FONTE: Acorda Cidade, TRIBUNA DA BAHIA.
Saiba quais são e como se prevenir para evitar o
pior.
De
acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, o Brasil tem hoje cerca de
9 milhões de diabéticos – o equivalente a 6,2% da população adulta.
Entre
os pacientes do tipo 2, no entanto, pesquisa da Sociedade Brasileira de Retina
e Vítreo (SBRV) mostra que 60% desconhecem que a doença pode causar perda de
visão e 62% não fazem qualquer tipo de acompanhamento relacionado à retinopatia
diabética, uma das doenças que mais causam cegueira no Brasil, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS) ao lado do glaucoma, degeneração macular,
catarata e até sífilis.
O censo
de 2010 do IBGE mostra que 6,5 milhões de brasileiros têm algum tipo de
deficiência visual, sendo 528 mil cegos (entre a cegueira de nascença e a
adquirida) e mais de 6 milhões com grande dificuldade permanente de enxergar, a
chamada baixa visão ou visão subnormal.
A OMS
alerta que, em todo o mundo, 80% dos casos de cegueira ou deficiência visual
poderiam ser evitados se ações preventivas e/ou de tratamento fossem
incrementadas. Como a informação é a base da prevenção, conheça 5 doenças que
podem levar à cegueira, seus principais sintomas e formas de prevenção e
tratamento.
1. Glaucoma – Maior causa de perda definitiva da visão no
mundo.
Marcada
por lesões no nervo óptico – que deixa de levar ou leva de forma insuficiente
as informações visuais ao cérebro - na maior parte das vezes a doença é causada
pelo aumento da pressão ocular, que ocorre devido a uma falha no sistema de
drenagem do líquido que circula de forma contínua no interior do olho (humor
aquoso) – e que é o responsável pela nutrição e hidratação das estruturas ao
seu redor.
O
glaucoma pode ser também congênito, afetando crianças recém-nascidas, ou agudo,
quando a pressão intraocular aumenta de forma súbita.
Alguns
grupos têm mais tendência a apresentar a doença, como pessoas míopes, negras,
com idade acima dos 40 anos, hipertensos, diabéticos e com histórico familiar
da doença.
Os
principais sintomas são pontos cegos na visão periférica, perda ou defeitos no
campo visual, cefaleia, visão turva, pupilas dilatadas, náuseas, dor ocular,
desconforto ou ardência nos olhos, faíscas ou luzes nas vistas, visão de
auréolas como arco-íris, pontadas fortes e olhos vermelhos.
A
prevenção é possível, e passa por um dado cultural: o convencimento da
população a ir ao oftalmologista pelo menos uma vez por ano para medir a pressão
ocular e a cada seis meses para os grupos de risco.
Quanto
mais precoce for o diagnóstico mais fácil de tratar e controlar o glaucoma,
evitando a perda total da visão por meio do uso frequente de colírios ou de
cirurgia.
2. Degeneração macular – Principal causa de cegueira na
velhice.
Apesar
disso, a maior inimiga da visão não é a velhice, mas sim a falta de informação.
A pesquisa Saúde Ocular na Terceira Idade, conduzida com 5 mil pessoas em sete
estados brasileiros em 2014 e promovida pela Associação Retina Brasil, mostrou
que 81% dos brasileiros nunca ouviram falar da degeneração macular relacionada
à idade (DMRI).
A
doença, que provoca a deterioração da visão central em pessoas com mais de 60
anos através de lesões na mácula causadas pela oxidação das células da retina,
pode ser prevenida desde muito antes.
Hoje
calcula-se que 3 milhões de pessoas acima dos 55 anos tenham o problema no
Brasil, cuja prevalência é na Região Sul. Explica-se: ela é prevalente entre os
caucasianos, mas outros fatores de risco são a hereditariedade, a má
alimentação e, principalmente, o tabagismo, que causa o envelhecimento das
células predispondo-as à degeneração.
A
prevenção deve ser feita através da alimentação saudável com peixes e couves,
hábitos saudáveis, principalmente o abandono do tabagismo, e a ida anual ao
oftalmologista já que, uma vez detectado o problema o tratamento pode ser feito
através de vitaminas antioxidantes.
O
acompanhamento da visão ao longo da vida é essencial para evitar problemas na
velhice. De acordo com a revista The Lancet Global Health, a estimativa é que
8,7% da população mundial tenha DMRI, atingindo mais de 196 milhões de pessoas
até 2020 e 288 milhões até 2040. No Brasil, hoje, 2,9 milhões de pessoas com
mais de 65 anos têm a doença.
3. Retinopatia diabética – Injeção pode reverter cegueira
causada pela doença.
A
retinopatia diabética (RD) é silenciosa: normalmente só se manifesta, como uma
visão borrada e manchas negras, quando a cegueira já é iminente e é hoje a
principal causa de perda de visão entre pessoas de idade ativa. No entanto, a
ida regular ao oftalmologista é capaz de identifica-la, controla-la e, a partir
de agora, até reverter a doença.
Aliada
à prevenção e ao controle da diabetes, uma injeção do antiangiogênico
aflibercepte (Eylea) aplicada diretamente no olho impede o surgimento
descontrolado de vasos sanguíneos, causado pelos níveis anormais de açúcar no
sangue, que causa a RD.
A
novidade, que na realidade já é utilizada para controlar a DMRI mas só agora
começa a ser aplicada ao tratamento da RD, foi apresentada pela Bayer em um
congresso médico na Colômbia em maio deste ano. No Brasil a expectativa é que a
Anvisa libere seu uso ainda este ano.
A
estimativa dos especialistas é que depois de 20 anos de convivência negligente
com a diabetes quase todos os pacientes do tipo 1 e 60% dos pacientes do tipo 2
desenvolvam a RD – que, na realidade, pode ser evitada em 80% das vezes apenas
com mudanças na dieta e a prática de exercícios físicos.
4. Catarata – Maior causa de cegueira reversível no mundo.
Causada
pela opacidade do cristalino, a lente natural do olho que fica atrás da pupila,
ela impede a passagem natural da luz à retina para a formação das imagens que
são transmitidas ao cérebro.
Até
agora, a única forma de reverter a catarata é a cirurgia de substituição do
cristalino, mas cientistas da Universidade da Califórnia (EUA) descobriram um
colírio à base de lanosterol, ainda em fase de testes, que pode ser capaz de
reduzir a quantidade de proteína depositada no cristalino. A esperança dos
pesquisadores é que a substância sirva tanto para tratamento quanto para
prevenção da catarata.
Hoje o
que se sabe é que esse depósito de proteínas acontece como resultado do
envelhecimento, principalmente após os 60 anos, mas também por fatores como
traumatismos, inflamações oculares, uso de determinados medicamentos, defeitos
congênitos ou predisposições genéticas, exposição à luz ultravioleta, diabetes,
tabagismo e desnutrição, por exemplo.
A sua
forma congênita, que acomete recém-nascidos, é a principal causa de cegueira na
infância em todo o mundo, e foi justamente da observância da ausência no lanosferol
nessas crianças que os cientistas desenvolveram o colírio. Sua ocorrência é
maior em crianças cujas mães tiveram doenças como toxoplasmose, sífilis ou
rubéola durante a gravidez.
Entre
as formas de prevenção da doença estão uma alimentação rica em nutrientes,
especialmente antioxidantes; redução do consumo de álcool e do tabagismo, que
causam o envelhecimento precoce das células; proteção contra os raios UV com o
uso habitual de óculos escuros e controle da diabetes.
5. Retinopatia hipertensiva.
Dados
do IBGE mostram que 21,4% da população adulta brasileira já foi diagnosticada
com hipertensão arterial – 50% entre as maiores de 55 anos. O que muita gente
não sabe é que a doença também pode causar cegueira, sendo que são justamente
as alterações oftalmológicas as primeiras manifestações da doença.
Por
isso, a ida regular ao oftalmologista, em qualquer idade, na verdade é capaz de
prevenir ambos os problemas de uma só vez, já que a elevação da pressão
arterial pode ser percebida através do exame de fundo de olho.
O
motivo é simples: a hipertensão arterial atinge o sistema cardiovascular como
um todo, fazendo com que este exame seja uma observação direta do problema,
facilitando seu diagnóstico precoce.
A
retinopatia hipertensiva ocorre quando a pressão arterial torna-se extremamente
elevada, atingindo a retina de forma direta. Nos casos mais graves ela pode
causar cegueira que, por sua vez, pode ou não ser reversível.
Promover
a educação quanto à saúde ocular é o primeiro passo para uma visão mais saudável.
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