A adoção em grande
escala do home office (teletrabalho) em função do isolamento social para conter
o novo coronavírus tem afetado a saúde mental de profissionais brasileiros.
Uma pesquisa do
LinkedIn, que ouviu duas mil pessoas na segunda quinzena de abril, indica que
62% estão mais ansiosos e estressados com o trabalho do que antes. O LinkedIn é
a maior rede social profissional do mundo.
O levantamento mostrou,
também, que, para o brasileiro, a falta de interação com colegas de trabalho
tem sido impactante: 39% dos entrevistados se sentem solitários, 30% se
confessam estressados pela ausência de momentos de descontração no trabalho e
20% sentem-se inseguros porque têm dificuldades em saber o que está acontecendo
com seus colegas de trabalho e a empresa onde trabalham.
Por outro lado, a falta
de interação com os colegas e a redução das interrupções relacionadas ao
ambiente do escritório fazem com que 33% considerem que estão mais produtivos.
Não é só a saúde mental
que está sendo afetada. A física também sofreu impacto com a chegada da
quarentena: 43% dos entrevistados estão se exercitando menos e 33% disseram ter
o sono afetado negativamente.
Horas
extras.
O home office também
tem significado horas extras de trabalho para muitos profissionais. Segundo o
estudo, 68% dos brasileiros que estão em casa têm trabalhado pelo menos uma
hora a mais por dia, com alguns profissionais chegando a trabalhar até quatro
horas a mais/dia (21%).
Além das horas extras,
trabalhar em casa impõe outro desafio para os profissionais: desligar-se das
atividades do trabalho. A pesquisa revelou, ainda, que 24% se sentem
pressionados a responder mais rapidamente e estar online por mais tempo do que
normalmente estariam.
A preocupação de se
mostrar ocupado com o trabalho tem relação com o medo de perder o emprego,
destacado por 18% dos entrevistados.
Essa pressão também faz
com que os profissionais adotem algumas posturas para mostrar que, mesmo em
casa, estão labutando muito, levando 27% a enviar e-mails fora do horário do
expediente.
Desafios
do trabalho em casa.
Além das preocupações
com as atividades do trabalho, a necessidade de conciliar o trabalho com a
atenção à família e, ao mesmo tempo, gerenciar a preocupação com o avanço do
coronavírus representam desafios em casa.
O estudo mostra,
também, que 34% acabam por se distrair ouvindo ou assistindo notícias sobre a
covid-19, 20% enfrentam dificuldades para conciliar o trabalho e o cuidado com
os filhos e 22% consideram desafiador trabalhar com o parceiro em casa.
Mesmo que com impactos
negativos em algumas áreas, o trabalho remoto trouxe benefícios em outros
aspectos. Os entrevistados indicam ganhos na convivência familiar: 59% afirmam
que, com a quarentena, o tempo de qualidade com a família aumentou. Outro ponto
positivo foi a adoção de uma alimentação mais saudável, apontada por 32%.
Retorno
ao trabalho.
A expectativa é que a
volta para o escritório implique em mudanças de comportamento, tanto nas
relações pessoais e aspectos emocionais quanto no uso de recursos tecnológicos.
Quando voltarem ao
trabalho, 52% acreditam que os contatos com os colegas serão mais frequentes,
41% apostam no uso mais intenso da tecnologia e 28% acreditam que a ansiedade
vai diminuir por poderem interagir com outras pessoas ao voltar para o
escritório.
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