Estudo
mostra potencial da terapia para conter progressão do sintoma nos primeiros
estágios da doença.
A estimulação cerebral
profunda (ECP) pode frear a progressão dos tremores do mal de Parkinson nos
estágios iniciais da doença, mostra estudo de pesquisadores do Centro Médico da
Universidade Vanderbilt, nos EUA, publicado nesta sexta-feira no periódico científico
“Neurology”, editado pela Academia Americana de Neurologia. O estudo é a
primeira evidência de que este tipo de tratamento pode conter o avanço do
sintoma que é uma das marcas do mal de Parkinson, mas um ensaio clínico de
grande escala por múltiplos centros de pesquisa ainda é necessário para
confirmar a descoberta.
- O achado sobre a
progressão dos tremores é verdadeiramente excepcional – considera David
Charles, autor sênior do estudo e vice-presidente do Departamento de Neurologia
da universidade americana. - Ele sugere que a ECP aplicada nos estágios
iniciais do mal de Parkinson pode frear a progressão dos tremores, o que é
notável, pois nenhum outro tratamento para Parkinson já foi provado capaz de
interromper a progressão de qualquer elemento da doença.
Os pacientes do estudo
foram escolhidos aleatoriamente para receber a estimulação cerebral profunda
conjugada com uma terapia farmacológica ou só o tratamento farmacológico. Ao
final de dois anos, os que receberam apenas os remédios tinham uma chance sete
vezes maior de desenvolver novos tremores de repouso do que os que tomaram os
medicamentos mais a ECP.
O experimento, que
começou em 2006, foi alvo de controvérsias por ter recrutado pacientes ainda
nos estágios iniciais de Pakinson para se submeterem à delicada cirurgia de
implante de eletrodos no cérebro necessária para o tratamento de estimulação
cerebral profunda. Naquela época, a ECP era aprovada apenas para o Parkinson em
estágios avançados, quando os sintomas já não pudessem mais ser controlados com
medicação.
"Como este foi o
primeiro ensaio de ECP precoce, não se sabia se haveria sintomas motores
individuais dos estágios iniciais de Parkinson que pudessem ser potencialmente
melhorados com a estimulação", lembra Mallory Hacker, primeira autora do
estudo e professora-assistente de neurologia da Universidade Vanderbilt.
As análises posteriores
dos dados, no entanto, mostraram que 86% dos pacientes do grupo que recebeu
apenas a terapia farmacológica contra a doença desenvolveram tremores de repouso
em membros anteriormente não afetados ao longo de um período de dois anos,
enquanto o mesmo aconteceu com apenas 46% dos pacientes que receberam a terapia
de ECP mais os medicamentos. Além disso, quatro dos pacientes do grupo de ECP
mostraram melhorias nos tremores de repouso, e o sintoma desapareceu
completamente de todos membros afetados em mais um deles.
A Administração para
Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, na sigla em inglês) já autorizou a
Universidade Vanderbilt a liderar um estudo multicêntrico de grande escala em
fase 3 – geralmente a última antes da aprovação ou não de um novo remédio ou
tratamento pela autoridade sanitária americana – da terapia de ECP para o
Parkinson em estágios iniciais. O ensaio clínico com início previsto para o ano
que vem vai recrutar 280 pessoas ainda nas primeiras fases da doença e vai
envolver outros 17 centros médicos nos EUA.
"O campo da
terapia de ECP para o mal de Parkinson está caminhando para os estágios
iniciais do tratamento, então precisamos conduzir um ensaio decisivo para
garantir a segurança dos pacientes e dar à comunidade de vítimas do Parkinson
as melhores evidências médicas possíveis para guiar seu tratamento",
conclui Charles.
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