FONTE: Fabiana Marchezi, Colaboração para o UOL, em Campinas (SP) (noticias.uol.com.br).
A morte da estudante Petra Heleno,
18, após uma tomografia computadorizada voltou a colocar em xeque a segurança
do contraste -- composto químico -– injetado no paciente antes do exame para
melhorar a qualidade das imagens. No caso da estudante de Campinas (a 93 km de
São Paulo), o uso do contraste iodado iônico resultou em um choque anafilático
– reação alérgica grave – que a levou à morte.
Entretanto, especialistas ouvidos
pelo UOL garantem que o procedimento é seguro e que o que aconteceu com
Petra foi uma fatalidade. Os riscos de reações alérgicas tanto para o iodado
iônico – usado para tomografia – quanto para o gadolínio – utilizado na
ressonância magnética – são mínimos.
"Foi uma tragédia. O risco é
próximo de uma alergia a qualquer outra coisa, como casos de pessoas que morrem
ao tomar uma vacina por não saber que tem alergia ao componente dela. Ou alguém
que ingere uma comida sem saber que é alérgico, ou seja, a chance de uma reação
alérgica grave ao uso do contraste é mínima", afirmou o médico Conrado
Cavalcante, radiologista e consultor da Abramed (Associação Brasileira de
Medicina Diagnóstica).
Segundo o CBR (Colégio Brasileiro de
Radiologia), com base em estudos internacionais, as reações adversas ao exame
feito com iodado iônico acontecem numa proporção de 1 para cada 150 mil
pacientes e, entre os que apresentam alguma reação, as mortes acontecem uma a
cada 15 mil.
"Milhares de exames são feitos
diariamente no mundo e os casos de morte são muito raros. Reações leves e até
moderadas podem ser um pouco mais comuns, mas mesmo assim são bem difíceis. Não
há motivo para pânico. O que aconteceu foi um caso isolado", explicou
Antonio Carlos Matteoni de Athayde, presidente do CBR.
Athayde afirmou que não existe nenhum teste prévio para assegurar que o paciente não terá reação ao contraste.
"Mesmo que fosse injetada uma
quantidade pequena antes, não haveria como garantir porque a reação não depende
da quantidade injetada. Não dá pra saber a reação do organismo quando receber o
composto, independente da dosagem. Mas o contraste é bem tolerado pela grande
maioria dos pacientes", ressaltou.
Segundo ele, o que existe para tentar
minimizar em caso de reação é uma dessensibilização prévia, que geralmente é
feita com antialérgicos, como corticoide. Isso é mais comum quando o paciente
relata quadros anteriores de alergias graves, como por exemplo, edema de glote
– fechamento da garganta -- ao comer camarão. "Mesmo assim, não tem como
garantir que a pessoa não terá reação ao contraste", disse.
Médico analisa
necessidade do contraste.
Para Paulo Camiz, professor de
clínica geral do Hospital das Clínicas de São Paulo, o mais importante é que o
médico avalie caso a caso a necessidade do exame e do uso do contraste. "O
médico, que geralmente já tem o histórico do paciente, deve avaliar a
necessidade do exame e do contraste porque cada caso é um caso",
ressaltou.
O contraste é usado para destacar
determinadas partes do organismo, como coração, fígado e tecidos moles.
"Quando recomendado, o uso do composto é determinante para o diagnóstico
preciso", comentou.
Porém, segundo ele, alguns grupos são
considerados de risco e devem evitar o uso de contraste, como pessoas que já
tiveram uma reação branda em um procedimento anterior, pacientes que já têm
predisposição a reações alérgicas graves e indivíduos com asma.
"Mesmo o risco de uma reação que
leve a morte sendo muito baixo, é realmente importante que o médico avalie
todos esses fatores até para evitar intercorrências, mesmo as mais
simples", explicou.
Para Camiz, alguns fatores podem ser
determinantes na hora de socorrer um paciente de uma possível reação alérgica.
A clínica ou hospital precisa ter os equipamentos de emergência necessários e,
na hora do exame, o paciente deve estar acompanhado por um radiologista.
"O radiologista deve estar
presente durante a aplicação do contraste exatamente para saber agir em casos
de intercorrências. Mas infelizmente em casos raros, mesmo com todos os
cuidados, nada pode ser feito", concluiu.
Camiz citou um estudo australiano com
bases mundiais que indica que a chance de reação grave em decorrência do
contraste aumenta significativamente conforme a idade do paciente.
"O estudo mostrou que
em pessoas com mais de 65 anos a média é de 35 óbitos por milhão dos que usam o
contraste. Já em pacientes com menos de 65 anos são registradas
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