Presente no café,
no chá-verde,
no chocolate, em refrigerantes, energéticos e suplementos para atletas, a cafeína
é uma substância segura e muito consumida no dia a dia devido ao seu poder
estimulante. No entanto, o composto também pode gerar irritação, prejudicar o
sono, alterar os batimentos e causar danos sérios ao organismo. Por isso, como
qualquer estimulante, não deve ser ingerida em excesso.
E um relatório
publicado no periódico científico BMJ Case Reports mostra
o quão perigoso pode ser ingerir altas doses de cafeína. O artigo relata o caso
de uma mulher inglesa, de 26 anos, que foi internada na UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) após consumir intencionalmente 20 g de pó de cafeína
"pura" —quantidade equivalente a beber cerca de 50 xícaras de café de
uma só vez. Para pessoas saudáveis, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
considera seguro o consumo diário de até 400 mg de cafeína (ou cinco xícaras de
café).
Segundo o FDA (Food
and Drugs Association) uma dose de 1 a 2 gramas da substâncias já pode
causar uma intoxicação grave no organismo, gerando efeitos como taquicardia,
desorientação, alucinações e quebra do tecido muscular. Já quantidades próximas
a 5 g podem levar à morte.
Quando chegou ao
hospital, a paciente inglesa apresentava frequência cardíaca em repouso elevada
(109 batimentos por minuto), pressão arterial baixa, palpitações e dificuldade
para respirar. Um eletrocardiograma detectou que ela sofria de taquicardia
ventricular polimórfica, enquanto outros exames identificaram acidose
metabólica, um grave distúrbio eletrolítico no qual o ácido se acumula no corpo.
Após receber
eletrólitos, a acidose continuou e a mulher foi transferida para a UTI. Lá, foi
sedada e precisou usar um respirador mecânico. Ela ainda recebeu carvão
ativado, substância que se liga a toxinas no intestino, para impedir que mais
cafeína fosse absorvida e lançada na corrente sanguínea.
A paciente inglesa, que
não teve seu nome revelado, deixou a UTI após uma semana e recuperou-se bem sob
os cuidados de uma equipe psiquiátrica. Segundo os médicos, a mulher "teve
sorte de sobreviver e isso aconteceu por ela ter sido socorrida rapidamente,
pois seu exame de sangue mostrou que o nível de cafeína no organismo era de
147,1 mg/L, muito acima dos 80 mg/L que já foram observados em casos fatais de
ingestão do estimulante."
Após o caso, a mulher e
sua família relataram estar chocados com a facilidade e o baixo custo para
comprar uma substância tão perigosa. "Adquiri 1 kg de pó de cafeína 'pura'
em um site. Paguei 29,99 libras (cerca de R$ 200) e entregaram no dia
seguinte", relatou a paciente. No Brasil, o pó de cafeína não é
comercializado para o público final e suplementos com a substância podem
conter, no máximo, 200 mg por dose.
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