FONTE: Yuri Abreu, TRIBUNA DA BAHIA.
A cada
15 dias, uma pessoa morre após sentir-se mal ao fazer exercícios em academias
de todo o Brasil, segundo dados do presidente do Conselho Regional de Educação
Física (CREF 13 BA/SE), Paulo César Lima . A morte de Jussara de Jesus Ribeiro,
de 43 anos, em um espaço esportivo localizado no bairro de Águas Claras, em
Salvador, na manhã da última terça-feira, reacende uma discussão sobre os
limites do exercício físico para pessoas que sofrem de problemas cardíacos ou
de diabetes, por exemplo. No caso de Jussara, ela sofria de hipertensão, mas,
na ficha que preencheu antes de entrar na academia, nada foi informado.
No
entanto, de acordo com o presidente, apenas no estado de São Paulo existe uma
legislação específica que exige do aluno, antes de entrar na academia, que
tenha o exame médico em mãos antes de praticar os exercícios. “O que
recomendamos aqui é que seja feita uma anamnese onde o especialista levanta
todo o histórico clínico de quem ele vai atender. E se o médico detectar que
tem algum histórico de doenças, ou problema de saúde, deve pedir o exame para
fazer a avaliação”, disse ele.
Por
outro lado, apesar de não ser obrigatório, Lima acredita que a exigência do
exame deveria ser feita, “para que a gente possa colocar as pessoas em
atividade física de forma a que ela não venha a ter riscos”. Além disso, ele
isentou a academia onde aconteceu o acidente, que faz parte das mais de duas
mil que existem no estado. “Se trata de uma academia regular com profissionais
devidamente registrados no conselho”, contou.
Com os
devidos registros apresentados no exame, se a pessoa tem qualquer tipo de
doença, o instrutor, a partir daí, terá condições de passar uma rotina de
exercícios de acordo com a realidade de cada aluno. Mas, a academia terá
responsabilidade se não pedir o atestado e permitir que a pessoa inicie a série
de exercícios mesmo assim. “Elas podem responder a processo ético e até
criminalmente, por que estão atendendo uma pessoa que teria que passar por uma
bateria de exames antes de praticar a atividade física”, falou Lima.
O CREF
realiza, constantemente, fiscalizações nas academias com o objetivo de
verificar a situação dos instrutores – se estão ou não aptos a trabalhar e tem
o registro profissional –, e se o estabelecimento tem o credenciamento para
trabalhar no ramo. Porém, destacou que o número de academias existentes no
estado dificulta a ação do Conselho no dia-a-dia. Além disso, são mais de 12
mil profissionais registrados, sendo pouco mais de 10 mil na Bahia. Mas
uma coisa chama a atenção, principalmente nas academias do interior. Segundo
Lima, mais de 80% dos instrutores são formados na licenciatura e não no
bacharelado, o que os não os habilita a atuar nestes espaços esportivos. “Eles
só estão atuando ainda por conta de uma sentença judicial. Mas para as pessoas
que são atendidas por eles, isso acaba se tornando um risco, já que estes
profissionais não estão preparados para exercer tal atividade em academias,
apenas em escolas”, alertou.
Alunos de academias correm perigo ao omitir doenças.
Para se
evitar quaisquer problemas, já que a atividade física é recomendada para
pessoas de qualquer idade, desde que cada um respeite o seu limite,
especialistas afirmam que, muitas vezes, por algum tipo de receio, os alunos
acabam assumindo a responsabilidade e um grande risco ao não informar, aos
instrutores, problemas de saúde que possam impedi-lo de realizar qualquer
atividade física.
“As pessoas não podem sair de uma vida sedentária, qualquer
que seja a faixa etária, e logo procurar uma academia sem qualquer tipo de
informação sobre os benefícios do exercício, sem qualquer avaliação médica,
onde poderão ser detectadas doenças como arritmia, hipertensão ou outros
problemas que vão ajudar o especialista a dizer ao paciente qual o nível de
exercício ao qual ele pode ser submetido”, comentou o médico cardiologista,
Jadelson Andrade.
Além os exames, as academias devem ter uma ficha onde o aluno deve preencher algumas informações relativas ao seu estado de saúde. “Isso vai ajudar o instrutor a definir qual a melhor série de exercícios para cada aluno e a progressão que ele terá para atingir o objetivo definido. Aos que tiveram problemas como infarto ou AVC, por exemplo, o tratamento será diferenciado”, destacou Andrade, que isentou de culpa os espaços esportivos pelo fato de alguns alunos não informarem ter qualquer tipo de doença que pode gerar maiores consequências posteriormente. “O que a academia deve prover é uma situação de segurança para qualquer eventualidade, uma estrutura mínima de socorro. Além disso, ela deve ter instrutores qualificados no sentido de orientar o melhor exercício e vigiar o nível de esforço que os alunos estão fazendo”, salientou.
Academias exigem avaliação.
Pensando no bem-estar de seus alunos, algumas academias de Salvador, além de exigir a avaliação médica aos que querem praticar atividade física, já dispõem de equipes multidisciplinares para atendê-los. É o caso da academia Sports Authority que, em Salvador, é dirigida pelo empresário Julião Castello, que atua há mais de 25 anos no ramo e tem uma equipe composta por médico, nutricionista, fisioterapeuta e outros profissionais. “Com isso, você minimiza bastante os riscos”, disse ele.
Pensando no bem-estar de seus alunos, algumas academias de Salvador, além de exigir a avaliação médica aos que querem praticar atividade física, já dispõem de equipes multidisciplinares para atendê-los. É o caso da academia Sports Authority que, em Salvador, é dirigida pelo empresário Julião Castello, que atua há mais de 25 anos no ramo e tem uma equipe composta por médico, nutricionista, fisioterapeuta e outros profissionais. “Com isso, você minimiza bastante os riscos”, disse ele.
Segundo
Castello, a maioria das academias tem um procedimento criterioso de avaliação,
o que leva a crer que muitos acidentes, como o que vitimou Jussara, possam ser
evitados. “O segredo é trabalhar de forma multidisciplinar, tanto com médicos,
quanto com professores e outro especialistas para que a situação seja a ideal,
tomando os devidos cuidados”, contou. O artista plástico, Aldo Mendonça, após
fazer duas cirurgias de safena e sofrer de diabetes resolveu frenquentar a
academia com o objetivo de melhorar a saúde. “Eles pediram todos os exames e
prontamente fui fazer. Também melhorei bastante a minha alimentação”, falou.
Além da questão estética, a aposentada, Lúcia Gordilho, procurou o espaço
esportivo visando justamente prevenir eventuais doenças. “Vim por que quero ter
uma melhor qualidade de vida. Antes, fui ao cardiologista que fiz todos os
exames possíveis. A prevenção nesses casos é muito importante”, narrou.
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