segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DIVAGAÇÕES...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Posso não ter sido suficientemente claro nos meus últimos comentários acerca das motivações políticas que levaram o governo desencadear o que podemos chamar de operação Agerba, ao invés de “Operação Expresso”, e que tocou fundo no âmago do PMDB baiano. Tenho recebido e-mails contra e a favor às opiniões emitidas neste espaço. As correspondências eletrônicas que vêm assinadas faço questão de respondê-las, independentemente do seu conteúdo. Entretanto, várias delas são apócrifas e não merecem, portanto, qualquer tipo de respeito. Tenho nojo dos covardes anônimos, prática digna dos capachos dos poderosos de plantão.
Precisava fazer esse registro mesmo que me servindo apenas de um desabafo pessoal. Talvez no afã de dizer muita coisa em poucas palavras tenha tropeçado em explicações mais detalhadas e deixado brechas para interpretações precipitadas por parte do eleitor. Em se tratando do episódio Agerba, reafirmo que o PMDB caiu numa armadilha política, já que, através dos vários meios que dispõe, inclusive junto à parte da imprensa, o governo, inteligentemente, passou à impressão à opinião pública de que as tentativas de suborno a empresários de ônibus intermunicipais não foram um fato isolado. O escândalo só valia a pena eclodir à medida que, direta ou indiretamente, envolvesse o ministro Geddel Vieira Lima, adversário de Wagner e Paulo Souto em 2010. Não fosse assim a brincadeira não teria graça.
Ora, Ondina admite que conhecia o esquema fraudulento da Agerba. Qual seria a atitude a tomar? Afastar sua direção depois de apurados os fatos e incrimina-la judicialmente - corruptos e os corruptores. Ponto final. Não é porque, por exemplo, duas petistas – Aglaé Souza e Tânia Pedroso –, ambos ligadas ao PT baiano, são acusadas de mandantes do assassinato do servidor Neylton, há mais de dois anos, nas dependências da Secretaria Municipal de Saúde, que seremos levianos e supor ou imaginar que todos os petistas desta terra são também co-partícipes de um homicídio, inclusive o governador. Sob nenhuma condição diremos que a cúpula nacional do PT, incluso aí o presidente Lula, tem responsabilidades nas mortes dos ex-prefeitos Tonho e Zeca do PT, em São Paulo. Também não se pode dizer que é crime donos de coletivos de Salvador se uniram para eleger um vereador petista à Câmara Municipal. Se o leitor me entende, meu desejo é apenas deixar claro que não se deveria transformar um episódio com características meramente policiais dando-lhe um caráter político.
Como diria o mestre e mensaleiro José Genoino, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Meu sentimento é de que haverá desdobramentos nessa questão da Agerba. O PMDB estaria disposto a revidar o constrangimento e o mal estar que por ora o atinge. Pessoalmente sou contra o espírito de vingança. Acho que o tempo, senhor da razão, nos mostrará o caminho da verdade. No mais, essa história de grampo (legal ou não) é simplesmente o renascimento do fascismo. Quem é judeu sabe mais do que ninguém sobre o que os fascistas são capazes.

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