Um estudo publicado na revista Science concluiu
que grandes doses de vitamina C conseguem matar as células tumorais de cânceres
colorretais portadores de determinadas mutações genéticas.
Os efeitos anticancerígenos da vitamina C têm gerado
controvérsia há décadas, mas agora os autores deste estudo, realizado através
de uma experiência in vitro e em ratos, sublinham que é possível aproveitar a
toxicidade seletiva da vitamina C (que poupa as células saudáveis) para
desenvolver novas terapias contra este e outros tipo de câncer.
No entanto, ele sublinha que “a única forma de se atingir
concentrações no [sangue] que sejam tóxicas para as células cancerosas é a via
endovenosa e não a via oral”.
Nas experiências agora realizadas, os cientistas
constataram que a injeção de grandes doses de vitamina C (mais ou menos
equivalentes ao conteúdo de 300 laranjas) perturba o crescimento dos tumores
colorretais com mutações num de dois genes designados por KRAS e BRAF. E isso
acontece tanto em culturas celulares (in vitro), como em ratinhos com tumores
colorretais portadores de uma dessas mutações.
As ditas mutações são muito frequentes nos cânceres
colorretais humanos e fazem com que sejam particularmente difíceis de tratar,
daí a importância das conclusões deste estudo.
“Mais de metade dos cancros colorretais humanos é
portadora de [uma destas duas] mutações”, que se tornam “habitualmente
refratários às terapias (…) aprovadas”, escrevem ainda os cientistas na
Science.
Neste estudo os cientistas foram ainda capazes de
desvendar o mecanismo responsável por este efeito da vitamina C nas células
tumorais. Explicando que este efeito se deve ao fato de a vitamina C induzir um
processo de oxidação naquelas células (devido ao seu efeito tóxico), ao mesmo
tempo que poupa as células saudáveis.
Explicam ainda que esta toxicidade seletiva se dá porque
as células cancerosas possuem, à sua superfície, quantidades muito superiores
de um receptor, chamado GLUT1, do que as células normais. Receptor que permite
normalmente a entrada de glicose nas células e também permite a entrada da
vitamina C oxidada.


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