FONTE: Fernanda Aranda, iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Por meio do que chama "as
sete pausas da vida", cardiologista aponta como lidar com períodos como
menopausa e andropausa.
O passar dos anos pode ser saudável, mas o corpo dá sinais de que enfrenta períodos de pausas neste processo.
O
organismo fica à espera dos hormônios perdidos no meio do caminho,
das vitaminas e nutrientes negligenciados na jornada e ainda
necessita daquelas mudanças na alimentação prometidas por tempos, mas
esquecidas de serem colocadas em prática.
O
médico cardiologista Marcos Natividade estudou profundamente o envelhecimento e
focou sua pesquisa nas sete pausas que podem ocorrer ao longo da vida, trazendo
tristeza, cansaço, insônia, quilos extras e falta de apetite sexual. As pausas
são: menopausa (só feminina), andropausa (só
masculina), melatopausa, eletropausa, adrenopausa,tireopausa e somatopausa.
Em seu
livro Saúde, Estética & Prevenção Hoje (Ed. LMP), Natividade explica os
fenômenos bioquímicos que explicam estes sete processos. Em entrevista
ao iG Saúde, o especialista orienta a melhor forma de identificar
precocemente os sinais e amenizar o desconforto imposto ao bem-estar.
“O ser
humano caminha para ser centenário. Mas ainda precisa descobrir que não
envelhece e, então, caem as dosagens de hormônio. O conceito é inverso”,
explica ele. “Primeiro os hormônios diminuem e, só por isso, envelhecemos.”
Menopausa.
“É a
interrupção da produção dos hormônios sexuais femininos, o estradiol e a
progesterona. Ocorre ao redor dos 50 anos e traz sintomas importantes como
ondas de calor e dores”, explica Marcos Natividade.
Segundo
o especialista, o estresse é o principal vilão da menopausa. Por isso, é
importante que a mulher saiba o que lhe faz bem, quais atividades são
prazerosas e o que diminui a ansiedade, para que essas ações sejam
intensificadas no período da menopausa.
“Outro
pilar é a alimentação, em especial a aveia e a linhaça. Alimentos crus, e
peixes de água salgada também fortalecem o organismo e ajudam a diminuir os
sintomas desta fase”, resume Natividade. Ter sempre acompanhamento médico
também é importante para que o especialista possa direcionar a reposição
hormonal, caso necessário.
Andropausa.
“É o
interrupção, lenta e gradual, dos hormônios masculinos, especialmente a
testosterona”, explica Mário Natividade. “Mas engana-se quem pensa que o
primeiro sinal é a impotência ou a diminuição do apetite sexual. Se as mulheres
ficam mais tristes com a diminuição do hormônio, os homens ficam rabugentos. E
este processo já começa aos 35 anos. Se ele ainda tiver uma barriga mais
saliente e estiver com a pressão alta, é quase certo que o corpo já está em
andropausa.”
A
receita para eles é muito parecida com as orientações para mulheres na
menopausa. Driblar o estresse, fazendo coisas que dão prazer e descanso, é a
principal estratégia. Alimentação também é protetora, com alimentos crus e
castanha do Pará.
Melatopausa.
É a
diminuição da secreção melatonina, responsável pelo bom sono. Pode afetar
homens e mulheres, em qualquer idade, mas é mais comum após os 40 anos. “As
pessoas esquecem que a qualidade do sono começa em uma boa digestão alimentar.
A melatonina é secretada no intestino, então primeiro há uma falha no processo
digestivo e depois um impacto na hora de dormir”, explica Marco Natividade.
A
diminuição da melatonina – a estimativa é que a cada década de vida haja uma
diminuição entre 10% e 15% da produção – pode ser amenizada pelo consumo de
aminoácidos (peixes, carnes, ovos, soja). Além da sensação de cansaço, outro
sintoma desta pausa são os gases, a prisão de ventre e a sensação de estar
estufado.
É a
diminuição da pregnenolona, hormônio responsável pela memória. “Muitas pessoas
estão com a memória ruim e não sabem, porque hoje temos muitas formas de
armazenar informações, como agendas de celulares, computadores etc”, explica o
médico.
“Mas um
macete para saber se a pessoa está com o cérebro comprometido é a
capacidade que ela tem de lembrar seus sonhos. Se raramente ela lembra de ter
sonhado já é um indício. Se quando lembra, o sonho está em preto e branco
também é sinal de que precisa aumentar a pregnenolona.”
Segundo
Natividade, a raiz da oferta do hormônio da memória é ômega 3, que pode ser
encontrado nos óleos de peixe. “O ômega 6 também é importante, mas para cada
mililitro de óleo de girassol, soja trigo consumido, é preciso consumir um
mililitro de óleo de peixe.”
Adrenopausa.
É a
sensação de que falta energia no corpo, provocada pela queda dos hormônios
cortisol e DHEA.
“São
dois hormônios produzidos por uma glândula pequena, que fica sobre o rim, como
se fosse um chapéu”, explica Marcos Natividade. As situações estressantes são
as que mais desequilibram a produção destas duas substâncias e, por isso, podem
afetar homens e mulheres em igual proporção e em qualquer fase da vida. Porém,
quanto mais tempo sem cuidar do cortisol e da DHEA, mais diversificados ficam
os efeitos colaterais. O primeiro sinal é a fadiga constante. Depois aparecem o
inchaço e também os quilos extras.
“Afeta
o organismo inteiro e uma das soluções é aumentar a melatonina (relacionada à
melatopausa). Por isso, a solução principal via alimentação é aumentar o
consumo de peixes e de aminoácidos em geral."
Tireopausa.
Queda na
produção de hormônios da tireoide. Cuidar deste órgão do corpo evita não apenas
a obesidade, mas o ressecamento da pele e dos cabelos, além do aumento do
colesterol, três processos muito frequentes no envelhecimento. Fazer exames que
medem a dosagem dos hormônios da tireoide, ao menos, uma vez por ano garante
uma intervenção precoce.
Por
meio da alimentação, o que garante o bom funcionamento da tireoide é evitar os
jejuns prolongados, diminuir a ingestão de carboidratos e de bebidas
alcoólicas, equacionar as dosagens de nutrientes – pesquisa recente mostrou que
90% dos brasileiros consomem quantidades inadequadas de cálcio, sódio, fibras e
açúcares – além de investir na soja.
Somatopausa.
Diminuição
do hormônio responsável pelo crescimento. Segundo o médico cardiologista Marcos
Natividade ainda há certa polêmica sobre a reposição deste hormônio, já que é
natural que ele diminua depois que a pessoa chega à fase adulta.
Mas, de
acordo com o que escreve em seu livro, a produção influencia no combate a
insônia e depressão e diminui a gordura corporal. Como pode acarretar reações
adversas graves, é preciso fazer uma investigação minuciosa dos pacientes para
avaliar se os benefícios superam os riscos.
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