FONTE: Agência Câmara, TRIBUNA DA BAHIA.
Anuário da Educação Básica, apresentado à Comissão
de Educação, também mostra que apenas 9% dos alunos sabem matemática
adequadamente ao fim do ensino médio.
A
diretora executiva da entidade da sociedade civil Todos pela Educação, Priscila
Cruz, informou, nesta quarta-feira (4/11), que mais da metade das crianças
permanecem analfabetas ao fim do 3º ano do ensino fundamental.
Ela
apresentou à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados dados do Anuário
Brasileiro da Educação Básica de 2015. Este é a quarta edição do anuário e a
primeira após a promulgação do Plano Nacional de Educação (PNE – Lei
13.005/14), sancionado em junho de 2014.
“O que
está acontecendo no Brasil é que as crianças que frequentam a escola não estão
se alfabetizando. Sem alfabetização, não há aprendizagem mais pra frente. É
muito difícil recuperar esse aluno depois. O direito básico à alfabetização
está sendo negado a essas crianças”, afirmou Priscila.
Para
ela, um dos fatores que gera isso é a má formação dos professores. “Não existe
educação de qualidade sem professores de qualidade”, disse.
A
diretora defendeu o aumento dos salários dos professores, para que os melhores
alunos do ensino médio possam ser atraídos para a carreira de docente. “Hoje os
bons alunos são desencorajados para seguir essa carreira”, ressaltou.
Segundo
Priscila, outro dado alarmante contido no anuário é o de que apenas 9% dos
alunos do 3º ano do ensino médio têm aprendizado adequado de matemática.
“Não é
à toa que esses jovens têm dificuldades de entrar no mercado de trabalho. O
sistema de educação não está preparando esses jovens para a vida, para o
mercado de trabalho e para o século XXI”, salientou.
Prioridades.
Conforme a diretora do Todos pela Educação, o Congresso Nacional deve se
debruçar sobre dois temas fundamentais: a alfabetização e a reformulação do
ensino médio.
“Talvez
esta seja a maior jabuticaba do Brasil: o ensino médio. O Brasil é o único país
que eu tenho conhecimento que tem um único currículo de ensino médio”, disse.
Para ela, a falta de diferenciação de currículos, de acordo com as diferentes
vocações dos estudantes, gera alunos desmotivados.
O
deputado Alex Canziani (PTB-PR) concorda que esses dois temas são prioritários,
além da qualificação dos professores.
O
deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que pediu a reunião, também acredita ser
essencial estabelecer prioridades entre as 20 metas do PNE. “O Brasil não é um
país rico. Então, a gente tem que dar foco no ensino infantil e no primeiro
ciclo do ensino fundamental, principalmente em matemática e português”,
afirmou.
Marinho
observou ainda que é preciso transformar os dados apresentados em políticas
efetivas: “Se nós sabemos que a metodologia de ensino passada aos nossos
professores nas universidades não está permitindo a formação de professores
capazes de responder ao desafio da alfabetizar as crianças na idade adequada,
temos que modificar o currículo de formação. E temos que fazer que a carreira
estruturada seja atrativa para os jovens.”
Financiamento.
A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) destacou que a área de
educação é a que tem mais cortes no Orçamento. “O País tem que assumir que a
educação é prioridade. Tem que fazer cortes em outras áreas”, opinou.
“Dizer
que o lema deste governo é Pátria Educadora é hipocrisia, isso é só discurso”,
acrescentou o deputado Izalci (PSDB-DF). De acordo com o parlamentar, o Plano
Plurianual (PPA 2016-2019) é incompatível com esse lema.
Priscila
Cruz afirmou que o investimento por aluno do ensino médio dobrou nos últimos 10
anos. Porém, na visão dela, os recursos a mais que estão sendo investidos não
estão sendo revertidos em um ensino melhor para os alunos. Para ela, essa
melhora só vai acontecer com o redesenho do ensino médio.
Na
Câmara, aguarda votação pelo Plenário proposta de reformulação do ensino médio
(PL 6840/13), que foi aprovada por comissão especial no ano passado.
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