quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OPERAÇÃO DESASTROSA...

FONTE: JANIO LOPO (TRIBUNA DA BAHIA).

O paciente encontra-se em estado terminal. Chega o padre para a extrema unção, o abençoa pelos pecados em vida e convida, com voz chorosa, o marimbundo a abrir o peito e contar todo o miserê praticado durante sua passagem na Terra. O infeliz, próximo ao último suspiro, faz confidências inacreditáveis, a ponto de o religioso se desfazer da batina antes que o suor provocado pelas revelações fechasse de vez seus poros e travasse definitivamente as palavras que emanariam de sua garganta. O sacerdote, no entanto, está curioso. Quer ouvir o relato até o fim. Mas, quando o doente resolve entrar nos pormenores, é tomado por um estranho abafamento que paralisa as batidas cardíacas e a respiração. Morreu levando consigo a chave do mistério. Desconfio que o desgraçado foi premiado com um bilhete com direito às chamas do inferno.
Não sei o leitor, mas daria uma das mãos para saber o segredo tão bem guardado, mas não verbalizado pelo agora defunto, mesmo nos instantes finais de seus dias. Não estou pirado. Porém, sinto a mesma sensação quando leio e releio (e escrevo) sobre as prisões na Agerba, incluindo a do seu ex-diretor-geral Antonio Lomanto Netto e empresários do setor de transporte intermunicipal. Há um elo perdido nessa corrente montada provavelmente nos porões políticos do governo do Estado e destrambelhadamente executada sob o nada sugestivo nome de “Operação Expresso”. Apresso-me a informar que o camarada Gil ( “começou a circular o expresso 2222”...) nada tem a ver com anda. Não discuto se houve ou se não houve suborno. Aliás, é interessante que supostos tubarões sejam alvos da ação policial militar, cuja corporação está acostumada a correr atrás de bagres magricelos e indefesos, mas sem know how para fisgar peixe graúdo.
Vou ser curto e grosso: falta dizer ao público, com todas as letras, como eu tenho tentado, que a tal operação tem contornos políticos incontestáveis. Ela perde a sua importância ética e moral à medida que o foco foi eminentemente no sentido de trucidar um inimigo do Palácio de Ondina. Há informações mais desencontradas que bêbedo trôpego perdido em tiroteio de filme de faroeste americano. Exemplos: O Ministério Público diz que apura o hipotético crime há três anos. Já a Secretaria de Segurança Pública diz estar de campana há cinco meses. Outra fonte oficial garante que são sete meses. Aí vem algum iluminado e assegura que foi uma denúncia anônima que fez ruir o castelo possivelmente montado na Agerba. Vocês acreditam? Eu não. O Comando de Operações Especiais grampeou os telefones dos ditos envolvidos nas irregularidades, com a autorização da Justiça. O PT deve ter adorado.
O mesmo PT, aliás, que rodou baiana também quando seus membros e outros de outros partidos, como o ministro Geddel Vieira Lima, foram grampeados por determinação atribuída ao falecido senador ACM. Não são práticas iguais, embora os discursos sejam diferentes? Tem mais, muito mais para comentar. O espaço é curto. Mas vamos abordar irregularidades aparentemente gritantes, já denunciadas inclusive por mim, como a farra na Bahiagás. Minha impressão é de que orquestraram ações políticas para engolirem o PMDB, mas esqueceram de combinar com o maestro. Daí tanta trapalhada e declarações desencontradas, inclusive do próprio Wagner.

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