saúde para alcançar uma
amostra tão grande”, afirmou à imprensa Gerome Breen, do King’s College de Londres, um dos
co-autores do estudo. “Sem essa colaboração, nós jamais descobriríamos que a
anorexia tem raízes tanto psiquiátricas quanto metabólicas.”
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