A
baixa umidade que está colocando boa parte do país em estado de alerta pode
causar vermelhidão nos olhos, coceira, sensação de corpo estranho, queimação e
fotofobia. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto
Penido Burnier estes sintomas podem estar relacionados à síndrome do olho seco,
irritação por corpo estranho e conjuntivite alérgica ou viral. A terapia,
explica, varia de acordo com a alteração e uso contínuo ou frequente de outros
medicamentos. O problema é que a comparação entre duas pesquisas feitas por
Queiroz Neto mostra que nos últimos 10 anos a automedicação cresceu 66%. Passou
de 30% para 49%.
Olho
seco.
O
oftalmologista afirma que as doenças decorrentes da baixa umidade podem estar
correlacionadas e a mais frequente é a síndrome do olho seco, uma alteração na
qualidade ou quantidade da lágrima que pode levar à morte de células da córnea
e comprometer a visão se o tratamento for banalizado.
A
lágrima artificial é a terapia mais utilizada no combate ao olho seco, mas nem
sempre é a melhor alternativa. Por exemplo, comenta, o colírio lubrificante tem
efeito de uma “aguinha” para pessoas alérgicas que usam frequentemente
anti-histamínicos ou cardiopatas que tomam continuamente medicamento para
arritmia cardíaca, porque estes medicamentos diminuem a ação da lágrima
artificial. Nestes casos, destaca, uma alternativa de tratamento é a cápsula de
semente de linhaça que contém ômega 3 e por isso diminui a evaporação da
lágrima.
Outra
alternativa para quem tem olho seco severo, destaca, é o implante de um pequeno
plugue que mantém a lágrima represada na superfície ocular. “O implante é um
procedimento ambulatorial e reversível, mas como melhora a acuidade visual
nunca tive um paciente que quisesse retirar o dispositivo”, comenta.
Vermelhidão.
“A
maior concentração de poluentes no ar no período de seca, somada ao contato da
mucosa ocular com maquiagem e outros produtos de higiene pessoal ou limpeza
facilitam ainda mais a irritação dos olhos”, afirma Queiroz Neto. Para deixar
os olhos branquinhos, pontua, o mais indicado é o colírio adstringente que tem
ação vasoconstritora. O problema, observa, é que por contrair os vasos deve ser
evitado por quem tem hipertensão arterial, cardiopatia ou asma. Isso porque,
caso penetre na corrente sanguínea pelo canal lacrimal pode elevar a pressão
arterial, dificultar o desempenho do coração ou desencadear uma crise de falta
de ar conforme a doença crônica preexistente. A dica do médico para eliminar
estes riscos é pressionar o canto interno do olho com o polegar para evitar a
penetração na corrente sanguínea.
O
oftalmologista também alerta que o colírio adstringente mascara o olho seco e a
conjuntivite. Por isso seu uso provoca sequelas na visão de quem contraiu estas
doenças e se automedica. Os riscos não param por aí. Queiroz Neto adverte que
usar colírio adstringente com frequência pode causar efeito rebote e deixar os
olhos ainda mais vermelhos, além de antecipar a catarata. “Nossa lágrima ainda
é o melhor lubrificante para o olho”, pondera.
Conjuntivite.
O
especialista afirma que durante a seca os tipos mais comuns de conjuntivite,
inflamação da membrana que recobre a face interna da pálpebra e a esclera,
parte branca do olho, são a viral e a alérgica. A viral, comenta, tem secreção
viscosa, é altamente contagiosa e sinaliza baixa imunidade. Já a alérgica não é
transmissível e a secreção é aquosa, mas representa um fator de risco para o
ceratocone, doença que deforma a córnea e pode levar ao transplante.
Via
de regra, comenta, os casos mais severos dos dois tipos de conjuntivite são
tratados com colírio anti-inflamatório do tipo hormonal que contém corticóide e
por isso é mais agressivo no combate à inflamação. Já o tratamento da
conjuntivite viral branda pode ser feito com anti-inflamatório não-hormonal e
da conjuntivite alérgica com colírio anti-histamínico que não contém
corticóide. O médico adverte que o uso prolongado de colírio com corticóide
antecipa a catarata e provoca glaucoma. Por isso é um medicamento
contraindicado para que já tem glaucoma.
Queiroz
Neto ressalta que quando o assunto é saúde o mais complexo são as variáveis que
tornam os tratamentos individualizados. “Por exemplo, algumas pessoas alérgicas
são intolerantes aos corticóides e outras aos anti-inflamatórios não
hormonais”, comenta. Isso explica porque usar um colírio indicado pelo vizinho,
amigo ou familiar pode ser tão perigoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário