Ainda com os
campeonatos paralisados em todo o país e ainda sem previsão de retorno, os
clubes de menor expressão do estado tem adotado medidas, não para contornar a
situação, mas para tentar sobreviver durante a crise causada pela pandemia. Na
semana passada, o Portal A TARDE iniciou, com a dupla Ba-Vi,
um especial sobre a atual situação das equipes da elite do futebol baiano.
Para dar prosseguimento
no projeto, vamos falar de duas equipes tradicionais da Bahia, responsáveis por
alimentar a paixão futebolística na segunda maior cidade do estado: Feira de
Santana. Em contato com os presidentes Jodilton Souza e Pastor Tom, de Bahia de
Feira e Fluminense de Feira, respectivamente, foram levantadas realidades
diferentes pelos clubes a respeito do enfrentamento da crise financeira gerada
pelo coronavírus.
"É uma situação
muito delicada, mas eu acredito que o futebol como um todo... Aquelas equipes
que andam bem organizadas, bem preparadas e com um projeto estruturado,
consegue suportar esse momento. Todos os atletas do Bahia de Feira tem contrato
até o final de 2021, então não temos dificuldades", garantiu Jodilton.
Questionado sobre como
o clube tem feito para manter essa situação favorável, enquanto muitas equipes
tem sofrido com a falta de apoio, o presidente do Tremendão detalhou parte do
planejamento financeiro adotado por ele e seu filho, Tiago Souza, presidente do
Conselho Deliberativo da equipe, no enfrentamento do problema.
"Todo início de
ano eu faço um planejamento financeiro e faço um aporte das empresas que nós
temos. A gente aporta um valor e o resto é complementando com patrocínios, e
esse ano teve a cota da Copa do Brasil. Então nosso orçamento é muito
organizado e ajustado, não tivemos problemas. Esse ano ainda tivemos uma
vantagem de receber a cota da CBF de R$ 120 mil que ajudou a completar o
caixa", explicou o presidente do Bahia de Feira.
Em uma situação mais
delicada, está o Fluminense de Feira, popularmente conhecido como Touro do
Sertão. De acordo com Tom, a premissa da sua gestão é passar a transparência ao
torcedor. Com isso, o cenário que antes da paralisação já não se encontrava
favorável, terminou se agravando ainda mais.
"Com essa problema
da pandemia, ficamos com um teto muito grande. Tínhamos uma dívida superior a
R$ 2 milhões em ações trabalhistas onde estávamos nos movimentando para honrar
os compromissos, mas acabamos naufragando com essas despesas [...] Conseguimos
rescindir com praticamente com 97% dos jogadores, porque não tinha como
mantermos o elenco. Até aqueles que tinham um compromisso, que podiam estourar,
tivemos que liberar por não ter condições de pagamento", revelou.
Situação dos elencos.
Praticamente sem
elenco, Pastor Tom ainda falou sobre como pretende estar reconstruindo o grupo
de jogadores em caso de retorno do estadual. "Primeiro que quando rescindi
com todos os jogadores, você tem liberdade de trazer quem quiser. O ideal seria
fazermos contratos rápidos de 30 dias é o mínimo que podemos fazer para estar
concluindo o campeonato".
Quando falado a
respeito do futebol, ambos presidentes convergem na expectativa de retorno para
a bola rolar nos gramados baianos. Segundo eles, a ideia é que essa retomada
ocorre próximo do final de junho ou início de junho. No entanto, quando isso
acontecer, a postura adotada por eles serão um pouco diferentes.
"O que estamos
imaginando é que a competição deve retomar dia 1º de julho. Retornando nesse
dia, dia 15 de junho já podemos nos apresentar. Atualmente, nosso plantel é
composto por 26 atletas, porque temos a Série D, o término do Baiano e tínhamos
também a Copa do Brasil", explicou Jodilton.
Por outro lado, o Flu
de Feira também afirmou ser a favor de concluir o Baianão, que faltavam apenas
duas rodadas para o encerramento da primeira fase, mas fez um apelo às
entidades estaduais de futebol e ao Governo Estadual, quanto ao auxílio das
equipes de menor poder financeiro. Outro fator determinante estava na briga da
equipe pelo G-4 do torneio, que garante vaga para a Série D em 2021.
"Sou a favor da
volta do Baianão, mas a Federação Baiana (FBF) vai ter que ajudar e o Governo
do Estado também, não podemos ficar prejudicados. Eu vou brigar pela classificação
no próximo ano, porque estou entre os quatro primeiros. Então automaticamente
teríamos a Série D em 2021 e a Copa do Brasil, isso eu não abro mão" ,
disse Tom.
Enquanto isso, Jodilton
contou que segue na expectativa pela volta das partidas de futebol e que já
adotou um protocolo médico para o grupo de jogadores, pensando no retorno. Além
do Baianão, o Bahia de Feira ainda irá disputar a Série D esse ano e, como a
equipe dispõe de uma estrutura própria, contornar a situação indesejada ficou
um pouco menos complicada.
"Como temos um
hospital no grupo nosso, e o diretor médico desse hospital é o mesmo diretor
médico do Bahia de Feira, já fizemos um protocolo para quando a equipe voltar
[...] Temos nossa estrutura própria, como Centro de Treinamento e estádio,
então isso ajuda bastante e os parceiros do clube também continuaram conosco,
por conta da boa relação que temos", afirmou.
Equipes na temporada
2020.
Após a excelente
campanha no Baianão de 2019 - quando a equipe ficou em segundo lugar, perdendo
para o xará da capital - o Bahia de Feira vivia a expectativa de disputar a
Série D em 2020. O torneio iria se iniciar no dia 3 de maio e o Tremendão
estava no grupo A6, junto com: Atlético de Alagoinhas, Caldense-MG, Gama-DF,
Palmas-TO, Tupynambás-MG, Villa Nova-MG e um adversário que ainda seria
definido.
No Baianão, o Bahia de
Feira também era candidato direto na briga por uma vaga na segunda fase. Antes
da paralisação, a equipe se encontrava na terceiro colocação com 11 pontos, a
frente inclusive do Vitória, no quesito de saldo de gols.
Com apenas dois pontos
de distância para o Leão da Barra, primeira equipe dentro do G-4, e faltando
seis pontos para serem disputados, o Fluminense de Feira estava lutando por uma
vaga na segunda fase do estadual. Caso conseguisse, o time teria grandes
chances de disputar a quarta divisão do Campeonato Brasileiro na temporada
seguinte. No entanto, para 2019, o Touro do Sertão não tem mais calendário após
o fim do Baianão.
***
Sob supervisão da editora Keyla Pereira.
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