FONTE: *** Rico Vasconcelos, https://ricovasconcelos.blogosfera.uol.com.br
O Papilomavírus Humano
(HPV) já é um antigo conhecido dos seres humanos, mas até hoje tem muita gente
que desconhece sua existência, suas vias de transmissão e as estratégias
eficazes de prevenção.
Vamos então fazer um
resuminho com o que você precisa saber para não ficar de fora nem desesperado
quando o assunto for HPV.
O HPV é a Infecção
Sexualmente Transmissível (IST) que há mais tempo se dissemina entre os seres
humanos. Já na Grécia antiga é possível encontrar registros de pessoas com
verrugas genitais, e ainda hoje esse vírus é o principal causador do câncer de
colo do útero em todo o mundo.
Ele só é capaz de
infectar seres humanos e já foram descritos mais de 150 subtipos de HPV.
Entretanto, apenas cerca de 40 são transmitidos por via sexual.
Acredita-se que
praticamente toda a população mundial sexualmente ativa, em algum momento da
sua vida, estará infectado com algum tipo de HPV. Por sorte, nosso sistema
imunológico é capaz, em quase todas as vezes, de enfrentar esse vírus e
eliminá-lo por completo, antes mesmo que ele chegue a causar algum sintoma.
Uma pequena parte das
pessoas não consegue se livrar do vírus, e assim permanece com ele no corpo,
algumas vezes por meses ou até anos. Entre esses indivíduos, os sintomas que
podem aparecer são verrugas e, de maneira mais rara, lesões precursoras de
câncer. O principal câncer causado pelo HPV é o de colo de útero, mas também
existem casos de câncer de canal anal, pênis, boca e garganta relacionados com
o vírus. Todos eles são potencializados por fatores comportamentais, como por
exemplo o tabagismo.
A transmissão do HPV
pode ocorrer quando existe contato e atrito entre a pele ou mucosa de duas
pessoas. Dessa maneira, é possível concluir que mesmo usando o preservativo
masculino pode ainda haver transmissão do HPV, uma vez que existe contato da
pele que permanece descoberta. O preservativo feminino, por cobrir uma área
maior da pele, teoricamente promove uma proteção um pouco melhor.
Assim, achar que é
possível passar por esse planeta, com vida sexual ativa, sem cruzar com o HPV é
uma ilusão. Melhor do que buscar essa utopia é entender que a meta não deve ser
não pegar HPV, e sim ficar atento às formas raras mais graves da infecção.
Para isso, não se culpe
e nem se desespere caso descubra que está com HPV. Se encontrou uma verruga
genital ou outra lesão nova em você, procure logo avaliação médica para
realizar o tratamento, pois assim resolve o seu problema e deixa de transmitir
para outras pessoas.
Em mulheres está indicado
o rastreamento do HPV e do câncer do colo de útero, mesmo que não haja
sintomas. Isso é feito na rotina do acompanhamento ginecológico com o exame de
Papanicolau. Não existe ainda recomendação de rastreamento de rotina do HPV em
homens e nem em outros sítios, como por exemplo na garganta.
Há alguns anos foram
desenvolvidas vacinas para a prevenção contra o HPV. Elas induzem uma resposta
imune bastante potente capaz de evitar a infecção pelo vírus e reduzir de
maneira significativa os casos de verrugas genitais e de cânceres associados ao
HPV. E isso, sem causar efeitos colaterais graves.
Esse efeito protetor,
no entanto, só é o ideal quando a vacinação é feita antes do primeiro contato
com o vírus, ou seja, antes do início da vida sexual. Por esse motivo, no
Brasil é recomendada pelo SUS a vacinação de meninas de 9 a 14 anos e de
meninos de 11 a 14 anos. Mas, apesar de gratuita, a cobertura da vacinação
completa ainda se encontra muito abaixo da desejada – 52,9% entre as meninas e
8% entre os meninos.
Em estudo recente,
realizado pelo Ministério da Saúde, com jovens entre 16 a 25 anos de idade, em
54,6% das meninas e 51,8% dos meninos foi encontrado algum tipo de HPV. Esse
estudo servirá de base para comparação com os próximos dados que serão coletados
em 2020. O objetivo é a demonstração da eficácia da vacinação, implementada no
Programa Nacional de Imunização desde 2014, na redução da prevalência de HPV.
Assim, com a vacina
temos pela primeira vez temos uma ferramenta de prevenção de fato eficaz contra
o HPV, e por isso já se pode imaginar um futuro em que o HPV deixará de ser uma
preocupação. Até lá, o plano é usar a camisinha o máximo que puder, ficar
atento às lesões que surgirem e perder o medo de aplicar a vacina nas crianças
e adolescentes.
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