terça-feira, 21 de julho de 2015

RITALINA É MODA ENTRE ESTUDANTES E TEM VENDA ILEGAL EM TODO O BRASIL...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

Porém, seu uso informal entre aqueles que "devoram" os livros para as provas, tornou a substância conhecida como "pílula da inteligência" ou "droga do concurseiro".

Muito conhecida pelos efeitos de aumentar a capacidade da concentração, a ritalina é uma substância controlada, e normalmente receitada para as pessoas que sofrem do déficit de atenção, contudo, sua real popularidade está no meio acadêmico, no pré-vestibular, e, principalmente entre os concurseiros, onde a capacidade de absorver melhor o conteúdo dos exames e provas é o que faz a diferença para o sucesso. 
Também conhecido como o metilfenidato, que vem da família das anfetaminas, a droga costuma a ser prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Porém, seu uso informal entre aqueles que “devoram” os livros para as provas, tornou a substância conhecida como “pílula da inteligência” ou “droga do concurseiro”. 
Este medicamento é encontrado na forma de comprimido ou cápsula, e ambos devem ser utilizados por via oral. Existem concentrações diferentes deste medicamento, podendo ser encontrado no Brasil na concentração mínima de 10mg/comprimido e máxima de 54mg/comprimido.
No que diz respeito a dose não existe a padronização para o tratamento com o metilfenidato, devendo ser individualizada, considerando o peso e outros fatores. 
O metilfenidato é um psicofármaco controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), através da Portaria 344/98 e obrigatoriamente deve ser dispensado através de prescrição médica.
Esta receita tem a cor amarela e uma das vias deve ser retida na farmácia, pois há risco de abuso e dependência. Sua venda pela internet é terminantemente proibida pelo órgão federal. 
Mesmo assim, isso não impede que os estudantes que, ansiosa e irresponsavelmente busquem pelos comprimidos através do mercado negro. Vasculhando nas redes sociais, não é difícil achar fornecedores anunciando o produto nos fóruns de discussão da internet.
Segundo reportagem publicada pelo Jornal da Globo, em uma rede social uma mulher da Bahia afirma ter o medicamento para pronta entrega no perfil do facebook “Ritalina online”.
No entanto, após a divulgação da reportagem, a página foi alterada, apesar de ainda permanecer com o mesmo nome. 
Entre os comentários, também há comentários daqueles que fizeram uso da substância e relatam os efeitos positivos. 
A qualidade deste produto é questionável, representando um risco de para qualquer um que o ingira. “Quando vendido de forma clandestina são “medicamentos” falsificados, sem qualidade e segurança da substância dentro daquela caixa. Esses medicamentos falsificados podem causar danos à saúde, através de uma intoxicação ou não fazer nenhum efeito na pessoa que porventura utilize-o”, alertou a farmacêutica Fernanda Barros, da Central de Informações do Conselho Regional de Farmácia (CFR-BA).  
O Ministério da Saúde não tem um levantamento sobre o uso da Ritalina por região, mas uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostrou que o uso do medicamento cresceu quase 800% nos últimos dez anos no Brasil.
De acordo com o delegado federal Gustavo Revisan, em entrevista concedida ao Jornal da Globo, a punição para quem vende deste medicamento de forma irregular, além do tráfico de drogas pode responder pelo crime do antigo 273 do Código Penal, que tem uma pena até pior do que o tráfico, que prevê pena mínima de dez anos. 
Medicamento divide especialistas até quando seu uso é indicado. 
Comumente receitada por neurologistas e psiquiatras infantis, a ritalina atualmente divide até mesmo os profissionais que trabalham com pacientes de TDAH.
Mesmo que a substância seja aceita como uma ferramenta positiva, graças a seu efeito imediato, especialistas divergem sobre a forma como a substância é utilizada.
Entre elas, está a pediatra Maria Aparecida Moysés, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
“A ritalina aumenta a concentração de dopaminas, que é o neurotransmissor associado ao prazer, nas sinapses. É certo que os prazeres da vida também fazem elevar um pouco a dopamina, porém durante um pequeno período de tempo. Contudo, o metilfenidato consegue aumentar ainda mais esta concentração. Assim, os prazeres da vida não conseguem competir com essa elevação. A única coisa que dá prazer, que acalma, é mais um outro comprimido de metilfenidato, de anfetamina. Esse é o mecanismo clássico da dependência química. É também o que faz a cocaína”, destacou a professora. 
A lista de sintomas é enorme, segundo aponta a docente. Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência.
“Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no FDA [Food and Drug Administration]. Não é algo desprezível. Além disso, aparecem outros sintomas como cefaleia, tontura e efeito zombie like, em que a pessoa fica quimicamente contida em si mesma”.
Outras possibilidades.
Os questionamentos ao metilfenidato também parte da área psicológica. Para a psicóloga infantil Lise Freitas, existe um abuso no diagnóstico que, segundo ela, muitas vezes é feita de forma “superficial e leviana”.
“Às vezes, transtornos comportamentais acabam sendo confundidos com TDAH, levando a um diagnóstico imediato para a criança”, explica ela, que defende um diagnóstico multidisciplinar, em parceria com os psicólogos. 
De acordo com a especialista, através da área de neuropsicologia, é possível ter um diagnóstico mais claro sobre o verdadeiro transtorno de crianças com suspeita de déficit de atenção.
A área é responsável por fazer uma série de exames com a criança, onde é apurada a sua memória, capacidade de concentração, fazer escolhas, e outros aspectos no qual é necessário utilizar o raciocínio. 
Segundo a psicóloga, por ser um trabalho com resultados a longo prazo, os pais não costumam descartar a possibilidade da neuropsicologia.
Contudo, muitos que procuram os consultórios com essa especialidade são pessoas que preferem não recorrer a medicamentos para tratar do transtorno dos filhos.

Além disso, Lise aponta que o remédio deve ser utilizado por um período pré-determinado, sendo retirado aos poucos, evitando a dependência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário