quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ARTE COMO FORMA DE CURA...

FONTE: Lucy Andrade (TRIBUNA DA BAHIA).

Os distúrbios de comportamento e de aprendizado, estresse, depressão, ansiedade, problemas psicológicos e mentais, tratados habitualmente em clínicas e consultórios psiquiátricos e psicológicos, também podem ser tratados pela arte, de uma forma mais leve e prazerosa, através da Arteterapia. Método ainda pouco conhecido, mas que tem se tornado um grande aliado no tratamento da saúde psíquica. O tratamento é realizado em clínicas, porém em um ambiente lúdico, onde é explorada a expressão não verbal, através do teatro, pintura, modelagem, música, dança, e outras formas de comunicação.A técnica já foi explorada na novela Caminho das Índias, na clínica psiquiátrica de doutor Castanho, porém o tratamento foi associado com a psiquiatria. Na clínica, os pacientes eram estimulados a entrar no mundo lúdico e “extravasar” suas emoções – quem assistiu à novela se recorda dos internos, cantando, pintando, e escrevendo poema, entre outras atividades.
A arteterapeuta junguiana Lívia Mendonça explicou que o tratamento pode ser associado com a Psicologia e Psiquiatria, e diz que muitas vezes o problema pode ser resolvido apenas com a Arteterapia e sem a necessidade do uso de remédios. A terapia é feita em sessões individuais ou em grupos, onde são realizados trabalhos de pintura, modelagem, bordado, corte e costura, desenho, música, teatro, dança, entre outros. “A arte funciona como um excelente antidepressivo, em que o paciente tem a possibilidade de criar um produto e isso é o oposto da depressão, pois trabalhamos a expressão, a composição. O tratamento é incrível, o especialista consegue ver os conflitos, medos, angústia, nas produções”, explicou a arteterapeuta.
Lívia Mendonça disse que a Arteterapia é um processo terapêutico que se utiliza da arte como recurso para mobilizar os conteúdos inconscientes, que muitas vezes estão bloqueados, “A arte é uma ponte importante entre inconsciente e consciente à medida que traz à tona conflitos internos que estão no subconsciente e que são expressados através dos símbolos transcritos nas produções. Esses sinais fornecem a resolução e transformação desses conflitos”.
“O tratamento tem resultados incríveis. Às vezes a família confunde os sintomas.Atendi uma menina que segundo a mãe dizia estava com depressão. No decorrer da terapia, foi constado que a adolescente tinha bloqueios emocionais por ser muito dependente da família. A cada arte produzida era visível a recuperação dela, e hoje ela está ótima, realizando tudo aquilo que antes pensava ser impossível. A mandala é uma das melhores formas de perceber os conflitos”, emocionou-se a especialista.
A técnica é utilizada em todas as idades e para diversos tipos de problemas como distúrbios psicológicos, depressão, estresse, ansiedade e até conflitos de relacionamentos e nos ambiente de trabalho. Conforme a especialista, no seguimento empresa, a prática tem se tornado um forte aliado na resolução de conflitos, integração de equipes e desenvolvimento do potencial criativo, estimulando a autonomia e resgatando a autoestima.
Segundo a especialista, no caso dos problemas de relacionamento, como no ambiente de trabalho, por exemplo, onde a raiva fica contida, ela costuma trabalhar com massas de modelagem ou argila, que vai tomando forma e sentido de uma maneira que acaba surpreendendo as pessoas com o que são capazes de criar, e isso ajuda a elevar a autoestima e aliviar o estresse.
A Arteterapia como tratamento terapêutico surgiu na Europa e Estados Unidos, após a II Guerra Mundial, quando havia um grande número de pessoas mutiladas, com problemas físicos e psíquicos, que não respondiam às formas convencionais de tratamento. No Brasil, a técnica tem como precursora a psiquiatra Nise da Silveira, que nas buscas de formas humanas no tratamento de seus pacientes, introduziu a pintura, modelagem e xilogravura. Contudo, apenas em 1999 foi criada a associação de Arteterapia.

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