FONTE: Agência Brasil, CORREIO DA BAHIA.
Segundo dados
do Ministério da Saúde, o número de casos de microcefalia saltou de 147 para
739 neste ano.
Sem estudos em toda a literatura médica
que relacionem a infecção de gestantes pelo vírus Zika com o nascimento de
crianças com microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden defende que
os novos casos dessa deformidade no cérebro revelam uma nova doença, já que
fogem do padrão conhecido.
“Se é provocada pelo Zika ou por outro vírus, ou outro
agente, não sabemos. O que posso dizer é que os casos não seguem o padrão que a
gente vê nas outras pacientes que têm infecção congênita e filhos com
microcefalia”, explicou Vanessa, do Hospital Barão de Lucena, presidente da
Associação de Assistência à Criança Deficiente do Recife.
Ela foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde
de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de
crianças com o crânio menor que o normal. “Um dia, cheguei à UTI [Unidade de
Terapia Intensiva] e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim, isso
me deixou intrigada, normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois
meses”, relatou.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de casos de microcefalia saltou de 147, em 2014,
para 739 neste ano, a maioria (487) em Pernambuco. A microcefalia é uma má-formação congênita, em que
o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.
A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter
diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo
citomegalovírus. Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na
visão, na audição ou em outros órgãos.
Segundo a médica, em muitos desses novos casos os
recém-nascidos têm comprometimento do coração, “mas a amostra ainda é muito
pequena para dizer que está relacionado à nova doença”.
À medida que os casos foram chegando, a neuropediatra
pedia exames para toxoplasmose e para citomegalovírus, e todos deram negativo.
A especialista diz que recebeu informações de casos parecidos fora do Nordeste
e que tudo deve ser bem investigado.
Vanessa participou na terça-feira (24) de um seminário
para profissionais de saúde do Distrito Federal, em Brasília. Segundo ela, há
casos de crianças com microcefalia que se desenvolvem, têm filhos, mas que em
outros casos o bebê tem muitas convulsões e por isso pode não ter o
desenvolvimento adequado.
A relação entre o aumento de casos de microcefalia e a
presença do vírus Zika em gestantes foi cogitada mais fortemente há pouco mais
de uma semana, quando o Laboratório de Flavivírus, do Instituto Oswaldo Cruz
(Fiocruz), no Rio, constatou a presença do vírus em amostras de duas gestantes
da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia.
Segundo o Ministério da Saúde, apesar de ser um
resultado importante, os dados atuais não permitem confirmar a relação da
infecção pelo Zika com a microcefalia. Essa correlação está sendo
investigada em parceria pelo governo federal e os estaduais. Os primeiros
casos de Zica no Brasil foram registrados em maio de 2015.
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