FONTE: Wagner Carvalho, Colaboração para o UOL, em Bauru (SP), (noticias.uol.com.br).
Sabe aquela história
de que o plástico leva no mínimo 100 anos para se decompor na natureza? Com um
material produzido à base de açúcares e desenvolvido pela Embrapa
Instrumentação localizada em São Carlos, a 238 km de São Paulo, esse tempo cai
para no máximo 30 dias.
Sem utilizar aditivos
químicos, o tempo para a produção desse novo material também foi reduzido.
Antes era necessário ao menos 24 horas para a produção do tradicional material
sintético, mas com a nova técnica isso acontece em um processo de apenas 6
minutos. São películas finas, resistentes e biodegradáveis feitas à base de
substâncias naturais provenientes da agricultura e da agroindústria brasileira.
Esses materiais
atóxicos poderão em breve ser usados para transportar compras de supermercados
ou para empacotar biscoitos, chocolates, balas, entre outros produtos
alimentícios. O produto é resultado de uma pesquisa desenvolvida no Laboratório
de Nanotecnologia da Embrapa.
De acordo com o
engenheiro de alimentos Francys Moreira, pós-doutorando e responsável pela
pesquisa, essa técnica verde, batizada de casting contínuo, é possível fabricar
folhas de plástico biodegradável em larga escala, com a transformação de
formulações aquosas de substâncias naturais (como o amido e o colágeno) em
películas finas de alta transparência.
Moreira adianta que é
possível ainda usar outras proteínas ou qualquer outro tipo de polissacarídeo.
Ele cita a quitosana, encontrado no esqueleto de frutos do mar, ou até mesmo
amidos de diferentes fontes como o de mandioca, derivados de celulose e outras
substâncias extraídas de coprodutos do beneficiamento de frutas.
O processo
convencional para a produção do plástico comercial emprega aditivos para
facilitar o processamento. "Nossa técnica permite a obtenção de películas
de proteínas e polissacarídeos, qualquer um deles, de forma muito mais rápida
do que qualquer outra técnica conhecida. São seis minutos contra dias, que são
gastos pelos métodos convencionais de fabricação", afirma.
O coordenador do
estudo, Luiz Henrique Mattoso explica que o produto é produzido com
polissacarídeos, moléculas de açúcares. De acordo com ele a fabricação é mais
econômica porque utiliza temperatura e pressões menores do que os sintéticos
economizando energia.
O processo casting
contínuo é inédito no mundo na preparação desse tipo de materiais. Conforme
explica Moreira, há um potencial enorme para o emprego da técnica na produção
de filmes plásticos biodegradáveis para embalagens de alimentos a partir de materiais
naturais ou coprodutos do agronegócio brasileiro.
O amido é apontado
como uma promessa no setor mundial de plásticos biodegradáveis. Além da
biodegradabilidade e do baixo custo de produção, o amido pode ser utilizado
para produção de sacos de lixo e outros produtos descartáveis.
Mercado.
O material produzido
pela Embrapa já despertou o interesse de algumas empresas e a expectativa é de
que esteja disponível no mercado em dois anos afirmam os pesquisadores. Moreira
e Matoso explicam que ainda há um caminho a ser percorrido para transformar a
pesquisa em produto, que envolve processos de transferência de tecnologia e
modelos de negócios a serem estabelecidos.
"Nesse momento,
o importante são os resultados obtidos pela pesquisa, como o domínio da técnica
em relação à produção de plásticos biodegradáveis, com controle de espessura
altamente preciso e com uma faixa extensa de propriedades mecânicas a partir de
qualquer tipo de polissacarídeo", finaliza Moreira.

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