Pesquisa canadense
avaliou o efeito do princípio ativo da droga na formação de embriões.
Óvulos expostos ao THC,
o composto psicoativo da maconha, tiveram suas estruturas prejudicadas, o que
reduz a chance de serem viáveis para a fecundação.
É o que revela uma
pesquisa conduzida na Universidade de Guelph, no Canadá.
De acordo com o
trabalho, a maconha é a droga recreativa mais utilizada por pessoas em idade
reprodutiva – ela é liberada para esse fim no país da América do Norte.
E o aumento do uso da
cannabis se deu em paralelo ao das porcentagens de THC na droga.
No estudo, os
pesquisadores trataram osoócitosde vaca (oócitos são células que dão origem aos
óvulos) com concentrações equivalentes às doses terapêuticas e recreativas do
THC.
Os oócitos foram
coletados e amadurecidos em cinco grupos: não tratados, controle, baixo THC,
THC mediano e alto THC. As taxas de desenvolvimento e de expressão gênica dos
óvulos também foram mensuradas.
Os cientistas avaliaram
se as células seriam capazes de alcançar estágios críticos de desenvolvimento
em momentos específicos.
Com altas concentrações
de THC, eles descobriram que houve uma diminuição significativa e um atraso na
capacidade dos oócitos tratados chegarem a esses pontos de verificação. Isso é
um indicador para determinar a qualidade e o potencial de desenvolvimento de um
óvulo.
A exposição ao THC
levou a um decréscimo notável na expressão de genes chamados de conexinas, que
estão presentes em níveis elevados em oócitos de melhor qualidade.
Já nos oócitos com
características inversas a essas, o resultado foram embriões com
menor possibilidade de passar da primeira semana de desenvolvimento.
Dados preliminares
também mostraram que o THC afetou a atividade de um total de 62 genes nos
grupos de tratamento com o princípio ativo da maconha em comparação com os não
tratados.
“Isso implica menor
qualidade e capacidade de fertilização, portanto menor fertilidade no
final", disse Megan Misner, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho.
De acordo com o
ginecologista Eduardo Zlotink, do Hospital Israelita Albert Einstein, é um
estudo experimental. Segundo ele, já existem trabalhos apontando que o uso de
maconha na gravidez tem consequências deletérias e interfere no crescimento do
bebê.
“Mas essa pesquisa
mostra que pode ter um impacto genético também”, acrescenta o especialista. Daí
a recomendação de evitar a droga e afins na gestação".
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