Padrões de sono
inconstantes podem estar ligados ao aumento do risco
de Alzheimer. É o que sugere um estudo preliminar
realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Segundo
a pesquisa, publicada esta semana na revista Proceedings of National
Academy of Sciences, quando um indivíduo não
descansa adequadamente, os níveis de uma substância tóxica no cérebro aumentam,
podendo causar doenças que prejudicam a memória.
Os resultados do estudo
apontaram que após uma noite de privação de sono, os participantes
apresentaram níveis muito altos de beta-amiloide, uma proteína conhecida por
ser um fator de risco para o Alzheimer, em comparação aos níveis encontrados em
pessoas que tiveram uma boa noite de sono.
A
pesquisa.
De acordo com The
Irish Times, o exame preliminar acompanhou 20 participantes saudáveis, com
idades entre 22 e 72 anos, ao longo de duas noites. A pesquisa descobriu que
houve um aumento significativo – cerca de 5% – nos níveis de beta-amiloide dos
voluntários privados de sono durante a noite. “O aumento da beta-amiloide
que vimos nos cérebros das pessoas provavelmente é um processo
prejudicial. Podemos concluir que maus hábitos de sono criariam um risco para o
Alzheimer”, disse o médico Ehsan Shokri-Kojori, líder do estudo.
Esta é a primeira vez
que essas alterações cerebrais ligadas à condição são estudadas após uma
noite de insônia em um cérebro humano.
Estudos sobre os níveis
de beta-amiloide em determinados grupos de indivíduos apontaram que pessoas com
leve perda de memória possuem 21% a mais dessa proteína em seus cérebros do que
pessoas saudáveis; já aquelas com Alzheimer têm 43% a mais de
beta-amiloide do que pessoas sem a doença. Para os autores, o sono pode
desempenhar um papel importante no sistema natural de eliminação de resíduos,
acabando com o material potencialmente nocivo do cérebro, inclusive a
beta-amiloide.
Entretanto, como o
estudo não comprovou se os efeitos de uma noite sem dormir são
duradouros ou só podem ser vistos apenas durante dia seguinte, ele recebeu
críticas de outros pesquisadores estudiosos do Alzheimer.
Críticas
ao estudo.
Apesar de concordar com
a descoberta, o diretor científico da Alzheimer’s Research UK, o médico
David Reynolds, afirmou que o estudo não analisou o porquê de uma noite de
sono melhor influenciar na diminuição dos níveis de beta
amiloide. “Descobrir mais sobre como o cérebro processa esta proteína dará
aos pesquisadores conhecimento vital enquanto eles trabalham em maneiras de limitar
a formação prejudicial de beta-amiloide que vemos na doença de Alzheimer”,
disse ele ao The Irish Times.
Ainda segundo Reynolds,
embora haja uma série de benefícios conhecidos para a saúde quando uma pessoa
desfruta de uma boa noite de sono, mais pesquisas são necessárias para analisar
exatamente como certos padrões de sono afetam o risco de Alzheimer a longo
prazo.
A professora Tara
Spiers-Jones, cientista do Instituto de Pesquisa em Demência do Reino Unido
ligado à Universidade de Edimburgo, comentou que a pesquisa tem algumas
deficiências, entre elas o número muito pequeno de participantes. De acordo com
ela, o método utilizado para medir a quantidade de proteína no cérebro das
pessoas detecta com precisão grandes aglomerações de beta-amiloide, comumente
vistas no cérebro de pacientes com Alzheimer. No entanto, Tara disse que não é
possível saber se é uma ferramenta precisa para medir os agrupamentos menores
que podem ocorrer em pessoas saudáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário